terça-feira, 26 de julho de 2022

O ABRIGO

 



II.8


Por Boécio


Se és prudente e desejas

Estabelecer-te duradouramente em algum lugar;
Se estás decidido a não te dobrar
Às rajadas ensurdecedoras
Do Euro, e a desprezar as ameaças
Das vagas do Oceano,
Não construas tua casa
Em cimos montanhosos
Ou nas areias instáveis.
Lá em cima, o Austro impetuoso
Se manifesta com todas as suas forças;
Embaixo, as areias resvalam
E não fornecem alicerce seguro.
Foge dos perigos dissimulados
Em locais deslumbrantes.
Não te esqueças de construir tua casa
Sobre a pedra sólida.
O vento poderá soprar a qualquer hora
E agitar a superfície do mar;
Feliz de estar ao abrigo
Dentro de tuas quatro paredes,
Tu usufruirás de dias amenos
E zombarás da fúria dos climas.

REFERÊNCIA:
BOÉCIO. A consolação da filosofia. Marc Fumaroli (prefácio); Willian Li (tradução). 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012. p. 37.

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