Publicando rituais na internet
Tradição ou
curtição?
“Uma
coisa ainda mais espantosa é que na nossa época, alguns crêem que podem expor
doutrinas tradicionais tomando como modelo a instrução profana, sem fazer o
mínimo caso da natureza dessas doutrinas e das diferenças essenciais entre elas
e tudo àquilo que hoje se designa por ‘ ciências’ e ‘filosofia’, e do
verdadeiro abismo que as separa (...)”
“O
ódio ao secreto, no fundo, não é mais do que as formas de ódio a tudo o que
passa o ‘nível médio’, e também a tudo que se afasta da uniformidade que se
quer impor á todos (...)”
Renée
Guenon, O Reino da Quantidade, e os sinais dos tempos.
“Os
Sacerdotes [da antiguidade] somente divulgavam seus Mistérios aos iniciados
cuja virtude e sabedoria excepcional fossem reveladas pelo exame e pela prova”
Saint
Yves d´Alveydre: Mission dês Juifs, pág 290
Os
tempos modernos são caracterizados pela vitória da democracia burguesa, pela
liberdade política e de expressão e o reconhecimento dos direitos civis das
minorias. Paralelamente tivemos um avanço tecnológico inédito em nossa
História, com descobertas e invenções fantásticas capazes de mudar a forma de
relacionamento entre as pessoas, e destas com o meio ambiente. Neste contexto,
a relação e a divulgação do conhecimento cientifico e Iniciático, antes privilégio
de uma minoria, tornou-se, quase, uma propriedade de todos, independente de
seus conhecimentos e qualidades pessoais para a abordagem destes saberes.
Aparentemente,
estamos vivendo uma era de ouro, onde todos têm acesso a, praticamente, todo
conhecimento legado pelos nossos antepassados. Mas, a história do mundo e da
Humanidade ocorre em ciclos e em ordem descendente, conforme o protótipo
universal da queda e esfacelamento do Adão Kadmo. Desta forma a humanidade
surgiu na Idade de Ouro (Krita-Yuga ), e foi descendendo para a Idade de Prata
(Tretâ-Yuga), Bronze (Dvâpara-Yuga) e Ferro, o já famoso Kali-Yuga.
Estas
idades são sucessivas, e ad eterna, cada ciclo (Mahavantara) dura milhões de
dias terrestres. O finalzinho de um ciclo se confunde com o início dos demais.
A História oficial acadêmica só abarca parte do Kali-Yuga, iniciado com os
episódios da “Torre de Babel”, descrita no Antigo Testamento, e as demais
idades somente através dos relatos dos livros Sagrados e da mitologia.
Segundo
todos cálculos hindus, estamos entrando na etapa final do kali-Yuga, cujo
momento derradeiro deve se iniciar por volta de 2030/40.
Desta
forma, o maior engodo do mundo moderno é a idéia do progresso contínuo e
inexorável, e se realmente tivemos um avanço material/tecnológico espetacular,
espiritualmente e Tradicionalmente a humanidade esta regredindo. Este fato é
facilmente constatado na decadência religiosa, moral, política, econômica e
cultural, dos tempos atuais. As Ordens Iniciáticas, como as religiões, são feitas
por homens e também sofrem esta ação involutiva e gradativamente perdem sua
força e eficiência espiritual. Eis a causa de tantas Ordens e Iniciações atuais
não terem mais a capacidade de transformar e elevar a tônica vibratória de seus
membros.
Neste
momento final, a Divindade lança um ultimo apelo para que caminhemos para a
Regeneração, desta forma, muita coisa que era oculta e inacessível vem à tona
como isca para que os últimos seres em condições de entendê-la, e usá-la, se
Reconciliem nos momentos finais da consumação dos tempos (não final dos
tempos). Por isso há facilidade hoje no acesso ao conhecimento, e mesmo Ordens
sempre restritas tornam-se visíveis para todos.
Desta
forma, é de interesse da Providência esta maior abertura das Ordens neste momento,
pois é seu plano a Regeneração e Reintegração de todos. Mas, infelizmente ao
lado da luz sempre há as trevas e, desta forma, este apelo final está sendo
seriamente prejudicado pela proliferação de ensinamentos errados e distorcidos
sobre a Iniciação, de caráter pseudo-iniciáticos, ou mesmo, contra-iniciáticos.
Para agravar a situação, a rede esta infestada de Rituais e práticas, das mais
diversas ordens e Fraternidades, numa verdadeira Babel moderna, onde ninguém
mais se entende e encontra o Caminho autentico.
A
divulgação de Rituais de Ordens ativas na Internet é uma praga que se alastra,
contaminando a todos, inclusive os puros em condições de receber a Iniciação
Real. É um grande equívoco o que muitos andam cometendo em nome de uma
democratização da Iniciação que nunca existiu em lugar ou tempo algum de nossa
História. A Iniciação sempre foi monárquica, hierárquica e destinada a poucos.
Estas
publicações só servem para aumenta a confusão e o karma de quem divulga estes
Rituais, pois ao divulgarmos simulacros de Iniciações, estas Almas que
acreditaram nestes textos, poderão perder a última chance de Regeneração neste
Ciclo, e serão jogadas para outros planos e mundos onde deverão se esforça
muito para retornarem à luz e ao Caminho.
Quando
se publica Rituais, ou mesmo parte, de Iniciação Martinista, e outras, há um
enorme e duplo desserviço:
Com
relação aos profanos:
* Tira o ineditismo, prejudicando a questão psicológica do ritual;
* Concede ao profano uma
falsa impressão que já sabe de tudo e muitos podem desistir por achar o ritual
muito simples, muito complexo, ou difícil, etc, etc.
* Coloca o profano em sérios
perigos, pois ao invocar forças e Egrégoras, sem a devida autorização e
legitimidade, forças das Trevas podem responder a este apelo no lugar dos Seres
desejados, jogando seu praticante em um precipício de conseqüências
psicológicas e espirituais incalculáveis.
Com
relação ao divulgador:
* Há uma quebra do juramento iniciático, que cedo ou tarde cobrará sua conta.
* Fecha para si as portas da
Iniciação Real.
* Revelar um profundo
desrespeito à Iniciação, às Ordens e aos nossos Mestres.
* No Invisível, o divulgador
é o responsável por todos aqueles que utilizarem os rituais e práticas
publicados. Todos os problemas psíquicos e espirituais advindo pelo uso destes
rituais ou práticas, por estes incautos, serão de responsabilidade kármica do
divulgador, independente do Ritual já ter sido publicado anteriormente.
Os
Rituais das Ordens não são para todos, apenas para os preparados por uma
Iniciação válida e sob a proteção de uma Egrégora operativa.
Auto-iniciação,
no geral, é um engodo, o que existe, e com restrições, é a Iniciação a
distância, feita em concordância de horário com o Iniciador, com preparação
adequada e calculo de lua e condições astrológicas corretas, e mesmo assim
somente por Iniciadores que conseguem exteriorizar eficazmente sua consciência
e duplo.
Poucos
Mestres publicaram rituais (principalmente completo), o quando o fizeram foi
sob situação específica. Veja, por exemplo, o caso dos rituais Martinistas de
Teder, publicado em uma época que não havia internet e na conjuntura da
Primeira Grande Guerra, com o claro objetivo de resguardar a Obra.
Não
somos Mestres para saber quando podemos, de fato, publicar um Ritual reservado.
Observem que nos sites das Ordens e Iniciadores sérios, não há prática ou
ritual! Não há democracia ou socialismo na Iniciação!
Quem
publica Ritual e práticas, prejudica, e muito, os futuros Martinistas! O Amor à
Obra é pensar no próximo e não praticar uma pseudo-caridade levando estes
materiais para todos indistintamente, isto se chama orgulho, vaidade,
prepotência e interesse comercial e nunca Serviço espiritual!!
Somos,
sempre, responsáveis por tudo que fazemos e dizemos na Iniciação.
Por
fim, deixo algumas questões para quem pratica estes Rituais sem as devidas
Iniciações ou autorizações:
Será
que alguém acredita, de verdade, que evoluirá e transmutará seu Ser com a prática
esparsa, sem método e acompanhamento de Rituais (e demais práticas) que não
entende e não está habilitado para realizá-lo ou oficializá-lo?
Será
que alguém acredita, realmente, que usar diferentes Rituais, de diferentes
Ordens, segundo sua própria vontade dará um resultado satisfatório em sua
jornada espiritual?
Todo
Ritual exige preparação. Esta preparação vai muito alem do simples jejum ou
abstenções de carne ou álcool. Exige também preparações iniciáticas e teóricas
que requerem tempo e amadurecimento do praticante, e somente possível quando
inseridos em uma metodologia adequada, contínua e pertinente ao tempo pessoal e
personalidade do aspirante, ou seja, somente um Iniciador atuante pode
detectar, com relativa segurança, a hora certa para cada etapa prática da
jornada do iniciando.
Que
sua Rosa possa, através do Sacrifício, Disciplina e Ética, preponderar sobre
sua Cruz!!!
Muito bom o texto,comungamos quase ipsis litteris com ele,embora ressalvemos o fato que qualquer um portador da Luz deve ser encorajado ,acima da própria ORDEM,em levar parte da LUZ recebida para provocar a ignição necessária e acordar o espírito adormecido em cada um.A luz recebida não deve jamais iluminar apenas o nosso caminho e caminhada,temos que provocar fagulhas que inflame ao nosso derredor;se conseguirmos tirar alguém das trevas,teremos servido ao grande PROPÓSITO.
ResponderExcluirNão concordamos com a divulgação do núcleo,da essência liturgica em si,essa é parte de um ato e se restringe a esse.
Obrigado por compartilhar o conhecimento,pois das entrelinhas sempre se extrai gotas de sabedoria.
SSS
JATeixeira
Timbó-SC