sábado, 4 de junho de 2022

O SÍMBOLO E O SER HUMANO

  



Por João Florindo Batista Segundo


O presente trabalho versará sobre o capítulo 1 do livro “O fenômeno religioso: símbolos, mitos e ritos das religiões”, de José Luis Vázquez Borau, intitulado “O símbolo e o ser humano”.

Para Borau, o símbolo é a imagem revestida de um sentido, ainda não cristalizado, que não está pronto. A coletivização de um conjunto de símbolos constitui um mito. Enquanto o mito se repete (cíclico), a historia, não. Logo, a imagem é a sombra da imaginação e entre as duas situa-se o imaginário, reino da fenomenologia, que existe e não existe.

O imaginário se articula pelo pensamento simbólico. Neste norte, signo e símbolo são empregados indistintamente, certamente pela presença ao âmbito da relação humana, quando na verdade o signo é visto de modo objetivo e o símbolo, subjetivo. Assim, o signo é o amálgama de significante e significado.

Uma coisa que leve ao conhecimento de outra é signo sob um código de normas, ex: placas de trânsito. Já o símbolo conecta-nos a outra realidade, mais profunda; logo, erroneamente considerado contrário ao real, irreal e dispensável, postura equívoca, pois a transcendência está em todo lugar.

Podemos citar como exemplos da utlizaçao do símbolo:

a)   Na literatura: Goethe, com o “Fausto”;

b)   Na religião: Schleiermacher, com “Discurso sobre la religion”, “Monólogos”, “La fe cristiana” etc.

c)   Na linguística: Saussure;

d)   Na filosofia da natureza: Dewey, com símbolo dividido entre o imposto e o arbitrário;

e)   Na filosofia da ciência: Nagel, quando diz que o símbolo é acontecimento de caráter lingüístico adotado.

f)     Na arte: Langer, quando diz que o símbolo é característica essencial da espécie humana.

Uma vez que a função simbólica é condição de possibilidade do eu, para o autor não há uma única hermenêutica ou um único método de interpretação dos signos linguísticos. Exemplos:

a)   Freud, símbolos como disfarces de desejos reprimidos;

b)   Eliade, símbolos são a manifestação plena da hierofania;

c)   Ricoeur: conflito das interpretações interpretação/ restauração;

d)   Marx, Nietzsche e Freud: hermenêutica da suspeita, conduz a uma arqueologia do sujeito que busca a identificação das ilusões da consciência para além dos interesses ou motivações ocultos.

Assim, Borau considera que a consciência é o ponto de chegada da interpretação, pois o eu não é um dado, mas um resultado. Logo, há dois grandes modelos de estudo: a psicanálise de Freud (ontologia do sujeito, pelo confronto com as ilusões e os mecanismos de ocultação) e a fenomenologia do espírito de Hegel (a consciência adquire sentido por meio de uma progressão dialética).

No que concerne ao símbolo artístico e à alegoria, Borau afirma que o primeiro adquire a sua significação plena quando se emancipa da alegoria, pois é objeto sensível singular que é dado à sensibilidade e que é captado pelo sujeito através da sua sensibilidade e sentimento particulares. Já a alegoria detém duas ordens em correlação, uma ordem sensível e subordinação dos elementos de um todo sensível a uma ordem de significações preestabelecidas. Lembrando que o símbolo artístico se refere não ao transcendente, mas ao imanente. Deste modo, a arte é simbólica enquanto o símbolo não esgota o seu conteúdo significativo; quando esgota, deixa de ser simbólico, mas sim alegórico e não artístico.

Seguindo Cassirer, o autor defende que o homem é um animal simbólico capaz de construir símbolos relacionados aos objetos sensíveis para lhes conferir um sentido, de modo que o mundo é forma simbólica e não, substância. Simbolizar é ordenar o mundo.

Para ele, a cultura humana constrói-se por meio de simbolizações em três sistemas simbólicos fundamentais:

a)   o sistema dos mitos, correspondente à função expressiva  dos símbolos;

b)   o sistema da  linguagem comum, correspondente  à função intuitiva; e

c)   o sistema das ciências, correspondente à função significativa.

 

REFERÊNCIA:

BORAU, José Luis Vázquez. O fenômeno religioso: símbolos, mitos e ritos das religiões. São Paulo: Paulus, 2008.


Disciplina: Pedagogia Simbólica.

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