Por João Florindo Batista Segundo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o capítulo I do livro
“O poder simbólico”, de Pierre Bordieu, o qual é fruto de uma conferência
apresentada na Universidade de Chicago, em 1973. Seu título é “Sobre o poder
simbólico”.
O autor procura demonstrar que o poder simbólico é invisível e
exercido via cumplicidade dos que lhe estão sujeitos e mesmo daqueles que não
querem saber que se encontram nessa situação.
As observações iniciais são dos teóricos que entendem os sistemas
simbólicos como “estruturas estruturantes”, resultantes de subjetividades e
consensos construídos ao longo da história e que constroem novas (kantianos e
neo-kantianos). Em seguida, descreve os que entendem os sistemas simbólicos
como “estruturas estruturadas”: ênfase no que já está estruturado (ex: a
língua, segundo Saussure).
É com este supedâneo que Bourdieu elabora uma primeira síntese, a
saber, que os sistemas simbólicos enquanto instrumentos de conhecimento e de
comunicação só exercem um poder estruturante porque são estruturados, no que os
símbolos auxiliarão como instrumentos de conhecimento e comunicação que tornam
possível a perpetuação da ordem social.
Agora corcernente às produções simbólicas enquanto “instrumentos de
dominação”, para Bordieu elas estão relacionadas com os interesses da classe hegemônica
e tal análise torna inteligível a existência de uma violência simbólica e
política que compõe a divisão do trabalho de dominação.
Logo, os sistemas simbólicos permitem a ocorrência de uma
integração real da classe dominante e uma integração fictícia da sociedade no
seu conjunto, pois o interesse de tal ordem é dissimulado.
Aqui, o autor traça uma segunda síntese, que reúne as três formas
como são vistos os sistemas simbólicos: a) estruturas estruturantes, b) estruturas
estruturadas e c) instrumentos de dominação. E a função deles é atuar
politicamente como instrumento de imposição ou legitimação da dominação de uma
classe, numa luta constante pelo monopólio da violência simbólica legítima (ex:
a escola, que usa seu poder para inculcar conhecimentos que servem aos
interesses do grupo dominante). Por outro lado, também se constata a luta pelo
poder dentro do próprio grupo dominante.
Já a reprodução da estrutura das classes sociais se dá de maneira irreconhecível
no campo da produção ideológica: ocorre nas lutas econômicas e políticas entre
as classes com fim de impor a ordem estabelecida como natural.
Bourdieu conclui que o poder simbólico é quase mágico e possibilita
auferir o mesmo que o obtido via força física ou econômica. Seu exercício se dá
pelo reconhecimento e sua aceitação como não arbitrário, com o diferencial de
possibilitar efeitos reais de reprodução sem gasto de energia. Enquanto não se
tomar consciência da arbitrariedade, o poder simbólico não será destituído. No
fim do capítulo, encontramos um quadro resumo sobre o poder simbólico, onde se
vê como são entendidos os instrumentos simbólicos.
REFERÊNCIA:
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Fernando Tomaz (trad.). Lisboa: Difel, 1989.
Disciplina: Pedagogia Simbólica.
O ser humano é o único ser que constrói simbologias. E não há dúvidas de que essa humanidade se vale de todos os recursos que possui em prol da dominação em benefício de si. Seja enquanto grupo cultural, enquanto classe social, enquanto gênero, enquanto individuo. Esse ser racional usa de todos os recursos de que dispõe a seu favor. Embora social por natureza, o humano busca incessantemente se impor sobre o outro, seja esse outro grupo ou indivíduo. E onde se insere então neste quadro o tão propalado bem estar social?!!!
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