terça-feira, 26 de julho de 2022

VIDA NOVA

 


SONETO XI


Por Dante Alighieri

 

Tanto amor traz no olhar a minha amada

que quem a vê, de vê-la se enobrece;

todos se voltam quando ela aparece

e àquele a quem saúda ao ser saudada,

treme-lhe o peito, o rosto empalidece,

que sente, suspiroso, a alma culpada

e os ódios e a soberba logo esquece.

Louvai comigo, damas: que a adorada

dama que eu louvo, nossa voz consagre.

Ela traz a doçura que enternece

e louva a quem a viu (que assim se exalta).

Para falar do seu sorriso falta

palavra à idéia, que ela mais parece

milagre novo e bem gentil milagre.

 

 

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Ne li occhi porta la mia donna Amore,

per che si fa gentil ciò ch'ella mira;

ov'ella passa, ogn'om ver lei si gira,

e cui saluta fa tremar lo core,

sè che, bassando il viso, tutto smore,

e d'ogni suo difetto allor sospira:

fugge dinanzi a lei superbia ed ira.

Aiutatemi, donne, farle onore.

Ogne dolcezza, ogne pensero umile

nasce nel core a chi parlar la sente,

ond'è laudato chi prima la vida.

Quel ch'ella par quando un poco sorride,

non si pò dicer né tenere a mente,

sì è novo miracolo e gentile.

 
 

REFERÊNCIA:

ALIGHIERI, Dante. Vida nova – Vita Nuova. Os poemas. Jorge Wanderley (trad.). Rio de Janeiro: Livrarias Taurus-Timbre editores, 1988. p. 44-45.

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