Por João Florindo Batista Segundo
O presente trabalho versará sobre o capítulo 1 do livro “O fenômeno religioso: símbolos, mitos e ritos das religiões”,
de José Luis Vázquez Borau, intitulado “O símbolo e o ser humano”.
Para Borau, o símbolo é a imagem revestida de um sentido, ainda não
cristalizado, que não está pronto. A coletivização de um conjunto de símbolos
constitui um mito. Enquanto o mito se repete (cíclico), a historia, não. Logo,
a imagem é a sombra da imaginação e entre as duas situa-se o imaginário, reino
da fenomenologia, que existe e não existe.
O imaginário se articula pelo pensamento simbólico. Neste norte,
signo e símbolo são empregados indistintamente, certamente pela presença ao
âmbito da relação humana, quando na verdade o signo é visto de modo objetivo e
o símbolo, subjetivo. Assim, o signo é o amálgama de significante e
significado.
Uma coisa que leve ao conhecimento de outra é signo sob um código
de normas, ex: placas de trânsito. Já o símbolo conecta-nos a outra realidade,
mais profunda; logo, erroneamente considerado contrário ao real, irreal e
dispensável, postura equívoca, pois a transcendência está em todo lugar.
Podemos citar como exemplos da utlizaçao do símbolo:
a)
Na
literatura: Goethe, com o “Fausto”;
b)
Na
religião: Schleiermacher, com “Discurso sobre la religion”, “Monólogos”, “La fe
cristiana” etc.
c)
Na
linguística: Saussure;
d)
Na
filosofia da natureza: Dewey, com símbolo dividido entre o imposto e o
arbitrário;
e)
Na
filosofia da ciência: Nagel, quando diz que o símbolo é acontecimento de
caráter lingüístico adotado.
f)
Na
arte: Langer, quando diz que o símbolo é característica essencial da espécie
humana.
Uma vez que a função simbólica é condição de possibilidade do eu,
para o autor não há uma única hermenêutica ou um único método de interpretação
dos signos linguísticos. Exemplos:
a)
Freud,
símbolos como disfarces de desejos reprimidos;
b)
Eliade,
símbolos são a manifestação plena da hierofania;
c)
Ricoeur:
conflito das interpretações interpretação/ restauração;
d)
Marx,
Nietzsche e Freud: hermenêutica da suspeita, conduz a uma arqueologia do
sujeito que busca a identificação das ilusões da consciência para além dos
interesses ou motivações ocultos.
Assim, Borau considera que a consciência é o ponto de chegada da interpretação,
pois o eu não é um dado, mas um resultado. Logo, há dois grandes modelos de
estudo: a psicanálise de Freud (ontologia do sujeito, pelo confronto com as
ilusões e os mecanismos de ocultação) e a fenomenologia do espírito de Hegel (a
consciência adquire sentido por meio de uma progressão dialética).
No que concerne ao símbolo artístico e à alegoria, Borau afirma que
o primeiro adquire a sua significação plena quando se emancipa da alegoria,
pois é objeto sensível singular que é dado à sensibilidade e que é captado pelo
sujeito através da sua sensibilidade e sentimento particulares. Já a alegoria
detém duas ordens em correlação, uma ordem sensível e subordinação dos
elementos de um todo sensível a uma ordem de significações preestabelecidas. Lembrando
que o símbolo artístico se refere não ao transcendente, mas ao imanente. Deste
modo, a arte é simbólica enquanto o símbolo não esgota o seu conteúdo significativo;
quando esgota, deixa de ser simbólico, mas sim alegórico e não artístico.
Seguindo Cassirer, o autor defende que o homem é um animal
simbólico capaz de construir símbolos relacionados aos objetos sensíveis para
lhes conferir um sentido, de modo que o mundo é forma simbólica e não,
substância. Simbolizar é ordenar o mundo.
Para ele, a cultura humana constrói-se por meio de simbolizações em
três sistemas simbólicos fundamentais:
a)
o sistema dos mitos, correspondente à
função expressiva dos símbolos;
b)
o sistema da
linguagem comum, correspondente
à função intuitiva; e
c)
o sistema das ciências, correspondente à
função significativa.
REFERÊNCIA:
BORAU, José Luis Vázquez. O fenômeno religioso: símbolos,
mitos e ritos das religiões. São Paulo: Paulus, 2008.
Disciplina: Pedagogia Simbólica.
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