quinta-feira, 25 de junho de 2015

A LOJA AS NOVE MUSAS - PARTE 1


A LOJA AS NOVE MUSAS E SEU VENERÁVEL MESTRE, BENJAMIN FRANKLIN – PARTE 1


 Avental de Voltaire.


Por Nicolas Hans
Tradução de Helios Lavrador da Silva Lima, MM, MRA, KT
Notas de J. W. Kreutzer-Bach
Publicado originalmente nas Atas da American Philosophical Society, vol 97, nº 5 (outubro de 1953) e reproduzido em Heredom, The Transactions of the Scottish Rite Society, vol. 9, 2001, editado pelo Irmão S. Brent Morris, 33º, GC


Desde a época de Roger Bacon, a ideia de se criar um centro internacional de investigação cientifica para a difusão da luz do conhecimento entre as nações era o modelo favorito dos cientistas e filósofos dos séculos XVII e XVIII. Ele era geralmente aludido como a Casa de Salomão entre os virtuosos e mais tarde entre os Maçons.

As razões para tal centro basearam-se em três motivos:

·        religioso, para descobrir o plano divino do arquiteto do universo;

·        intelectual, para descobrir os segredos da natureza e suas leis; e

·        utilitário, para melhorar o estado do homem.

Assim, o primeiro motivo foi teleológico, para encontrar o propósito; o segundo, científico, para encontrar as causas; e o terceiro, econômico, para aplicar os efeitos do conhecimento na vida real. Comenius com sua metodologia Pansofica; o honorável Robert Boyle e seu Colégio Invisível; Samuel Hartlib e seu círculo – eles todos seguiram as ideias de Bacon e tentaram construir uma Casa de Salmão.

Esta tradição passou para a reformada Maçonaria – “especulativa” – do século XVIII e foi a força dinâmica por trás das enciclopédias, a difusão da luz do conhecimento (la diffusion de la lumière) e a promoção das artes e dos ofícios.

Quando Benjamin Franklin chegou à Inglaterra, ainda um homem jovem, pisou no meio do movimento. John Theophilus Desaguliers, o pai ideológico e fundador da Maçonaria especulativa, estava no auge de sua fama, como o primeiro palestrante público sobre “filosofia experimental” e as academias seculares privadas, com seus novos métodos e currículos, começaram a florescer.

Tão logo Franklin retornou à Filadélfia, estabeleceu seu famoso clube “quase maçônico”, chamado Junto. Embora jovem demais para ser aceito na Maçonaria na Inglaterra, tão logo completou 25 anos entrou para a Ordem, na Filadélfia. Durante a sua terceira estada na Inglaterra, 1764-1775, Franklin se tornou rapidamente um dos líderes dos muitos círculos de estudo e propagação do Iluminismo.

Juntamente com David Williams, ele fundou uma sociedade deísta e ajudou a Williams a escrever sua liturgia bem conhecia, Liturgia Universal. Mais tarde, esta sociedade, em parte sob o impacto da longa permanência de Franklin – 1764 a 1775 –, foi o centro das atividades pró-americanas na Inglaterra durante a guerra (que resultou na independência das 13 colônias americanas do Império Britânico). Franklin foi, evidentemente, um dos fundadores ou até mesmo o fundador da Grand Lodge of England of the Constitutional Whigs and Friends of the People (Grande Loja de Inglaterra dos Whigs Constitucionais e Amigos do Povo), conhecidos como os Os Honestos Whigs, que estavam por trás de muitos dos clubes e sociedades para a difusão do conhecimento político. No entanto, todas essas atividades febris foram ceifadas pelo início da guerra e pelo retorno forçado de Franklin à Filadélfia. Sua nomeação como o enviado norte-americano para a França deu-lhe uma nova e melhor chance de conceber seu sonho de um centro internacional, como, aliás, já tinha sido estabelecido em Paris, antes de sua chegada.

Na América, assim como na França, a influência inglesa foi o ponto de partida para o novo movimento de “diffusion de la lumière”. John Locke foi o mais popular filósofo depois de Descartes e suas ideias foram disseminadas na França por filósofos, políticos e educadores.

Lorde Bolinbroke foi outro inglês que, pelos seus contatos pessoais com os líderes franceses influenciou a difusão da luz. Em 1724, em seu exílio juntamente com o abade Alary, ele fundou o Clube de L’Entresol, no Hotel Presidente Henault, na praça Vendôme. Lá, Montesquieu, Ramsay, D’Argenson, o abade St. Pierre e outros trocavam ideias sobre religião, política e pesquisa científica. Embora o clube tenha sido fechado pelo cardeal Fleury (intendente de polícia) em 1731, foi um dos primeiros círculos que, mais tarde, teria um papel importante na França. O chevalier Ramsay, que introduziu a Maçonaria (dos Altos Graus) na França, em 1736 foi eleito Orateur de la Grand Loge de France, de acordo com a Mémorie, de Lalande. Ele fez seu discurso inaugural, em que afirmaria que a Ordem, além das próprias obrigações maçônicas, deveria ter como objetivo a difusão prática das ciências e das belas artes. Em seu discurso ele mencionou o clube de L’Entresol e Cyclopaedia (1).

É visão aceita, entre historiadores maçônicos, que o discurso de Ramsay foi o ponto de partida da Grande Enciclopédia. Montesquieu, La Chalotais tinha sido iniciados na Maçonaria na Inglaterra e, no seu retorno, tornaram-se os líderes da diffusion de la lumière na França.

Helvetius juntou-se à Ordem antes de sua ida à Inglaterra em 1764. Enquanto estava lá, conhecera líderes Maçons ingleses e fellows (companheiros, membros) da Royal Society e ficara impressionado com suas atividades científicas.

Na França, Helvetius era membro do círculo mais tarde conhecido como os Fisiocratas, que se reunia em torno de Fraçois Quesnay e Victor Mirabeay. Aqui Helvetius conheceu Turgot, Dupont de Nemours e muitos economistas e cientistas. Talvez tenha sido ali que pela primeira vez ocorreu a ele a ideia de um centro internacional de iluminação. Em 1739, Vauvenargues escreveu a Mirabeau sobre esses encontros:

“Quão agradável ser capaz de viver com homens de todos os países, de todas as províncias e todas as nações, e reunir em um ponto todos os raios de luz dispersos nesta multidão, que concentra em seu seio todos os conhecimentos, todos os sentimentos e todo o talento do mundo!”

Esta declaração claramente expressa a ideia da Casa de Salomão.

Depois do retorno da Inglaterra, Helvetius, com seu amigo Lalande, fundou a Loja Les Sciences, que reuniu todos os Maçons-cientistas residentes em Paris na época.

Ele e Lalande conceberam a ideia para transformar a Loja em um centro internacional, incluindo cientistas estrangeiros e, para ampliar o âmbito da Associação, convidar representantes das ciências humanas e das belas artes. No entanto, neste período, a Maçonaria francesa, sob a condução do duque de Clermont, passava um período de declínio temporário. O governo francês, influenciado pelas condenações das bulas papais, olhava-a com desconfiança. Helvetius decidiu adiar seus planos, mas veio a morrer em 1771, sem conseguir realizá-los. O duque de Clermont morrera antes dele. Com isso, as duas organizações rivais, a Grande Loja e o Grande Oriente foram reorganizadas sob o novo Grão-Mestre, o duque de Chartres (Felipe D’Orleans após 1785) no Grande Oriente de França.

O sucessor de Helvetius, Lalande, que teve importante participação na reorganização do Grande Oriente de França, considerou o momento propício para a fundação da nova Loja. Como os novos regulamentos da Potência permitiam o estabelecimento de tais lojas, Lalande conseguiu superar a oposição dos membros aristocráticos mais conservadores da antiga Grande Loja.

A nova Loja foi devidamente registrada sob o nome de Les Neuf Soeurs, em 5 de julho de 1776. Lalande foi eleito seu primeiro Venerável. Os outros oito fundadores foram o abade Cordier de St. Firmin, o abade Robin Fallet, De Cailhava, De Perny, o chevalier De Cubiéres, J.J. Garnier e Chavet, todos conhecidos literatos ou cientistas.

Sob regulamentos especiais, esta Loja aceitava, em adição às obrigações maçônicas gerais, um dever para com la culture des sciences, des lettres et des arts. O número de membros não era limitado, como nas lojas comuns. Os regulamentos desta Loja excepcional estabelecia os talentos que a Loja Les Neuf Soeurs espera de seus candidatos, para justificar seu nome, que incluem as ciências e artes liberais. Todos os candidatos devem possuir talento nas artes ou ciências, que tivessem sido comprovados por trabalhos publicados.

Exceções foram feitas a pessoas de postos mais altos na aristocracia ou sociedade civil que promovessem as artes e as ciências como mecenas. Além disso, de cada novo membro esperava-se que apresentassem um trabalho na primeira reunião depois de sua recepção. Aos músicos, que executasse um trecho de sua própria composição.

Foi criado um fundo de 1.200 libras para a publicação das obras dos membros nos ramos da ciência, literatura, artes plásticas, música, pintura, gravura etc. Nove comissários, um para cada ramo, foram nomeados como juízes considerou-se o subsídio como um empréstimo a ser amortizado para novo uso futuro. Duas cópias deveriam ser submetidas à biblioteca da Loja. Outra regulamentação intimava membros iniciados – que fosse advogados, médicos e cirurgiões – a prestar seus serviços grátis para todos que fossem recomendados pela Loja.

Como em todas as outras Lojas, membros de todas as nações e credos foram aceitos desde o início.

Este curto relato torna evidente que o título de UNESCO – United Nations and Education, Scientific and Cultural Organization – seria bastante adequado como descritivos das atividades da Loja Les Neuf Soeurs.

A Loja cresceu muito rapidamente em números, afiliando todos os Maçons qualificados por sua regulamentação especial. Por exemplo, a bem conhecida Loja Le Contrat Social, composta por escritores, historiadores e economistas juntou-se à Les Neuf Soeurs, com seu Venerável, o marquês de la Salle no Veneralato. Muitos Maçons estrangeiros que visitaram Paris afiliaram-se também a ela. Em 1778, o número de membros registrados ascendera a 180, dos quais cerca de 40 eram estrangeiros, incluindo Maçons britânicos, americanos, italianos, alemães, espanhóis, holandeses, russos e poloneses.

Aproximadamente mais 80 membros foram adicionados durante os anos de 1779-1784, de acordo com os registros dos anos 1778, 1783 e 1784, vistos por Amiable (2). O que ele não sabia era da existência do registro para 1779, que Franklin havia trazido para a América e que adicionava outros vinte nomes. Destes quatro registros, verificamos que cerca de 20 novos membros eram iniciados por ano.

De 1784 a 1792, quando a loja foi temporariamente fechada, durante o Terror (3) (período crítico da Revolução Francesa), nós devemos, portanto, acrescentar cerca de 150 novos membros, de acordo com esta base de cálculo.

Consequentemente, o número total de membros, durante 1776-1792, provavelmente seria igual a 400 eminentes homens de ciência, educação e artes de todos os países da Europa e América.

Esta foi uma concentração sem precedentes de talentos em uma organização que adequadamente respondia ao sonho de Bacon, o da Casa de Salomão. Pela falta de espaço, selecionei apenas 100 nomes que constam do apêndice.

As atividades da Loja podem ser classificadas em três categorias.

A ritualística maçônica, que era realizada em segredo, com o uso de insígnias maçônicas e ritual, consistia principalmente da iniciação e instrução de novos membros, eleição do oficialato e discussão das relações internas dentro do Grande Oriente. Porém, palestras com conteúdo baseado em matemática, arquitetura e princípios morais da Maçonaria eram usuais nessas reuniões.

A segunda parte de suas atividades foi principalmente a social, para possibilitar os membros a confraternizarem-se com suas esposas e irmãs. Muitas destas senhoras pertenciam às Lojas femininas afiliadas. A grande inspiradora, o espírito condutor desta parte, era a viúva de Helvetius, Mme. Anne-Catherine de Ligniville Helvetius. Ela pertencia a uma tradicional família aristocrática, a dos condes de Ligniville, da Lorena, relacionados com os Habsburgos. Era, portanto, uma parente distante da rainha Marie-Antoinette.

Sua casa, em Auteuil-Neuilly-Passy, perto de Paris, era um centro regular para estes encontros sociais. Benjamin Franklin, que era seu vizinho em Passy, e o economista Turgot foram seus amigos íntimos. Ela, entretanto, preferiu permanecer fiel à memória de seu marido – o que não impediu que Franklin lhe escrevesse apaixonadas cartas de amor. Várias relíquias maçônicas de seu marido foram presenteadas à Loja, como, por exemplo, o avental – tablier symbolique – que Voltaire usara nas reuniões da loja.

Em julho de 1778, a Loja comemorou a festa de São João, no solstício de verão, em sua casa. Foi uma homenagem a Franklin, quando o mesmo avental foi-lhe presenteado como o herdeiro de Helvetius e Voltaire. Ainda que Maçom antigo e visitante frequente da Loja, ele só seria oficialmente filiado na primavera de 1778.

Franklin teve uma participação importante na recepção oficial de Voltaire, no dia 7 de abril de 1778. Outros dois famosos estrangeiros, o conde Alexander Stroganov, um russo, e Giovani Fabroni, um italiano, atuaram junto com Franklin naquele dia.

A terceira parte das atividades da Loja era dedicada à difusão de uma instituição educacional, chamada Le Musée de Paris.

Em 21 de maio de 1779, Franklin foi eleito Venerável. Como seu Veneralato foi renovado em 1780, ele foi o líder oficial da Neuf Soeurs por dois anos. A eleição de um novo Venerável era usualmente celebrada com um grande encontro, com a presença de Maçons da maioria das lojas de Paris e de suas esposas. Esta particular celebração, ocorrida na quarta-feira, 18 de agosto de 1779, foi aberta por um discurso do novo Venerável Franklin, seguido pela leitura da Elegia a Montaigne por Nicolas de la Dixmerie; pelo poema Novembre, por de Roucher; pela Elegia a Voltaire, em versos do dramaturgo Carbon de Flins des Oliviers; e pela leitura do prefácio de d’Hilliard d’Auberteuil dos seus Essais historiques et politiques sur les Anglo-Americaines, que incluíam um esboço do próprio Franklin. A festa concluiu-se pela apresentação do drama Pigmaleão, de Larepentir, por Garnier. O programa foi longo e não houve nenhuma dança ou bebida, que era uma característica dos encontros sociais em Auteuil. Mas permite vislumbrar a variedade de assuntos tratados pela Loja.

Um dos primeiros passos de Franklin como Venerável foi iniciar seus pupilos pessoais. Ele introduziu três americanos, John Paul Jones, Edward Bancroft e seu neto, William Temple Franklin, e o francês Ferdinand Grand. Apenas um dos quatro era devidamente qualificado de acordo com os regulamentos da Loja. Bancroft, na verdade, foi de fato um cientista e teve obras publicadas. John Paul Jones foi um famoso comandante naval e um perito em contrabando e em ciência aplicada à navegação. William Temple, porém, era um caso claro de nepotismo. Não apenas era muito jovem, como também não se distinguira de qualquer forma, exceto como secretário de seu avô. Ferdinand Grand era o banqueiro de Franklin e poderia qualificar-se como um perito financeiro e mecenas.

Infelizmente, os discursos obrigatórios destes três membros não foram preservados. Eles seriam uma interessante leitura como contribuições às Ciências e às Artes. Foi uma concessão definitiva aos desejos de Franklin e foi uma prática excepcional da Loja. Franklin mais tarde introduziu mais dois americanos, Thomas Jefferson e seu secretário, William Short.

Muito mais importante foi a influência de Franklin na terceira parte das atividades da Loja, a difusão da luz do conhecimento.

Era costume de que organizações maçônicas estabelecessem sociedades subsidiárias que eram públicas e, embora controladas pelos fundadores maçônicas, eram abertas a não Maçons.

Por iniciativa de Franklin a Societé Apollonienne foi fundada durante o segundo ano de seu veneralato, para a promoção de publicações e palestras.

Dois museus abriram-se para esta finalidade. Sua história inicial e relações com os outros são bastante obscuras e segundo a narrativa de Amiable não esclarece os eventos que estão emaranhados. O Musée de Paris foi instituído em 17 de novembro de 1780, com Court de Gebelin como presidente e muitos membros da loja como palestrantes.

Os cursos foram limitados a ciências humanas. Em 6 de março de 1784, o Musée deu uma festa em comemoração do Tratado de paz anglo-americana.

Franklin foi publicamente coroado e seu busto, feito por Houdon, foi apresentado. Os cientistas da Loja ficaram evidentemente isatisfeitos pelo caráter puramente humanista do Museu de Court de Gebelin e, sob a liderança de Pilátre de Rozier, o bem conhecido aeronauta, fundaram um museu rival em 11 de dezembro de 1781. Os dois museus foram alojados em edifícios separados e sua participação era distinta, embora em ambos a maioria era de membros da Les Neuf Soeurs. Em julho de 1783, durante a doença de Court de Gebelin, Cailhava foi eleito presidente do primeiro museu, contra a vontade de Gebelin.

Isso resultou em uma divisão aberta e, em setembro, Cailhava e seus seguidores se separaram e juntaram-se ao museu científico de Pilâtre. Antes da aderência de Cailhava e os seus, o segundo museu dedicava-se às ciências puras e aplicadas, com o ensino de línguas estrangeiras como temas suplementares. Cursos incluídos: a) físico-químicas, como introdução às artes e ofícios; b) físico-matemático, mecânica experimental; c) cursos sobre fabricação de têxteis, corantes e impressão têxtil; d) cursos sobre anatomia para escultores e pintores, incluindo elementos da fisiologia. Inglês, italiano e espanhol foram também ensinados com fins utilitários.

Quando Cailhava e os dissidentes, todos humanistas, se juntaram a Pilâtre (de Rozier), eles adicionaram cursos sobre literatura, história e geografia, ampliando a característica original estritamente utilitária do segundo museu para algo mais abrangente e liberal.

Dali em diante, o Musée de Pilâtre ofuscou a instituição de Court de Gebelin, que gradualmente foi diminuída e fechado com a morte deste.

O segundo museu tinha prosperado e tinha as seguintes cadeiras: história, com Marmontel e Garat como professores; Matemática, com Condorcert e de La Croix; Literatura, com La Harpe; Física, com Le Monge e Deparcieux; Química e Ciências Naturais, com Fourecroy; Anatomia, com o diretor Bontemps e o bibliotecário abade Le Roy.

Em 1785, após a trágica morte de Pilâtre, em sua travessia fracassada do Canal da Mancha em um balão, o Musée de Paris foi rebatizado Liceu de Paris. Então sob a proteção do conde de Provence (mais tarde Luís XVIII), todo o plano era ampliado para incluir ciências puras e ciências humanas.

Em dezembro de 1792, o Liceu de Paris foi rebatizado Lycée Republicain, para acalmar as suspeitas dos jacobinos. Durante este período, Brissot tentava transferir  o Liceu para Londres, de modo a torná-lo mais independente e internacional, fora da censura de Robespierre. Ele discutia este projeto com David Williams e Jeremy Bentham, mas os dois ingleses foram céticos e o projeto não foi consumado, embora Brissot tivesse coletado dinheiro e não tivesse poupado tempo e esforço. Ele foi para a América, mas fracassou lá também. Em 1802, quando Fourcroy adotou o nome de Liceu para as novas escolas secundárias napoleônicas, o velho Musée foi renomeado Athenée.

(Continua)

Notas da tradução

1.    A Chambers’ Cyclopaedia ou An Universal Dictionary of Arts and Sciences, de Ephraim Chambers, com dois volumes publicados em 1728 e mais dois em 1753, foi a inspiração da famosa Encyclopédie, de Diderot e d’Alembert.

2.    Louis Amiable, Grande Oficial, com acesso aos arquivos do Grande Oriente de França, pesquisou a história da Loja Les Neuf Soeurs e publicou um livro, Um Loge Masonique, La R. L. Les Neuf Soeurs, que se tornaria a fonte primária, uma vez que a Gestado queimou os arquivos do GOF durante a ocupação alemã de Paris.

3.    O Terror foi o período da Revolução Francesa entre 5 de setembro de 1793 a 28 de julho de 1794, em que facções rivais lutavam pelo poder na França, não hesitando em chegar às mais extremadas consequências. Estima-se que mais de 40.000 pessoas foram executadas, mais de 15.000 pela guilhotina – “O governo em uma revolução é o despotismo da liberdade contra a tirania”, diria Robespierre, principal responsável pelo banho de sangue que cessou imediatamente quando ele caiu do poder e foi executado exatamente como os muitos que mandara à guilhotina.



FONTE: Por Nicolas Hans. A Loja As Nove Musas e seu Venerável Mestre, Benjamin Franklin. (Tradução de Helios Lavrador da Silva Lima, MM, MRA, KT; Notas de J. W. Kreutzer-Bach). In Astrea – revista de estudos maçônicos. Ano LXXXVII, nº 31. jul.-dez. 2012. Rio de Janeiro: Supremo Conselho Grau 33º do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, 2013.p. 15-21.



O velho Ashmolean Building, em Oxford, erigido em 1683, hoje abriga o Museu de História da Ciência. Sua exposição permanente intitula-se A Casa de Salomão em Oxford, alusão à concepção de Francis Bacon,de uma instituição devotada a promover o conhecimento natural e suas aplicações para o benefício da humanidade.


John Locke (1632-1704), importante filósofo inglês, ideólogo do liberalismo, cuja justificativa clássica da tolerância religiosa constituir-se-ia em um dos fundamentos da Maçonaria.


Voltaire abençoando o neto de Franklin, em nome de Deus e da Liberdade, pintura do paraibano Pedro Américo (1843-1903).

Ramsay


Anne-Catherine Helvetius


Helvetius

de Lalande

Montesquieu


Pilâtre de Rozier (1754-1785), primeiro aeronauta e primeiro mártir da aviação.

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