sábado, 13 de agosto de 2016

MAÇONS E ROSACRUZES ESTREITAM LAÇOS DE AMIZADE FRATERNA, EM CERIMÔNIA SOLENE



“Medalhão oferecido pelo Grande Oriente do Brasil à Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis AMORC.”


MAÇONS E ROSACRUZES ESTREITAM LAÇOS DE AMIZADE FRATERNA, EM CERIMÔNIA SOLENE


Por AMORC-GLP

A 4 de junho de 999 a.C., um homem, posteriormente identificado como Salomão, chegou em El Amarna, no Egito, em busca de ensinamentos nas mais altas ciências e filosofias. Contudo, não chegou a completar seus estudos, pois consta dos registros que deixou aquela cidade “antes do quarto exame”.

Muito influenciado pela religião de Amon, Salomão concebeu uma espécie de religião filosófica que era uma mistura de monoteísmo Rosacruz e idolatria egípcia.

Regressou à Palestina e, com cinco anos de governo, completou a construção de um templo para uma sociedade, ou fraternidade, que funcionaria nos moldes daquela que havia encontrado no Egito. Aliás, um estudo do chamado Templo de Salomão revela que era tipicamente egípcio em arquitetura e decoração; quase uma réplica do templo místico de El Amarna, não fosse o fato de não ser construído em forma de cruz como o original.

Salomão restringiu sua ordem a homens e adaptou-lhe muitos detalhes dos rituais místicos e das iniciações Rosacruzes. Não obstante, ficou evidente que não estava abraçando a filosofia da Grande Loja do Egito, pois usava o Sol como símbolo exclusivo de sua ordem.

A fraternidade de Salomão, como era denominada nos documentos da antigüidade, encontra-se em toda literatura relativa à Franco-Maçonaria. Pouco a pouco, transformou-se em uma ordem fraternal, semímistica, filosófica e secreta, poderosa e de grande dignidade, que alterou os princípios estabelecidos por Salomão, para o maior benefício da humanidade.

Mas os laços fraternos que unem Rosacruzes e Maçons, como eternos Cavaleiros da Rosa e da Cruz, jamais foram rompidos. Continuam juntos numa causa comum pelo aperfeiçoamento moral e social do homem, pela prática indiscriminada da beneficência, pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade de todos os povos, pelo combate à ignorância e à superstição, em torno de um Deus, seja ele o do nosso coração e percepção, ou o Grande Arquiteto do Universo.
Por essa razão, revestiu-se de importância histórica para a Ordem Rosacruz (AMORC) e a Maçonaria, do Brasil, a confraternização que teve lugar no dia 19 de setembro próximo passado, às 15 horas, no Templo Nobre do Palácio Maçônico, à Rua do Lavradio, 97, na cidade do Rio de Janeiro, ocasião em que, sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil, foi comemorado, em Sessão Magna, o 75º aniversário de fundação da Loja Simbólica Cayrú.

Por ato do Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, Dr. Osmane Vieira de Resende, e por suas próprias mãos, foi outorgada à Venerável Grande Mestre da Ordem Rosacruz (AMORC) do Brasil, Sóror Maria A. Moura, a mais alta honraria maçônica a Comenda D. Pedro I. Também por ato dessa suprema autoridade maçônica, foi conferida ao Grande Administrador Regional e Orador Oficial da AMORC do Brasil, Frater Carlos Alberto S. Soares, a Medalha de Amizade Maçônica.

Para a Ordem Rosacruz (AMORC) o Grande Oriente do Brasil ofertou um belíssimo medalhão da fachada do Palácio Maçônico.

Outras homenagens foram prestadas, pela Loja Simbólica Cayrú, à Sóror Maria A. Moura, Grande Mestre, ao Frater Carlos Alberto S. Soares, Grande Administrador Regional e Orador Oficial, Frater Boaventura Filho, Grande Conselheiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, e à Sóror Izete de Almeida Rocha, Mestre do Capítulo Meier, AMORC, com a Cruz de Distinção Cayrú e a Medalha Cayrú de Prata.

Por sua vez, a Venerável Grande Mestre da Ordem Rosacruz (AMORC) do Brasil tributou amizade ao Grande Oriente do Brasil com uma placa de prata e ouro, e à Loja Simbólica Cayrú com um troféu comemorativo do seu 75º aniversário.

Em mensagem, muito aplaudida por centenas de pessoas presentes, nossa Venerável Grande Mestre assim se referiu ao acontecimento:

... “Neste momento difícil para a humanidade, nada mais oportuno do que este aperto-de-mãos entre os Rosacruzes da AMORC e os Maçons, do Brasil.” ...

FONTE:
Maçons e rosacruzes estreitam laços de amizade fraterna, em cerimônia solene. O Rosacruz, vol XIX, n° 1, outubro 1976, p. 11.




Comenda da Ordem do Mérito D. Pedro I, outorgada pelo Grande Oriente do Brasil à Grande Mestre da AMORC-GLP, Sóror Maria A. Moura e entregue em solenidade no dia 19 de setembro de 1976, no Palácio do Lavradio, Rio de Janeiro, RJ. 

Cruz de Distinção concedida à AMORC-GLP pela Loja Simbólica Cayrú (GOB), em solenidade na data de 19 de setembro de 1976, no Palácio do Lavradio, Rio de Janeiro, RJ. 




"Ao centro, o Dr. Osmane Vieira de Rezende, Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil, ladeado pelo Venerável Mestre da Loja Simbólica Cayrú e pela Grande Mestre da AMORC do Brasil."


"Abertura solene da confraternização".

"Nosso Grande Administrador Regional Carlos Alberto S. Soares, recebe a medalha da Amizade Maçônica."

UMA INTERPRETAÇÃO ROSACRUZ DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO LIVRO DO GENESIS(*)






UMA INTERPRETAÇÃO ROSACRUZ DO PRIMEIRO CAPÍTULO DO LIVRO DO  
GENESIS(*)


Por H. Spencer Lewis, F.R.C.
(*) Artigo publicado no “The Arnerican Rosae Crucis”, feve­reiro de 1916.

1. No começo Deus CONCEBEU a criação do universo e o PEN­SAMENTO dirigiu as VIBRAÇÕES do ESPÍRITO por to­do o espaço, que estava vazio.
2. E o Espírito penetrou naquilo que era sem Espírito e deu­-lhe VIDA E aquilo que foi vi­vificado não tinha forma, não tinha definição, e estava em TREVAS absolutas, e a umida­de surgiu em todo o espaço, que também foi vivificado pe­lo Espírito.
3. E Deus ordenou que toda a matéria fosse consciente de sua existência e conhecesse o Espírito pelo qual se tornou manifesta. E foi criada a Cons­ciência Cósmica, que era a GRANDE LUZ do mundo.
4. E a LUZ era o BEM; pois dis­persou as TREVAS e revelou as manifestações de Deus. E o que não foi iluminado pela GRANDE LUZ estava em tre­vas e era o mal; e o Bem e o mal foram separados.
5. E Deus chamou DIA à Cons­ciência Cósmica, e as trevas foram chamadas de NOITE, pois eram ignorantes e não tinham consciência. E assim se completou o Primeiro Ciclo de Evolução,
6. E Deus decretou que o Espíri­to efetuasse a divisão dos QUATRO ELEMENTOS.
7. E o espírito dividiu todas as coisas em seus elementos apro­priados e as colocou nos REI­NOS MATERIAL E ESPIRI­TUAL. O Espírito uniu-se às CÉLULAS que as vibrações fizeram surgir, e os quatro ele­mentos, FOGO, AR, TERRA E ÁGUA, tornaram-se mani­festos.
8. A Consciência Cósmica deu ao ar o nome de “Naus” e ele se tomou o Elemento Es­piritual que constitui o Reino Espiritual. E assim se comple­tou o Segundo Ciclo de Evolu­ção.
9. E o Espírito uniu-se aos ele­mentos FOGO e ÁGUA, e do vapor que daí se formou surgiram os minerais.
10. E a Consciência Cósmica deu o nome de TERRA aos minerais e a umidade foi chamada de ÁGUA; e foram separados um do outro.
11. E Deus vivificou a TERRA com Espírito para que ela pudesse fazer surgir o que lhe correspondesse, confor­me suas CÉLULAS.
12. Então a TERRA fez surgir a grama, as ervas e as árvo­res, produzindo segundo sua própria espécie, porque as CELULAS nelas estavam e foram tocadas pelo Espíri­to.
13. E assim se completou o Ter­ceiro Ciclo de Evolução. ·
14. Em seguida, Deus ordenou que o Espírito tivesse SÍMBO­LOS através dos quais pu­desse se manifestar a todas as coisas criadas, e enviar suas vibrações; e aqueles se­riam por SIGNOS e ESTA­ÇÕES, através dos quais o tempo e a vida poderiam ser medidos.
15. E eles deveriam emitir LUZ e VIDA de sua espécie.
16. E foi criado um GRANDE SÍMBOLO para aparecer no DIA e dispersar as tre­vas; era o SÍMBOLO do ES­PÍRITO e era o BEM. Do mesmo modo foi criado um SÍMBOLO MENOR para apa­recer na NOITE; era o SÍM­BOLO da Consciência Cósmica, REFLETINDO a glória do ESPÍRITO. Daí em dian­te, foram criados outros SÍM­BOLOS para representar as forças criativas e os atributos do Espírito.
17. E Deus ordenou que tudo isso permanecesse no Rei­no Espiritual.
18. E do Reino Espiritual eles revelariam o Dia e a noite, a Luz e as trevas, o Bem e o mal.
19. Assim se completou o Quar­to Ciclo de Evolução.
20. O Espírito tocou e vivificou as células que estavam nas águas para que se reprodu­zissem abundantemente con­forme sua espécie; do mes­mo modo foram vivificadas as células no ar para que pro­duzissem criaturas confor­me sua espécie.
21. E assim foram criadas as grandes e as pequenas criatu­ras das águas, e as aves do céu.
22. E a Consciência Cósmica as dotou de instinto e foi­-lhes ordenado que se multiplicassem com o toque do Espírito.
23. E assim se completou o Quin­to Ciclo de Evolução.
24. E o Espírito fez surgir SO­BRE a terra vida em várias formas, segundo as células que DENTRO dela existiam.
25. E surgiram feras e rebanhos, e os que rastejam SOBRE a face da terra.
26. E Deus concebeu uma ex­pressão física da Consciência Cósmica NA face da terra, para ser uma contraparte da expressão no Reino Espi­ritual.
27. E o Espírito criou o HOMEM segundo a IMAGEM CÓSMI­CA de Deus a partir das célu­las animais na terra; positi­vas e negativas, masculinas e femininas, eram as cria­ções da Expressão Cósmica.
28. E Deus abençoou a obra do Espírito, e disse ao HOMEM: Com o Espírito em ti, deves desenvolver as células da terra que estão em ti e te multiplicares e te reproduzires segundo tua própria espécie, a fim de po­voares a terra e te tornares mestre de tudo o que é da terra, do ar, do fogo e da água.
29. E a Consciência Cósmica no homem sabia que sobre a face da terra e no ar acima dela estavam os elemen­tos nos quais o corpo do ho­mem podia crescer e com os quais o Espírito no ho­mem devia se manifestar e ser sustentado na expressão física.
30. E do mesmo modo, a cada animal da terra, a cada ave do céu e a cada criatura das águas foram dados ELEMEN­TOS para a VIDA
31. E a mente de Deus estava ciente de tudo o que fora criado; e isto era BOM. Assim se completou o Sexto Ciclo de Evolução.
32. Desse modo foi criado tu­do o que é. Na mente de Deus todas as coisas foram concebidas; e a concepção dirigiu as vibrações do Espí­rito para que ele criasse, e assim foi.
33. E no Sétimo Ciclo a mente de Deus glorificou-se em sa­grada comunhão com tudo o que fora criado; e o Espírito habitou em paz e harmo­nia, suas vibrações em per­feita harmonização com as vibrações de toda a matéria. E deus santificou o Sétimo Ciclo como o Ciclo da Per­feição, da Totalidade e da Harmonia.

(Nota: Esta é uma interpreta­ção da Criação do Mundo da história Bíblica, sob um pon­to de vista rosacruz. Entretan­to, não seria dessa forma que o rosacruz escreveria a histó­ria da criação conforme sua pró­pria compreensão da mesma. Portanto, esta é uma tentati­va de traduzir a história bíbli­ca para as doutrinas e ensina­mentos rosacruzes, e de jo­gar luz sobre os pontos de se­melhança entre ambas. Co­mo leitura correlata, o Primei­ro Capítulo do Evangelho Segun­do São João lança uma luz con­siderável sobre os quatro pri­meiros versos deste artigo.)

Fonte: LEWIS, H. Spencer. Uma interpretação rosacruz do primeiro capítulo do livro do Gênesis. In O Rosacruz. jan/fev/mar 1994. Curitiba: AMORG-GLP, 1994. p. 16-17.


O SERVIÇO












“Eis a Senda infindável para a Verdade: SERVIR. Na prática, Servir fiel e desinteressadamente é a lei do universo. Nenhum outro ideal nos dignifica e eleva tanto na vida, e por isso sentenciou o incomparável Servidor da Palestina: ‘Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; quem quiser ser o primeiro entre vós, será esse o vosso servo. É assim que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir’ (Mt 20, 26-28).”

FONTE:
O Rosacruz. verão 2011, n. 275. Curitiba: AMORC-GLP, 2011. p.53.


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“Conheci um homem em Cristo há muitos anos que ocupou uma posição oficial na Ordem Rosacruz, para a qual o escolhi, embora contra a sua vontade. Eu sabia que seria uma carga pesada para ele, mas ele estava tão perto de Cristo em sua vida que o considerei mais digno do que qualquer outro homem que conhecia. Tinha uma autoanulação ao mais alto grau, e não contava o custo de seu serviço. Membros vinham a ele com problemas e dificuldades e se iam confortados e animados. Ele carregava suas vidas secretas no seu coração e nunca fracassava em sua confiança sagrada. Passava seus dias numa posição responsável numa grande cidade, suas noites eram inteiramente dedicadas exclusivamente ao trabalho da Ordem.

“Ele nunca se poupou. Tomava para si muito do triste carma dos outros e, à medida que servia, crescia para sua tarefa. Tinha muitos problemas seus, mas os dos outros eram mais importantes.”

Excerto de “Flor da Alma”, de autoria de Raymund Andrea, publicado pela AMORC-GLP.

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“Há aqueles que se baseando nos próprios dotes – reais ou imaginários – creem já tê-la conquistado [a glória], atribuindo ao próprio mérito aquilo que de Deus receberam ou que sua fantasia forjou para si. Tal glória, contudo, é inteiramente subjetiva, pois só é comprovada pela própria pessoa.

“Outros, embora constatando suas deficiências, procuram revestir suas ações de uma aparência extraordinária, no intuito de serem tidos em grande conta e ganhar os aplausos dos demais. Também esta é uma glória irreal, já que, longe de se fundamentar em fatos, procede da opinião errônea de outrem.

“Ora, a glória verdadeira atinge o seu ápice quando alguém, notando em si a excelência de uma virtude, reconhece não estar nele a origem dela, mas sim numa dádiva divina.”

FONTE:
MENDES, Maria Beatriz Ribeiro. E os anjos proclamam “Glória”! In Arautos do Evangelho. dez. 2013. p. 50.



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“Precisa-se de homens de ação na Senda. Existem cultos, sociedades e círculos suficientes que proporcionarão a hospitalidade sentimental e ampla para passar a vida em sonho. Mas o homem que temos em mente tem de deixar essas coias para os que dela precisam, ou usá-las como diversão ou relaxamento do árduo esforço para tornar-se um técnico de primeira classe; então, ele terá alguma utilidade para o mundo e outros seguirão seu exemplo.”

FONTE:
Raymund Andrea. A técnica do discípulo. Biblioteca Rosacruz v. XVI. Rio de Janeiro: Renes, 1976. p. 44-45.


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“[...] muitas escolas e sistemas de educação oculta não acentuam particularmente a importância do serviço, mas se concentram quase que exclusivamente nos métodos de autodesenvolvimento ou de autoimportância, COM O PODER PESSOAL COMO ÚNICO OBJETIVO. Dentro de certos limites, este objetivo é bem possível. Ele é legítimo e isento de objeções se pensarmos apenas em termos de plano material. É possível fazer algum progresso oculto sem qualquer consideração especial de serviço para outrem, mas somente dentro de limites muito estreitos. Chega o momento, no progresso de qualquer qualidade louvável de um homem, quando este tipo de programa exclusivo revela-se muito insatisfatório.”

FONTE:
Raymund Andrea. A técnica do discípulo. Biblioteca Rosacruz v. XVI. Rio de Janeiro: Renes, 1976. p. 37-38.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

CARTA RENÚNCIA DE JEAN CHABOSEAU DO CARGO DE GRÃO-MESTRE DA ORDEM MARTINISTA




Carta de Demissão de Jean Chaboseau como Grão-Mestre da Ordem Martinista

Setembro de 1947

Querida Irmã, Querido Irmão,

Quando, em janeiro de 1946, o Irmão Augustín Chaboseau me designou para sucedê-lo na Presidência da Ordem Martinista Tradicional, nomeação referendada pelos membros do Supremo Conselho, e fui chamado a ocupar este cargo, me vieram à mente algumas perguntas.

Naquela época, as afastei temporariamente para tentar por em marcha esta Ordem que, há que dizê-lo, começava de novo. Os ataques de que fui objeto, assim como o apoio moral com os quais me deparei, me levaram a perseverar naquilo que alguns quiseram chamar “uma missão”.

Desde essa data, a própria vida da O.M.T. com suas dificuldades, tanto materiais como morais, me obrigaram a reconsiderar a questão fundamental que tinha afastado, que não só é a da existência de uma Obediência, de uma Ordem Martinista, mas também da pró- pria função de Grão Mestre da Ordem.

O resultado destas reflexões é o que submeto a vossas meditações.

Quem é legítimo, quem é Tradicional do ponto de vista Martinista?

Louis Claude de Saint-Martin, nunca criou uma Ordem, nem uma organização.

Na Ordem dos Elus Cohen contribuiu, como os demais Réaux-Croix, com a transmissão e propagação de uma Ordem Maçônica. Mas, depois de retirar-se de qualquer sociedade ou organização, deixou de transmitir qualquer coisa desse tipo. Não propagou, nem organizou, nem criou uma Ordem, uma Obediência, uma Sociedade, já que não se poderia qualificar dessa forma, com tudo o que essa noção abrange a Sociedade dos Amigos ou dos Íntimos, à qual às vezes se faz referência.

Ele próprio escreveu a Liebisdorf (carta CX):

“A única iniciação que predico e que busco, com todo o ardor de minha alma, é aquela em que podemos entrar no coração de Deus e fazer entrar o coração de Deus em nós …Não há outro mistério para chegar a esta santa Iniciação que submergirmos cada vez mais até o mais profundo de nosso ser, etc.…”

E na mesma carta, faz uma comparação entre essa Iniciação e:

“… essas iniciações pelas quais passei em minha primeira escola, e que deixei desde há muito, para dedicar-me à única que seja verdadeiramente segundo meu coração… Posso assegurar-lhes que recebi pela via interior, verdades e alegrias mil vezes acima do que recebi do exterior. Não há mais Iniciação que a de Deus, e de seu Verbo Eterno que está em nós, etc.…”.

Saint-Martin, a partir de certo momento, deixou de atuar como iniciador com formalismos, Rituais e etc.

Nosso saudoso Irmão Augustín Chaboseau tinha redigido uma nota sobre o que foi chamada sua “iniciação”, por sua tia Amélie Boisse -Mortemart, nota que não deixa lugar a nenhuma dúvida a este respeito. Tratava-se somente da transmissão oral de um ensinamento particular e de certa compreensão das leis do Universo e da vida espiritual o que, em nenhum caso, poderia ser considerado como uma iniciação de forma ritualística.

As “linhagens” que chegaram a Augustín Chaboseau, a Papus, e a outros e que provém de Saint-Martin são, com efeito, linhagens de afinidades espirituais e de nenhum modo são constituídas por uma sucessão ininterrupta de cerimônias intangíveis, no seio de uma sociedade e em nome da mesma. Porque, para que se possa falar de una iniciação tradicional, é necessário que exista a transmissão do “sopro”, de “uma influência espiritual”, como o fazia Réné Guénon, em nome de uma organização, por fórmulas idênticas e transmitidas sem que se mude sequer uma vírgula.

É precisamente aqui que aparece a profunda contradição que existe, de um lado entre este desejo de libertação interior que deve ser liberado de todo formalismo para permitir que a personalidade espiritual se forme fora das coletividades e, por outro lado, esta tendência de alguns ocultistas de fins do século XIX, criando suas associações, ordens e sociedades.

Há uma qualidade da alma que constitui essencialmente o verdadeiro Martinista, é a afinidade entre as mentes unidas pelo mesmo grau em suas possibilidades de compreensão e de adaptação, pelo mesmo comportamento intelectual, pelas mesmas tendências e isto implica em esta obrigatória constatação de que o Martinismo é composto exclusivamente de seres isolados, solitários, meditando no silêncio do oratório, em busca de sua própria iluminação.

O dever de cada um destes seres, quando alcançam o conhecimento das leis do equilíbrio, é expandir sua compreensão, para que aqueles que devem ouvir participem no que eles creem e seja a verdade de sua vida espiritual. É ali onde pode intervir a “Missão de Serviço” do Martinista. Só neste sentido é que esta corrente espiritual particular encontra seu lugar na Tradição Ocidental.
No entanto, um Martinista verdadeiramente “tradicional” não poderia agir legitimamente em nome de uma Ordem com esse nome, porque então, deixaria de agir segundo as sugestões espirituais do Filósofo Desconhecido para submeter-se a uma formação recente procedente inteiramente do movimento intelectual que tinha por tarefa propagar as doutrinas “ocultistas” dos fins do século passado.

Porque não há uma regularidade da Ordem Martinista, senão numa relação sentimental para com Papus, já que não existe nenhuma outra tradição para nenhuma Ordem Martinista, a não ser a criação do Supremo Conselho em 1891, por Papus.

Com alguns amigos dos quais se tinha cercado (Papus), criou e organizou tudo. Os Rituais, inclusive, não existiam, em que pese às lendas. Só se “iniciava” com os “Cadernos da Ordem”, cuja redação data dessa mesma época. A princípio, entre 1891 e 1900, não houve nenhuma reunião fechada análoga às das Lojas. Foi só depois, sob a influência de um elemento que se fez preponderante, que a Ordem Martinista se converteu numa verdadeira Obediência.

Mas, era uma organização calcada sobre as ordens maçônicas, o que se chama paramaçonaria. Isto é tão verídico que sempre se manteve a “Iniciação livre” paralelamente à “Iniciação” em Loja, lembrança dessa liberdade individual da que goza todo verdadeiro Martinista, independentemente e pelo mesmo princípio de toda Obediência.

A ausência total de Rituais antigos, incluídos os qualificados como do “século XVIII”, permitiu a cada membro que assim desejava compor um. É por isso que o de Teder pode ser considerado por alguns como o da Ordem Martinista quando sabemos que não é assim. Neste sentido, qualquer Ritual é válido já que é composto por um Martinista, mas é inaceitável em si já que não corresponde a seu objetivo: servir de marco antigo e rígido a uma transmissão espiritual depositada em seu seio. Ora, este marco está vazio, seja qual seja a formação Martinista que pretenda aparecer no interior, já que não existe nenhuma transmissão ritualística deste tipo, e este marco mesmo não tem nenhum alcance mágico, porque não se apoia em nenhuma tradição real.

Os dois triângulos e os seis pontos nos quais consistiria a essência da Tradição Martinista, são uma adoção de Papus, assim como a divisão em três graus de uma iniciação que, pelo contrário, alguns consideraram como um único grau. O que não significa, em absoluto, que estes símbolos não puderam ter uma profunda significação e um valor real.

Todo o precedente não aponta ainda senão para uma das perguntas consideradas: a que se relaciona com a legitimidade de uma “Ordem Martinista”.

É evidente que nada impede as mentes formadas nesta compreensão particular da vida espiritual que, por costume chamamos “Martinismo”, reagrupar-se para estudar alguns textos, expor o fruto de suas próprias reflexões e que essas reuniões sejam legítimas se são livres e se não pretendem, de nenhum modo, constituir ou chegar a ser uma Obediência, qualquer que esta seja.

A pergunta fundamental, em minha opinião, é a que traz a mais grave contradição ao espírito livre e liberado de Saint-Martin, que é uma contradição flagrante e perpétua, a existência de um Grão Mestre do Martinismo, de uma personalidade que se pretenderia depositária da Tradição do Filósofo Desconhecido e que seria investida pelo direito de sucessão do cargo, de regulador supremo desta tradição, desta “Iniciação”.

Depois da morte de Papus, não existiu uma continuidade para a presidência da Ordem Martinista. Papus não tinha designado seu sucessor e se alguns membros elegeram Teder, uma grande parte não o aceitou em absoluto.

Victor Blanchard, então Secretário Geral da Ordem que, não obstante, tinha assinado a proclamação da “Ata de Teder” como Deputado Grão Mestre, rejeitou, logo a seguir, esta organização verdadeiramente nova, tanto por seus ritos como por sua composição e as novas obrigações que impunha a seus membros.

Blanchard constituiu então, por sua vez, uma Ordem Martinista, da qual foi reconhecido Grão Mestre. Teder teria designado Bricaud – más línguas pretendem que ele se teria autoproclamado – e Bricaud teve como sucessor Chevillon. Quando este foi assassinado, a Ordem Martinista, em sua nova apresentação (posto que as tendências maçônicas se tivessem acusado e lograram uma fusão híbrida com diversas organizações), teve por continuadores os Irmãos Dupont e Debeauvais. Hoje, não se sabe exatamente de quem são sucessores, apesar de afirmarem ter uma única regularidade Martinista.

Em 1931, alguns antigos membros do Conselho de Papus se reuniram, e rejeitando as novas diretrizes de Bricaud, quiseram reconstituir a Ordem Martinista de Papus e só ela, já que se sabia que era impossível ultrapassá-la (mais além de Papus). Foi quando o Irmão Augustín Chaboseau foi eleito Grão Mestre. Designou em seu lugar o Irmão Victor-Emile Michelet, porque este era mais velho que ele, e quando Michelet faleceu, como não tinha designado seu sucessor, voltaram à escolha anterior de Augustín Chaboseau.

Uma organização internacional que se pretende superior a todas as demais e que se apresenta como habilitada (por quem? quiçá nunca saibamos…) para regularizar as Sociedades ditas Iniciáticas, quis, em 1934, em Bruxelas, incorporar-se ao Martinismo: reconheceu como única “regular” a “Ordem Martinista & Sinárquica” de Blanchard e, em 1939, a Ordem Martinista foi presidida por Augustín Chaboseau que foi, por sua vez, reconhecida.

Os laços dessa organização, a F.U.D.O.S.I. (Federação Universal das Ordens e Sociedades Iniciáticas) com a A.M.O.R.C. (Estados Unidos) e outras diversas sociedades análogas, proíbem a qualquer pessoa de boa fé, levá-las muito a sério. Observemos, de passagem, que a Ordem Martinista de Victor Blanchard não levou o nome de “Sinárquica” senão mais tarde, e isto com o único objetivo de render homenagem à alta personalidade espiritual de Saint-Yves d’Alveydre.

Ordens Martinistas existem, desta forma, um pouco por todas as partes, cada uma com seu Grão Mestre, pretendendo-se sempre a única legítima e regular. Existe inclusive uma “Regência do Martinismo Tradicional”, que se apresenta como única na matéria.

Não existe, pois, nenhuma possibilidade válida para afirmar a “regularidade” de um Grão Mestre Martinista e Papus mesmo nunca quis que se referissem a ele para legitimar sua Ordem.

Quando chegou a certo grau de iluminação espiritual e de compreensão mística, pensou no futuro da Ordem Martinista e não sentiu, em absoluto, a obrigação de designar um sucessor, nem tinha previsto nenhum modo de eleição para a sucessão.
O Martinismo, enquanto Ordem, tendo terminado sua missão deveria, no espírito de Papus, somente orientado para a mística, voltar ao verdadeiro espírito Martinista individual, cessando toda existência.

Qualquer continuação do cargo do qual Papus se tinha revestido, e seja qual for o título é, pois, não só ilegítimo, mas também uma contradição com sua vontade final.

Quando em junho de 1945, uma reunião organizada por Augustín Chaboseau para constituir uma Sociedade dos Amigos de Saint-Martin e estudar o despertar da Ordem, a maioria dos presentes decidiu renunciar à via da obediência. Ignorando esse desejo, o Irmão Lagrèze conseguiu do Irmão Augustín Chaboseau que pusesse em vigor a Ordem da qual tinha sido o Grão Mestre em 1939.

Aqueles que conheceram bem o Irmão Chaboseau recordarão suas dúvidas, suas reticências durante esse o período, Setembro de 1945, e os últimos dias de sua vida. Mais que ninguém, quiçá, parecia-lhe uma contradição manifesta não só a existência de uma Ordem Martinista e o pensamento do próprio SaintMartin, mas também entre a liberdade individual e individualista do Filósofo Desconhecido e o cargo falaz de Grão Mestre. Para o Irmão Augustín Chaboseau, a existência de uma Ordem e de um Grão Mestre não lhe parecia mais que uma necessidade, assim como nos tempos de sua juventude com Papus, Michelet e Chamuel.

E há uma razão mais profunda, mais essencial, que governa todo o comportamento espiritual de um fiel ao espírito do Filósofo Desconhecido.

O Martinismo é cristão, essencial e integralmente cristão e não se poderia conceber um Martinista que não seja fiel a Cristo – ao Cristo Jesus, único Salvador e Reconciliador, Encarnação do Verbo.

Fica claro que grande número de Martinistas não é e continua a não ser penetrado por este espírito, perfeitamente universal no sentido cabal do termo. Desejando singularizarse, particularizar-se, cobiçando presidências, grandes maestrias, títulos e honras, em nome de um filósofo cuja modéstia e simplicidade são proverbiais, parecem desconhecer um dos primeiros preceitos cristãos, posto que a função, o título e as honras inerentes ao cargo de um Grão Mestre são absolutamente incompatíveis com a própria noção do espírito Martinista.

Há que recordar a rejeição que demonstravam Augustín Chaboseau e Octave Béliard para esse apelo: Augustín Chaboseau só aceitava o título de Presidente, para evitar os desvios para os quais se arriscavam a ir todos aqueles que queriam prevalecer-se desses títulos “Soberanos” pelos quais Papus se entusiasmava em sua juventude.

Perfeitamente convencido de que todas as deformações, todas as disputas de legitimidade e de regularidade, não tem razão de ser senão em função da existência desta Ordem Martinista e de todas as Ordens rivais que a sucederam, creio que cheguei a esta compreensão profunda de que, as dissensões, sejam quais forem suas aparências, não darão nada mais que provas da ilegitimidade congê- nita de toda Ordem Martinista oficializada. Concluí que era honesto dar-lhes a conhecer o resultado de minhas reflexões.

Levaram-me a esta convicção de que, se desejasse permanecer na linha e na tradição dos Filósofos Desconhecidos, especialmente do último, Louis Claude de Saint-Martin, não seria possível pertencer a nenhuma Ordem Martinista, seja qual for o qualificativo que se queira acrescentar, para diferenciá-la das demais e parecer superior a elas.

Por isso acreditei que era meu dever expor-lhes as razões que me levam a renunciar ao cargo e à dignidade de Grão Mestre da Ordem Martinista Tradicional. Rogo-lhe me considerem como demitido da Ordem.

Ao não ter que designar um sucessor, posto que, por um lado os Regulamentos Gerais e Particulares da O.M.T nunca foram determinados e, por outro lado por não reconhecer nenhum outro valor que a presidência administrativa ao pretendido cargo, me parece difícil que um novo Grão Mestre possa fazer-se reconhecer urbi et orbi, salvo por aqueles que, por sua própria vontade, desejarem que isso seja assim.

Desejo, sinceramente, que em razão deste fato, o Martinismo volte a ser o que deveria ter sido sempre: uma simples agrupação de mentes, unidas somente pelas mesmas aspirações espirituais e guiadas para a mesma busca pela única Luz do Cristo, fora de qualquer preocupação de Ordem ou de Obediência.

Pelo mero fato da minha demissão, declaro naturalmente isentos dos juramentos de fidelidade que me prestaram durante as recepções a todos aqueles que foram membros da Ordem Martinista Tradicional. Rogo-lhes que acreditem, querida Irmã e querido Irmão, que esta demissão não afeta em nada os sentimentos afetuosos e fraternais que nos unem e que conservaremos com toda liberdade, como verdadeiros fiéis espirituais do Filósofo Desconhecido. Jean Chaboseau

NOTA: Convém, com toda imparcialidade, elogiar o autor por sua sinceridade, sua modéstia e seu espírito de equidade.

Este documento foi publicado em sua integridade por Philippe Encausse em sua obra: “Sciences Ocultes” ou “25 annees d’occultisme occidental. PAPUS, sa vie, son ouvre”. Editions Ocia, 1949.

FONTE:
Carta de Demissão de Jean Chaboseau como Grão Mestre da Ordem Martinista. Disponível em: < http://oalvorecer.com.br/carta-de-demissao-de-jean-chaboseau-como-grao-mestre-da-ordem-martinista-tradicional/#more-752>. Acesso em: 10 ago. 2016.

Carta de Demissão de Jean Chaboseau como Grão Mestre da Ordem Martinista. In Boletim da Sociedade das Ciências Antigas. v. II, ed. XIV, jun. 2011. p. 21-26. Disponível em: <http://www.sca.org.br/uploads/news/id174/BoletimSCA14-06-11.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2016.




Lettre de démission de Jean Chaboseau en tant que Grand Maître de l'Ordre Martiniste

Cette lettre de Jean Chaboseau, troisième grand maître de l’Ordre martiniste traditionnel (OMT) après Victor-Emile Michelet et Augustin Chaboseau, est extraite de l’ouvrage du Dr Philippe Encausse, Sciences occultes ou 25 années d’occultisme occidental. Papus, sa vie, son œuvre, Paris, OCIA, 1949, pp. 70-79. Parce que cet ouvrage est devenu introuvable ou presque, et que cette lettre est un document capital pour l’histoire du martinisme moderne, notamment citée par Robert Ambelain ou Robert Amadou, nous avons souhaité la reproduire ici-même afin de la rendre à nouveau accessible à un plus grand nombre. En 1949, Philippe Encausse louait la franchise, la modestie et l’esprit d’équité de son auteur, qui venait ainsi de renoncer à la présidence de l’OMT. Ses arguments sont dignes de respect, qui rétablissent la vérité sur “l’initiation” de Saint-Martin. Quant aux propos sur la F.U.D.O.S.I. et sur l’AMORC, ils sont à replacer dans le contexte de l’époque.

En 1947, l’OMT disparut donc en France, mais la délégation américaine de Ralph M. Lewis persévéra. En 1959, Raymond Bernard reçu mandat de Lewis pour réimplanter l’O.M.T. en France et dans les pays francophones où l’on sait qu’il est aujourd’hui l’un des ordres martinistes les plus importants.

Serge Caillet.



Septembre 1947.

Très chère Sœur, très cher Frère,

Lorsqu’en Janvier 1946, le Frère Augustin Chaboseau me désigna pour lui succéder à la présidence de l’Ordre Martiniste Traditionnel, désignation contresignée par les membres du Suprême Conseil en exercice et que je fus appelé à occuper cette charge, un certain nombre de questions se posèrent à mon esprit. A cette époque, je les écartais provisoirement pour tenter de mettre sur pied cet Ordre qui, il faut bien le dire, débutait à nouveau. Les attaques dont je fus l’objet comme les soutiens morauxque je rencontrais me poussèrent à persévérer dans ce que certains ont bien voulu appeler “une mission”.

Depuis cette date, la vie même à l’O.M.T. avec ses difficultés tant matérielles que morales m’a obligé à reconsidérer la question fondamentale que j’avais éloignée et qui est non seulement celle de l’existence d’une Obédience, d’un Ordre Martiniste, mais aussi celle de la fonction même de Grand Maître de l’Ordre Martiniste.

C’est le résultat de ces réflexions que je livre à vos méditations.

Qui est légitime, qui est traditionnel du point de vue martiniste ?

Louis-Claude de Saint-Martin n’a jamais créé d’Ordre, d’organisation. Dans l’Ordre des Elus-Cohens, il a, comme les autres Réaux-Croix, contribué à la transmission et à la propagation d’un Ordre maçonnique. Mais après son départ de toute société et organisation, il a cessé de transmettre quoi que ce soit de ce genre, il n’a ni propagé, ni organisé, ni créé un ordre, une obédience, une société, car on ne saurait qualifier ainsi, avec tout ce que cette notion entraîne, la Société des Amis ou des Intimes à laquelle il est quelquefois fait allusion.

Lui-même l’a écrit à Liebisdorf ( Lettre CX ) :
“La seule Initiation que je prêche et que je cherche de toute l’ardeur de mon âme est celle où nous pouvons entrer dans le cœur de Dieu et faire entrer le cœur de Dieu en nous... Il n’y a d’autre mystère pour arriver à cette sainte Initiation que de nous enfoncer de plus en plus jusque dans les profondeurs de notre être, etc...”.

 Et dans cette même lettre il fait le parallèle entre cette Initiation et :
 “... Ces initiations par où j’ai passé dans ma première école et que j’ai laissées depuis longtemps pour me livrer à la seule qui soit vraiment selon mon cœur... Je puis vous assurer que j’ai reçu par la voie de l’intérieur des vérités et des joies mille fois au-dessus de ce que j’ai reçu par l’extérieur. Il n’y a plus d’initiation que celle de Dieu et de son Verbe Eternel qui est en nous, etc...”

Saint-Martin a donc, à partir d’un certain moment, cessé d’agir en initiateur avec formalisme, Rituel, Rites, etc...

Notre regretté Frère Augustin Chaboseau avait rédigé une note sur ce qui fut appelé son “initiation” par sa tante Amélie de Boisse-Mortemart, note qui ne laisse subsister aucun doute à cet égard. Il s’agissait uniquement de la transmission orale d’un enseignement particulier et d’une certaine compréhension des lois de l’Univers et de la vie spirituelle, ce qui, en aucun cas, ne saurait être considérée comme une initiation à forme rituélique. Les “lignes” qui aboutissent à Augustin Chaboseau, à Papus, à d’autres et qui partent de Saint-Martin sont, en effet, des lignes d’affinités spirituelles et ne sont en rien constituées par une suite ininterrompue de cérémonies intangibles dans le sein d’une même société et au nom de celle-ci. Car pour que l’on puisse parler d’une initiation traditionnelle, il est nécessaire qu’existe cette transmission d’un “souffle de vie”, d’une “influence spirituelle”, comme le fait justement remarquer René Guénon, au nom d’une organisation donnée, par des formules identiques et transmise sans qu’en soit changé un iota.

C’est précisément ici qu’apparaît la profonde contradiction existant, d’un côté, entre ce désir de libération intérieure qui doit se dégager de tout formalisme pour permettre à la personnalité spirituelle de se préciser hors des collectivités et, de l’autre, ce semblant de démenti que parurent lui apporter certains occultistes de la fin du XIXe siècle en créant leurs associations, ordres et sociétés.

Il y a une qualité d’âme qui constitue essentiellement le véritable Martiniste, c’est cette affinité entre les esprits unis par un même degré dans leurs possibilités de compréhension et d’adaptation, par le même comportement intellectuel, par les mêmes tendances et il s’en suit cette obligatoire constatation que le Martinisme est exclusivement composé d’êtres isolés, solitaires, méditant dans le silence du cabinet à la recherche de leur propre illumination.

Le devoir de chacun de ces êtres, lorsqu’il atteint à la connaissance des lois de l’équilibre, est de répandre autour de lui sa compréhension afin que ceux qui doivent entendre participent à ce qu’il croit être la vérité de sa vie spirituelle. C’est là que peut intervenir la “Mission de service” du Martiniste, c’est en ce sens seulement que ce courant spirituel particulier trouve sa place dans la Tradition occidentale. Mais un Martiniste véritablement “traditionnel” ne saurait agir valablement au nom d’un ordre de ce nom, parce qu’à ce moment il cesse d’agir selon les suggestions spirituelles du Philosophe Inconnu pour s’inféoder à une formation récente entièrement issue du mouvement intellectuel qui se donnait pour tâche de propager les doctrines “occultistes” à la fin du siècle dernier.

Car il n’est de régularité concevable pour un Ordre Martiniste que dans un rattachement sentimental vis-à-vis de Papus, puisqu’il n’existe aucune autre ancienneté pour un quelconque Ordre Martiniste que la création d’un Suprême Conseil en 1891 par Papus. Celui-ci, avec les amis dont il s’était entouré, avait tout créé, organisé, les Rituels même n’existaient pas malgré les légendes. On “n’initiait” qu’avec les “Cahiers de l’Ordre”, dont la rédaction est de cette époque. Il n’y eut, au début, entre 1891 et 1900, aucune réunion fermée analogue à celle des Loges. Ce ne fut qu’après sous l’influence d’un élément devenant prépondérant, que l’Ordre Martiniste devint une réelle obédience, mais c’était une organisation calquée sur les ordres maçonniques, ce que l’on nomme la para-maçonnerie. Cela est si vrai que fut toujours maintenue “l’Initiation libre” parallèlement à “l’Initiation” en Loge, souvenir de cette liberté individuelle dont jouit tout véritable martiniste en dehors par principe même de toute obédience.

L’absence totale de Rituels anciens, y compris ceux qualifiés  “du XVIIIe siècle” a permis à chaque membre qui l’a désiré d’en composer un. C’est ainsi que celui de Téder a pu être considéré par certains comme celui de l’Ordre Martiniste alors que l’on sait qu’il n’en est rien. En ce sens tout Rituel est valable puisque composé par un Martiniste et inacceptable en lui-même puisque ne répondant pas à son objet: servir de cadre antique et rigide à une transmission spirituelle déposée en son sein. Or ce cadre est vide quel que soit la formation martiniste qui prétend figurer à l’intérieur, puisqu’il n’existe aucune transmission rituélique de ce genre et ce cadre même est sans portée magique puisqu’il ne s’appuie sur aucune tradition réelle.

Les deux lettres et les six points en quoi consisterait l’essence de la Tradition martiniste sont une adoption de Papus, ainsi que la division en trois degrés d’une initiation que, par contre, certains autres considèrent comme se composant d’un unique grade. Ce qui ne signifie nullement que ces symboles ne puissent avoir, par ailleurs, une portée profonde et une réelle valeur.

 Tout ce qui précède ne vise encore l’une des questions envisagées, celle qui se rattache à la légitimité d’un « Ordre Martiniste ».

 Il reste évident que rien n’empêche des esprits formés à cette compréhension particulière de la vie spirituelle que l’habitude fait appeler le Martinisme, de se grouper pour étudier des textes, mettre en commun le fruit de leurs propres réflexions et que ces réunions sont légitimes si elles sont libres et si elles ne visent en aucune façon à constituer ou à devenir une quelconque Obédience.

 La question primordiale, à mon avis, est celle qui apporte la plus grande contradiction à l’esprit libre et libéré de Saint-Martin lui-même, celle qui lui est un démenti flagrant et perpétuel, l’existence d’un grand Maître du Martinisme, d’une personnalité qui se prétendrait dépositaire de la Tradition du Philosophe Inconnu et qui serait investie par droit de succession de la charge de régulateur suprême de cette tradition, de cette “Initiation”.

 Après le décès de Papus, il n’exista plus de continuité pour la présidence de l’Ordre Martiniste; Papus n’avait pas désigné de successeur et si certains membres élurent Téder, une grande partie de l’accepta point. Victor Blanchard, alors secrétaire général de l’Ordre, qui, cependant avait signé la proclamation de Téder comme deuxième Grand Maître, refusa bientôt de suivre cette organisation véritablement nouvelle tant par ses rites que par sa composition et les nouvelles obligations qu’il imposait à ses membres. Blanchard constitua alors à son tour un Ordre Martiniste, dont il fut reconnu Grand Maître. Téder aurait désigné Bricaud – de bons esprits prétendent que ce dernier se serait proclamé lui-même – et Bricaud eut pour successeur Chevillon. Celui-ci assassiné, l’Ordre Martiniste nouvelle manière (car les tendances maçonniques s’étaient accusées et une fusion hybride s’était constituée avec diverses organisations) eut pour continuateurs les Frères Dupont et Debeauvais. Aujourd’hui, on ne sait exactement pas de qui ils sont les successeurs, malgré leurs affirmations de seule régularité martiniste.

En 1931, un certain nombre d’anciens membres du Conseil de Papus se réunirent et, n’acceptant pas les nouvelles directives de Bricaud, voulurent reconstituer l’Ordre Martiniste de Papus et celui-ci seulement puisque l’on savait qu’il était impossible de remonter plus haut. C’est alors que le Frère Augustin Chaboseau fut élu Grand Maître. Il désigna, parce que plus âgé que lui, le Frère Victor-Emile Michelet et au décès de Michelet, comme celui-ci n’avait pas désigné de successeur, on revint à la primitive élection d’Augustin Chaboseau.

Une organisation internationale se prétendant supérieure à toutes les autres et se présentant comme habilitée (par qui, on ne le saura peut-être jamais ...) à régulariser les Sociétés dites Initiatiques, a voulu, en 1934, à Bruxelles, incorporer le Martinisme : elle a reconnu comme seul “régulier” l’Ordre Martiniste et Synarchique de Blanchard et, en 1939, ce fut l’Ordre Martiniste présidé par Augustin Chaboseau qui fut à son tour “reconnu”. Les liens de cette organisation, la F.U.D.O.S.I. (Fédération Universelle des Ordres et Sociétés Initiatiques) avec l’A.M.O.R.C. (Etats-Unis) et diverses autres sociétés analogues, interdisent à toute personne de bonne foi de la prendre trop au sérieux. Notons en passant que l’Ordre Martiniste de Victor Blanchard ne prit que plus tard le nom de “Synarchique”, ceci dans le seul but de rendre hommage à la haute personnalité spirituelle de Saint-Yves d’Alveydre. Des Ordres Martinistes existent ainsi un peu partout, avec chacun leur Grand Maître, se prétendant toujours seul légitime et régulier. Il existe même une “Régence du Martinisme Traditionnel” qui se présente comme l’unique autorité en la matière.

Il n’y a donc aucune valable possibilité d’affirmer la “régularité” d’un Grand Maître Martiniste et Papus lui-même n’a jamais désiré que l’on se référât à lui pour légitimer son Ordre. Lorsque parvenu à un certain stade d’illumination spirituelle et de compréhension mystique, il envisagea l’avenir de l’Ordre Martiniste, il n’a nullement senti l’obligation de se désigner un successeur, ni prévu un quelconque mode d’élection pour cette succession.

 Le Martinisme en tant qu’Ordre, sa mission irrévocablement terminée, devait, dans l’esprit de Papus uniquement orienté vers la mystique et revenant ainsi au véritable esprit martiniste individuel, cesser toute existence. Toute continuation de la charge dont s’était investi Papus et quel qu’en soit le titre est donc, non seulement illégitime, mais en contradiction avec sa volonté finale.

Lorsqu’en juin 1945 eut lieu autour de la personne d’Augustin Chaboseau une réunion pour constituer une Société des Amis de Saint-Martin, et étudier le réveil de l’Ordre, la majorité des présents décida de renoncer à la vie obédientielle. Passant outre à ce désir, le Frère Lagrèze obtint du Frère Augustin Chaboseau qu’il remit en vigueur l’Ordre dont il était le Gand Maître en 1939. Ceux qui ont bien connu le Frère Chaboseau se souviennent de ses hésitations, de ses réticences entre la date de ce geste, septembre 1945, et les derniers jours de sa vie. Plus qu’à personne peut-être lui apparaissait la contradiction manifeste entre non seulement l’existence d’un Ordre Martiniste et la propre pensée de Saint-Martin, mais encore entre la liberté individuelle et individualiste du Philosophe Inconnu et cette charge fallacieuse de Grand Maître. Pour le Frère Augustin Chaboseau, l’existence d’un Ordre et d’un Grand Maître ne lui apparaissaient plus comme des nécessités ainsi qu’au temps de sa jeunesse avec Papus, Michelet et Chamuel...

 Et il est une raison plus profonde, plus essentielle, qui commande tout le comportement spirituel d’un fidèle de l’esprit du Philosophe Inconnu.

 Le Martinisme est chrétien, essentiellement et intégralement chrétien et l’on se saurait concevoir un Martiniste qui ne soit pas un fidèle du Christ - Du Christ Jésus seul Sauveur et Réconciliateur, Incarnation du Verbe. Il apparaît bien qu’un grand nombre de Martinistes n’ont pas été et ne sont pas sans doute toujours pénétrés de cet esprit parfaitement universel dans le sens le plus complet du terme. En désirant se singulariser, se particulariser, en souhaitant présidences, grandes maîtrises, titres et honneurs, au nom d’un philosophe dont la modestie et la simplicité sont proverbiales, ils paraissent méconnaître l’un des premiers préceptes chrétiens, car la fonction, le titre et les honneurs inhérents à la charge d’un Grand Maître sont absolument incompatibles avec la notion même de l’esprit martiniste. Il n’est que de se souvenir de la répugnance dont faisaient preuve Augustin Chaboseau et Octave Béliard pour cette appellation, Augustin Chaboseau n’acceptant que le titre de Président, pour saisir les déviations vers lesquelles risquent d’aller tous ceux qui veulent se prévaloir de ces titres “Souverains” pour lesquels Papus en sa jeunesse s’enthousiasmait.

 Parfaitement convaincu que toutes les déformations, toutes les querelles de légitimité et de régularité, n’ont de raison d’être qu’en fonction de l’existence de cet Ordre Martiniste et de tous les Ordres rivaux qui lui ont succédé, je crois être parvenu à cette compréhension profonde, que les dissensions, quelles que soient leurs apparences, n’apportent que des preuves de l’illégitimité foncière de tout Ordre martiniste officialisé. J’ai estimé qu’il était honnête de vous faire part du résultat de mes réflexions.

Elles m’ont amené à cette conviction que, si l’on désirait rester dans la ligne et la tradition des Philosophes Inconnus, et spécialement du dernier, L. C. de Saint-Martin, il n’était pas possible d’appartenir à un quelconque Ordre Martiniste, quel que soit le qualificatif que l’on veuille bien lui accoler pour le différencier des autres et paraître le rendre supérieur à eux. C’est pourquoi j’ai estimé qu’il était de mon devoir de vous exposer les raisons qui me font renoncer à la charge et dignité de Grand Maître de l’Ordre Martiniste Traditionnel. Je vous prie donc de me considérer comme démissionnaire de cet Ordre.

 N’ayant à désigner aucun successeur, car, d’une part, les Règlements Généraux et Particuliers de l’O.M.T. n’ont jamais été déterminés, et, d’autre part, ne reconnaissant aucune valeur autre que de présidence administrative à cette prétendue charge, il me parait difficile désormais qu’un nouveau Grand Maître puisse se faire reconnaître urbi et orbi, sauf par ceux qui, de leur seule volonté, désirent qu’il en soit ainsi.

 Je souhaite sincèrement qu’en raison de ce fait, le Martinisme redevienne ce qu’il aurait dû toujours rester : un simple rassemblement d’esprits, unis seulement par les mêmes aspirations spirituelles, et guidés vers les mêmes recherches par la seule Lumière du Christ...en dehors de toute préoccupation d’Ordre ou d’Obédience.

 Par le seul fait de ma démission, je déclare naturellement relevés des serments d’allégeance qu’ils ont pu me prêter lors de leurs réceptions, tous ceux qui furent les membres de l’Ordre Martiniste Traditionnel.

 Je vous prie de croire, très cher Sœur et très cher Frère, que cette décision n’entache en rien les sentiments affectueux et fraternels qui nous relient et que nous conserverons en toute liberté comme de véritables fidèles spirituels du Philosophe Inconnu.

 Jean Chaboseau

FONTE:

Jean Chaboseau, septembre 1947. 07 septembre 2012. Disponível em: < http://omrunis.canalblog.com/archives/2012/09/07/22999097.html>. Acesso em: 10 ago. 2016.