sábado, 20 de abril de 2013

ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO “LUZ, TREVAS E O MÉTODO CIENTÍFICO”




Por Francisca Soares Leite e João Florindo Batista Segundo


O documentário “Luz, Trevas e o Método científico” narra a origem do pensamento humano, sua evolução e o consequente surgimento da ciência, demonstrando ainda as relações desta com a sociedade e com as estruturas de poder ao longo dos séculos. Seguem-se imagens e animações enfocando conflitos religiosos e perseguições a hereges, à ciência e às bruxas.

Com esse recurso audiovisual, a equipe do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ teve por meta, num tom extremamente humanista, exibir a evolução da ciência dos primórdios às descobertas recentes. Destaque para o Prof. Leopoldo de Meis, ao citar os benefícios e os malefícios causados pela ciência conforme o bom ou mau uso que dela se faça.

Constata-se também que a intolerância permeou a história da humanidade. Nos primórdios da vida comunitária, o homem, espécie mais recente do planeta, se deparava com dificuldades ao longo de sua existência e se atemorizava da morte, a qual imaginava ser algo sobrenatural. Para aplacar os males do corpo e auxiliar na relação com as forças do além surgia o curandeiro, um protótipo de sacerdote, a quem se devia submissão total. E conforme se organizaram as religiões, muitas apregoaram o sacrifício humano como forma de aplacar a ira dos deuses.

Porém, vieram a público os contestadores, que buscavam entender o funcionamento das coisas e dos seres, advindo a experimentação. Com Hipócrates é negada a origem divina das doenças. As ciências (inclusive médicas) surgiam e avançavam.

Porém, a partir do século XII, com sua hegemonia sobre o mundo ocidental, a Igreja fez objeção às pesquisas científicas e oficializou a perseguição aos contestadores dos dogmas (pontos indiscutíveis da fé). Através da Inquisição, houve constante vigilância e quem fosse considerado bruxo ou pecador corria o risco de ser torturado para confessar os pecados e expiá-los.

Em verdade, com a formação e consolidação dos Estados nacionais, a intolerância vincula religião e política, com o herege sendo alçado à condição de desafiante da ordem política. Dessa forma, nos países de confissão protestante, embora a ciência avance (como na Inglaterra, onde surgiu a Royal Society), os dissidentes católicos também foram perseguidos.

Apesar de todas essas querelas, a busca pela verdade continuou com homens como Francis Bacon, para quem apenas a lógica e a observação são necessárias ao entendimento da realidade.

E o avanço seguiu com Copérnico, Galileu, Descartes e tantos outros. A duras penas e com o sacrifício de muitos “mártires”, a evolução da ciência permitiu ao homem concretizar alguns de seus mais antigos sonhos, como voar, navegar sob a água, chegar à lua, aplacar a fome e aumentar a expectativa de vida.

O legado destes pensadores serviu de base a ideologias que perduram até hoje. Graças a eles, hoje todos têm livre arbítrio, porém, pela atual deficiência da formação humana, poucos sabem como empregar sua razão de forma útil para si e para a coletividade. E quanto ao conceito de ciência, está bastante difuso na sociedade, com inovações tecnológicas mais acessíveis e presentes na vida das pessoas, algumas das quais passam a viver uma vida virtual, atreladas aos modernos meios de comunicação.

Conclui-se então que o bem pode ser convertido em mal, de maneira que uma análise maniqueísta da história é insuficiente para entender as dinâmicas sociais e o querer de cada época. E na busca por soluções dos problemas ainda presentes e por vir deve-se sempre pesar o risco do uso inadequado dos poderes que a ciência nos concede, de maneira a não repetirmos os mesmos erros do passado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário