domingo, 29 de março de 2020

DA AMIZADE




Sigalovada Sutta é o 31º Sutta descrito no Digha Nikaya. É o Código de Disciplina para a Pessoa Leiga.


TRECHO DE “OS DEVERES: SIGALOVADA – SUTTA”

Por Sidarta Gautama

Há quatro categorias de amigos que devem ser considerados como inimigos: aquele que tira proveito do seu amigo, aquele que promete só em palavras, aquele que adula, aquele que causa a ruína.
Há quatro maneiras segundo a qual aquele que aproveita do seu amigo, deve ser considerado agindo como inimigo: apodera-se da for­tuna do seu amigo, espera muito em troca de pouco, faz seu dever só por temor, é amigo só pelo próprio interesse.
Há quatro maneiras pelas quais aquele que presta serviço só com palavras deve ser considerado agindo como inimigo: fala do passado, fala do futuro, ocupa-se do que não é proveitoso e, quando uma ajuda imediata é necessária, ele se esquiva.
Há quatro maneiras pelas quais aquele que adula, deve ser consi­derado como inimigo: aprova más ações, aprova boas ações, elogia seu amigo quando presente e o deprecia, quando ausente.
Há quatro maneiras segundo as quais o que causa a ruína deve ser considerado como inimigo: acompanha aquele que se embriaga, perambula em sua companhia à noite, acompanha-o nos espetáculos degradantes, se associa nos jogos que causam preocupações.

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Há quatro categorias de amigos, chamados amigos de coração (sinceros): aquele que ajuda, aquele que permanece o mesmo na prosperidade ou no infortúnio, aquele que dá um bom conselho e que demonstra verdadeira simpatia.
Para aquele que ajuda existem quatro modos de agir como amigo sincero: proteger o estonteado, defender os bens do seu amigo, ser um refúgio nas ocasiões oportunas e sobrevir as suas necessidades na hora certa.
Há quatro modos de agir como amigo sincero para aquele que permanece o mesmo na prosperidade ou no infortúnio: conta seus segredos ao amigo, guarda os segredos do amigo, não abandona seu amigo no infortúnio, sacrifica seu bem-estar e sua própria vida para o bem do seu amigo.
Para aquele que aconselha o bem, há quatro modos de agir como amigo sincero: dissuade seu amigo de cometer um mal, faz seguir o bem, explica aquilo que descuidava de ouvir, indica o caminho reto.
Para aquele que demonstra a verdadeira simpatia, existem quatro maneiras de agir como amigo sincero: não se regozija do infortúnio do seu amigo, alegra-se de sua prosperidade, impede que seja calu­niado, apoia aqueles que o louvam.

REFERÊNCIA:

GAUTAMA, Sidarta. Os Deveres: Sigalovada – Sutta. In: SILVA, Georges da; HOMENKO, Rita. Budismo: psicologia do autoconhecimento (o caminho da correta compreensão). São Paulo: Pensamento, 1982. p. 276-277.

sábado, 28 de março de 2020

TIBETE: EM BUSCA DE SHANGRI-LA





 Por Jamil Salloum Jr.

O Tibete, conhecido como “reino das neves eternas” ou “telhado do mun­do”, povoa a imaginação de muitos ocidentais há séculos, em especial dos estudantes de Misticismo. Mas o que há de realidade em todas as lendas, histórias e doutrinas a respeito deste estranho país?
Podemos dizer que há três Tibetes: um exotérico, um mesotérico e um esotérico. Os primeiros dois referem-se respectivamente a (1) o que de errôneo foi escrito a respeito do país e (2) à cultura e religião dos tibetanos. O terceiro (3), o esotérico, representa a verdade a respeito das doutrinas secretas abrigadas no Tibete. É importante esclarecer que a entrada no terceiro círculo não se dá passando-se pelos dois primeiros, ao contrário do que se poderia pensar, mas por uma via externa e diferente, conforme veremos.

O Tibete exotérico
Nos séculos passados algumas informações filtradas para fora dos contrafortes tibeta­nos chegaram à Europa, devido talvez, em primeiro lugar, às explorações do venezia­no Marco Pólo, que o levaram ao Extremo Oriente1. Graças à pena de seu amanuense, Rusticiano, ficou-se sabendo dos estranhos prodígios que Pólo disse ter visto entre os monges budistas, chineses e tibetanos.
Mais tarde, outros exploradores alcança­ram o Tibete. As gotas de informação, mis­turadas à imaginação popular, deram nasci­mento a um Tibete mítico. Quando se soube que no coração do Himalaia havia um reino dedicado inteiramente a uma religião pací­fica, que cultuava deuses e demônios, com oráculos e yogues por toda parte, apinhado de mosteiros, e cujo líder máximo residia em um imenso palácio branco e dourado no topo de uma montanha, considerado pelos seus súditos como um “deus-rei” que se reencarnava sucessivamente, as portas do maravilhoso abriram-se...
O interesse pelo Tibete exotérico atingiu em cheio o Ocidente, se transformando em verdadeira febre, pelas mãos de um habilidoso escritor inglês, Cyril Hoskins, que assumiu o pseudônimo de Terça-Feira Lobsang Rampa, o qual alegava ser um lama tibetano que atingira o Ocidente após múltiplas aventuras físicas e místicas. Seu primeiro livro, The Third Eye (A Terceira Visão, 1956), que trazia na capa a foto de Rampa com um terceiro olho na testa, tor­nou-se rapidamente um best-seller mundial, conquistando entusiásticos adeptos.
Na saga concebida por Lobsang Rampa, ou melhor, Cyril Hoskins, somos apresentados a uma trama que mistura ficção e rea­lidade. É inegável que várias informações oferecidas em seus livros são autênticas e verificáveis2, mas muitas outras são totalmente inverídicas, começando pela mais importante delas, a identidade do autor. Rampa contou com mais um apoio decisivo para o fascínio que exerceu sobre o público: seu brilhantis­mo como escritor, pois de forma simples e bem-humorada conseguiu evocar uma época do Tibete muito saborosa que, infelizmente, desapareceu com a invasão chinesa de 1959.
Nem mesmo a descoberta da verdadeira identidade de Rampa conseguiu arrefecer o entusiasmo pelos seus livros. Ainda hoje suas obras são muito procuradas... De todo modo, se um mérito cabe a Lobsang Rampa foi, indubitavelmente, o de ter divulgado, como nenhum outro em sua época, e por muitas décadas seguintes, a triste situação do povo tibetano, coisa reconhecida até mesmo pelos atuais representantes do Tibete, entre eles o XIV Dalai Lama.
É a Rampa, pois, que cabe muito dos equívocos divulgados sobre o Tibete, e na esteira dele muitos autores começaram a ex­plorar o veio, originando inúmeras obras em que fantasia, ficção e realidade se misturam formando um mágico caleidoscópio que ain­da seduz muitos buscadores.

O Tibete mesotérico
Antes de Lobsang Rampa, informações fide­dignas sobre o Tibete já haviam chegado ao Ocidente, por meio de exploradores e pesqui­sadores. O Tibete mesotérico é, como vimos, o Tibete intermediário entre o totalmente fantasioso e o verdadeiramente místico. Trata-se de um Tibete autêntico do ponto de vista de sua cultura e religião, mas enganoso quando se confunde estas com as verdadeiras doutrinas secretas abrigadas naquele país.
O Ocidente começou a conhecer mais acerca do Tibete cultural e religioso, ainda que limitadamente, já em 1784, quando o orientalista e filólogo húngaro Sándor Kőrösi Csoma, mais conhecido como Ale­xander Csoma de Kőrös, realizou pesquisas na própria terra das neves, originando o pri­meiro dicionário tibetano-inglês do mundo. No século seguinte, entre 1844-1866, os pa­dres lazaristas Evariste Huc e Joseph Gabet procederam a uma expedição pelo Extremo Oriente, publicando logo após o livro Tra­vels in Tartary, Thibet and China (Viagens pela Tartária, Tibete e China - 1887), com relatos sobre suas experiências nesses paí­ses. E no início do século XX, os russos Ferdinand Antoni Ossendowski e Nicholas Roerich, a exemplo dos exploradores ante­riores, publicaram obras sobre suas viagens pelo Oriente, em especial pelo Tibete. O primeiro é autor do livro Beasts, Men and Gods (Bestas, Homens e Deuses - 1921); o segundo escreveu The Way to Shamballa (O Caminho para Shamballa - 1928), além de outros livros sobre o Oriente.
Mas, da mesma forma que pode se im­putar a Lobsang Rampa a paternidade do Tibete exotérico, é à francesa Alexandra David-Néel, pseudônimo de Louise Eugénie Alexandrine Marie David, que cabe o mé­rito de ter trazido ao amplo conhecimento do Ocidente informações precisas sobre a cultura e a religião do país, isso também nas primeiras décadas do século XX. David-Néel viveu e viajou pelo Tibete durante 14 anos, tendo se tornado a primeira mulher ociden­tal a ser consagrada como Lama. Esta notá­vel exploradora escreveu vários livros sobre suas aventuras, sendo que as obras mais emblemáticas são Voyage d’une Parisienne à Lhassa (Viagens de uma Parisiense a Lhasa - 1927) e Mystiques et Magiciens du Tibete (Místicos e Mágicos do Tibete - 1929).
Foi também nessa época que o escritor inglês James Hilton lançou seu livro Lost Horizon (Horizonte Perdido, 1933), em que aparece a mística cidade perdida de “Shangri-La”, um local paradisíaco nas montanhas himalaicas. A obra rapidamente se transformou em sucesso mundial, gerando dois filmes nas décadas seguintes, sendo que a primeira versão, de 1937, dirigida por Frank Capra, contou com a consultoria de H. Spencer Lewis, então Imperator da AMORC, quanto à confecção dos cenários.
Foi também no início do século XX que os estudos sobre o Tibete, do ponto de vista exclusivamente acadêmico, tomaram corpo, graças aos trabalhos pioneiros do americano Walter Yeeling Evans-Wentz, que traduziu várias obras capitais do Bu­dismo Tibetano para o Inglês, como “O Livro Tibetano dos Mortos”.
A partir daí, mais pesquisadores ociden­tais se dedicaram a estudar o país, e quando o mesmo foi invadido pela China, em 1959, muitos dos próprios tibetanos e seus mestres religiosos migraram para o Ocidente, criando Centros, Templos e Fundações para a preser­vação de sua cultura e religião.
A magia e o mistério associados ao Tibete são assuntos constantemente submetidos por ocidentais aos budistas tibetanos. Em uma de suas autobiografias, “Liberdade no Exílio” (1992), o atual Dalai Lama dedicou um capí­tulo ao tema, dizendo o seguinte: “Frequente­mente sou perguntado sobre os aspectos assim chamados ‘mágicos’ do budismo tibetano. Muitas pessoas no Ocidente querem saber se os livros sobre o Tibete, escritos por pessoas como Lobsang Rampa e alguns outros, onde se fala em práticas ocultas, são verdadeiros. Também me perguntam se Shambhala (um país legen­dário referido em certas escrituras e suposta­mente oculto nas regiões desérticas do norte do Tibete) realmente existe. Há também a carta que eu recebi de um eminente cientista, no iní­cio dos anos 60, dizendo que ele havia ouvido que certos lamas são capazes de realizar certos fenômenos sobrenaturais, e perguntando se ele mesmo poderia realizar experimentos para determinar a veracidade disso.
O Dalai Lama prossegue afirmando que livros como os de Rampa são ficção, mas que segundo o Budismo Tibetano, Shambhala existe, mas não no plano convencional; e que certas práticas de sua religião, que integra exercícios de yoga, realmente dão origem a fenômenos que podem ser considerados “mágicos”, como clarividência, telepatia, con­trole da temperatura do corpo etc.
É importante considerar que o Budismo Tibetano é uma forma de Budismo que ab­sorveu os cultos xamânicos autóctones do Tibete e que, com eles, formou uma teologia bastante singular, que integra o Budismo original com conceitos pitorescos como oráculos, fenômenos psíquicos, deuses, demônios e outros agregados.

Tibete esotérico
Mas existe um Tibete verdadeiramente esotérico, que justifique todas as esperanças e comentários através dos séculos? Nos círculos de místicos, o Tibete sempre foi apontado como sede da Grande Loja Branca a partir de uma época, que lá teria se radicado depois de ter estado sediada em ou­tros países, No livro “A Vida Mística de Jesus”, H. Spencer Lewis revela que a Fraternidade, após ter sido fundada por Tutmés III e dinamizada por Akhenaton, permaneceu no Egito até a época de Cristo, tendo se transferido para o Monte Carmelo e, após, mudado em definitivo para algum lugar no Himalaia. A Tradição também fala da Ordem de Melquisedeque (outro nome para a Grande Loja Branca), deixando o Egito e migrando para a Ásia, o Tibete especificamente.
Segundo a historiadora teosófica Isabel Cooper-Oakley, autora de uma importante biografia do Conde de Saint-Germain, The Comte Saint Germain (O Conde de Saint-Germain, 1912) no século XVIII este enigmático personagem, que assombrou a Europa, disse a seus amigos Grafer e Barão de Linden que, após sua missão na Europa, se retiraria para o “lar”, situado por ele em algum lugar do Himalaia3. No século XIX, H. P. Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, referiu-se várias vezes ao Tibete como a sede do conhecimento oculto do mundo. Aliás, ela própria lá esteve em treinamento com seus Mestres, por três anos, segundo seus biógrafos e seus próprios depoimentos. Blavatsky fez questão de diferenciar esse Centro Oculto, ou Grande Loja Branca, das práticas religiosas e culturais do Tibete. Ela escreveu: “Há, além dos Himalaias, um núcleo de Adeptos de várias nacionalidades (...) Meu Mestre e K.H.4 e vários ou­tros que conheço pessoalmente estão lá, indo e vindo, pois eles estão todos em comunicação com Adeptos do Egito e na Síria, e mesmo na Europa”.
A cidade mística do Budismo Tibetano, Shambhala, que inspirou a Shangri-La de James Hilton, encontrou uma espécie de confirmação nos relatos de Ferdinand Ossen­dowski, que em seu livro, já citado aqui, disse ter descoberto que na Ásia existia a Ienda de uma cidade oculta de iluminados, chamada “Agharta”. Um Lama de um Mosteiro na fronteira tibetana disse-lhe que sabia que essa cidade era dirigida pelo “Rei do Mundo”, ou o “Grande Estrangeiro”, mas não acrescentou muito mais ao assunto. Alguns pesquisadores colocam Shambhala como a capital de Agharta, outros vice-versa. É interessante lembrar que a primeira pessoa a se referir a essa cidade mística com o nome de “Agharta”, considerada por alguns como existindo nos subterrâneos da terra, foi o ocultista francês Saint Yves D’Alveydre, no final do século XIX, localizando-a também no Tibete. Isto está relatado em seu livro Mission de l'Inde en Europe (Missão da Índia na Europa, 1886), que causou furor entre os esoteristas franceses da Belle Époque.
Os Iniciados sabem que as lendas orientais de Shambhala e Agharta são a interpre­tação confusa, popular e exotérica da Grande Fraternidade Branca sediada no Tibete. H. Spencer Lewis escreveu muito sobre o as­sunto nas revistas da Ordem, durante sua época. E apontou seu amigo e Frater, Nicho­las Roerich, como uma das poucas pessoas que tinham conhecimento direto do fato, com passagem livre para os locais exatos, no Himalaia, da Grande Loja Branca. Referiu-se também a Blavatsky como uma mensageira anterior da Loja do Himalaia, assim como outros antes dela.
As Escolas Iniciáticas como a Ordem Rosacruz, AMORC são canais para a Grande Fraternidade Branca, portanto, conforme alertado muitas vezes pelos dirigentes dos movimentos iniciáticos autênticos, não é ne­cessário se deslocar ao Oriente para localizar os Mestres Cósmicos, o que seria totalmente infrutífero, pois são eles que vão até o discí­pulo quando este está pronto. Estando sob os auspícios de uma Escola Mística autêntica, o estudante tem, portanto, uma conexão direta com o Centro Oculto do Mundo. E quando chegar o momento...
Por certo, é muito interessante e inspirador viajar para as longínquas terras do Oriente, conhecer seus povos e costumes, mas isso não é requisito para desenvolvimen­to espiritual, pois toda a instrução esotérica só serve para fazer o aluno descobrir o seu “Himalaia de dentro”, a sua “Shangri-La in­terior”. Blavatsky afirmou em um de seus escritos, com o qual terminamos este artigo: “Na verdade, não há absolutamente necessi­dade de ir ao Tibete ou à Índia para encon­trar algum conhecimento e poder que estão em estado latente em cada alma humana”

Notas:

1. Marco Pólo, aliás, notabilizou-se pelas relações que manteve com o poderoso Kublai Kan, ou o Grande Kan;
2. Multas mosteiros citados em seus livros realmente existiram, assim como são verdadeiros alguns detalhes da cidade de Lhasa e seus arredores, bem como aspectos da cultura Tibetana;
3. As informações levantadas por Cooper-Oakley devem-se à sua pesquisa nas maiores bibliotecas do mundo, bem como à sua investigação no diário de uma amiga pessoal de Maria Antonieta, Madame D’Adhémar, a qual conheceu Saint-Germain pessoalmente.
4. Refere-se aos Mestres Morya e Kut-Hu-Mi.

Bibliografia:

COOPER-OAKLEY, Isabel. O Conde de Saint Germain. São Paulo: Pensamento.

CRANSTON, Sylvia. Helena Blavatsky: a vida e a influência extraordinária da fundadora do movimento teosófico moderno. Brasília: Teosófica, 1994.

D’ALVEYDRE, Saint-Yves. Missão da Índia na Europa - Missão da Europa na Ásia: a questão do Mahatma e sua solução. São Paulo: Madras, 2006.

DAVID-NEEL, Alexandra. Tibete: magia e mistério. Portugal: Hemus, 2004.

EVANS-WENTZ, Walter Yeeling. O Livro Tibetano dos Mortos. Pensamento: São Paulo, 1985.

HILTON, James. Horizonte Perdido. Claridade, 2002.

LAMA, Dalai. Liberdade no Exílio. São Paulo: Siciliano, 1992.

LEWIS, H. Spencer. A vida mística de Jesus. Curitiba: GLP, 2008.

OSSENDOWSKI, Ferdinand Antoni. Bestas, Homens e Deuses: o enigma do rei do mundo. Portugal: Hemus, 2002.

RAMPA, T. Lobsang. A terceira visão. São Paulo: Record.

ROERICH, Nicholas. O segredo de Shambhala: em busca da nova era. Nova Era: São Paulo, 1996.
  
REFERÊNCIA:

SALLOUM JR., Jamil. Tibete: em busca de Shangri-La. O Rosacruz. n. 275. verão 2011. Curitiba: AMORC-GLP, 2011. p. 8-13.