Por João Florindo Batista Segundo
O presente trabalho versará sobre o capítulo 1 do livro “O homem e
seus símbolos”, do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl G. Jung (1875-1961), intitulado
“Chegando ao inconsciente”, o primeiro dos cinco capítulos nos quais a obra foi
dividida. Este foi o último livro escrito e organizado por ele, que faleceu
antes de conclui-la, sendo finalizada por seus colaboradores. Sua escrita é
acessível a qualquer pessoa, sem a necessidade de conhecimentos prévios na área,
de modo que os temas abordados são de fácil compreensão, o que auxilia o leitor
a realizar autoanálise de seus sonhos. Rico em ilustrações, trata da
importância das diversas formas de manifestação do inconsciente, transcendendo
o reducionismo racionalista das modernas ciências.
Observa-se preliminarmente a importância dos sonhos como supedâneo
à produção inconsciente dos símbolos; neste norte, apresenta o termo anima como elemento feminino no homem e
o animus como o representante deste
na mulher, bem como trata das questões metafísicas presentes nos sonhos e a sua
função como principal fonte de comunicação entre o consciente e inconsciente,
de modo que a a simbologia é o principal meio de ligação entre eles.
Jung levou o estudo do sonho a um nível mais alto que Freud: para
aquele, é sempre um despertar do inconsciente em que formas não conscientes
emergem. As imagens primitivas eram relevantes, uma vez que eram observadas em
todo lugar: o que para pacientes europeus e esclarecidos era motivo de espanto,
para os homens “primitivos” (com os quais ele conviveu na África) era algo
natural. Isso levou Jung a considerar o sonho como “um sopro da natureza”, pois
a mente não é uma “folha em branco”, mas, sim, um reservatório de imagens
coletivas acumuladas desde priscas eras. Fundamenta-se o seu conceito de arquétipo: modelos que se repetem com
diferentes variações através dos tempos, derivados dos sonhos e da mitologia.
Logo, Jung demonstrava a seus pacientes angustiados com sonhos que estes nada
mais eram que a ocorrência no mundo atual de imagens arquetípicas do passado da
humanidade.
Segundo Jung, os antigos espíritos que tomavam posse do homem
primitivo são forças do irracional ainda fora do controle da consciência e que
ainda existem neste mesmo estado. Por terem sido reprimidos, esses elementos do
consciente são perigosos ao se apresentarem como inconscientes.
Jung labora sobre a busca do homem pelo significado dos sonhos e dos
símbolos religiosos, o que em parte explica a transcendentalidade da humanidade.
Tal jornada se dá porque o homem não consegue viver sem significado para sua
existência. Para ele, só ao reconhecer a existência de imagens herdadas de seus
ancestrais é que o homem pode compreender o funcionamento de sua psique, vez
que nem todos os símbolos nos são legados pela experiência sensível.
Encerra o capítulo enfatizando a necessidade do homem ser
responsável pelas suas atitudes e pelo seu autodesenvolvimento, apesar de nossa
limitada capacidade de resposta aos mistérios da vida. E deixa o estudo do simbolismo
individual como uma tarefa em aberto, a ser estudada e aprimorada, mas jamais
encerrada, face à dinamicidade do homem.
A leitura é agradável e útil a todos os interessados em ampliar
seus conhecimentos em relação à elaboração simbólica, à arte e ao
desenvolvimento integral dos indivíduos. Jung conduz brilhantemente o leitor às
suas ideias sobre símbolos e sobre a influência dos sonhos como produto do
inconsciente para ajustar o self do
indivíduo.
REFERÊNCIA:
JUNG, Karl
Gustav. O homem e seus símbolos. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
Disciplina: Pedagogia Simbólica.
Sim, creio que somente se nos apartarmos do racionalismo e nos reconectar com nossa ancestralidade transcendental é que nos sintonizaremos com a busca pelo bem estar de toda a nossa sociedade.
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