sábado, 27 de abril de 2013

JEAN-BAPTISTE WILLERMOZ (1730-1824)





Willermoz foi um poderoso fazendeiro nas cercanias da cidade natal de Lyon, onde se dedicava à educação primária, como também com religião e caridade. Fora iniciado na Maçonaria em 1750 e, a partir de 1763, tornou-se “guardião dos Selos e Arquivos” da Grande Loja de Mestres Regulares de Lyon. Ele colecionava, estudava e comparava cada ritual maçônico que lhe caía nas mãos, não só da França, mas também da Alemanha (em 1772, escreveria ao Barão Karl von Hund para obter informações sobre o trabalho neotemplário do barão).

Colocando o irmão Jacques como presidente, Willermoz estabeleceu um pequeno capítulo da Grande Loja de Lyon para descobrir o verdadeiro significado da Maçonaria. Foi chamado o Capítulo dos Cavaleiros da Águia Negra, um título fortemente indicativo de seu senso de importância da Maçonaria, tanto pelas ordens cavalheirescas quanto pelo simbolismo alquímico.

Willermoz descobriu o que procurava quando era membro da Ordem dos Cavaleiros Maçons e Sacerdotes Eleitos do Universo, de Pasqually. Penetrando no significado das doutrinas de Pasqually, Willermoz descobriu a “paz interior da alma”; ele permaneceu fiel ao homem que, para ele, era incomparável.

Por sua parte, Pasqually indicou Willermoz para “Inspetor-Geral do Oriente de Lyon e Grão-Mestre do Grande Templo da França”. É de se supor que Willermoz apreciasse grandes títulos, pois ele próprio adornou-se com vários deles. Tendo alcançado o topo da ordem de Pasqually - o grau de Réau Croix -, Willermoz, como vimos, buscou fundar a própria na esperança de sintetizar todos os sistemas e ritos maçônicos conhecidos como um veículo aprimorado para a doutrina da “Reintegração” de Pasqually. Entretanto, a correspondência com Von Hund só forneceu a Willermoz a opinião inicial de que a Estrita Observância nada mais era que “apenas um sistema infundado e improvado”; faltava-lhe a qualidade eterna que Willermoz encontrou em abundância no universo de Pasqually. Willermoz considerava que a obra alemã mostrava “uma profunda ignorância das coisas essenciais”. Isso não podia ser dito dos Eleitos Cohens, pelo contrário, cuja doutrina demonstrava “uma Maçonaria além da Maçonaria”. O Rito Escocês Retificado, projetado para ser um vencedor maçônico, foi devidamente lançado no Convento das Gálias, em Lyon, entre novembro e dezembro de 1778, um pouco antes de o exército britânico dominar a rebelião americana no sul e capturar Savana, capital da Geórgia.

O universalismo revolucionário estava no ar. Do outro lado do Atlântico, onde a frota francesa encalhou após não conseguir atacar os britânicos em Nova York, a revolução do Homem cheirava não a incenso, mas a pólvora.

As ideias de Willermoz sobre os direitos do homem podiam ser encontradas no quarto círculo de seu Rito Escocês Retificado. Após passar pelos três círculos preparatórios, um quarto círculo interior aguardava o futuro maçom. Por trás do véu do mistério reside - surpresa! - nada menos que um conclave de adeptos da Ordem dos Eleitos Cohens do Universo. Lá, o cavaleiro maçom encontraria o conhecimento exclusivo àquela ordem: Cabala, teurgia e alquimia. Ele podia aprender a mudar o mundo.

De fato, o saber era uma importante função da ordem. A doutrina da Reintegração de Pasqually era nada menos que “a ciência do homem” no coração da Maçonaria e, portanto, no coração de toda aspiração espiritual humana.

O homem era feito à imagem e semelhança de Deus. Após a Queda, o homem reteve a imagem, mas não a semelhança. O objetivo da iniciação era a imitação. O intelecto humano era uma dádiva de Deus e era dever do homem cultivá-la. Willermoz criou programas pedagógicos destinados a transmitir um conhecimento que se acreditava ser nada mais que o fiel legado de uma doutrina muito antiga.

Como já vimos, essa “ciência de reintegração” originou-se, nas palavras de Willermoz, de uma extraordinária “Ordem Superior e Sagrada”. O que mais um maçom podia desejar: a antiga gnose do Homem. Como os cavaleiros templários ou a obra de Christian Rosenkreuz, o próprio Rito Retificado era apenas uma manifestação temporária da atividade da ordem divina. Contudo, como tal, o Rito Escocês Retificado estava fadado a ser.

Após uma jornada variada através do tempo terrestre, o rito ainda está bem vivo. Sem ele, não existiria O Código Da Vinci nem o jogo elaborado que é o “Priorado do Sião”.


FONTE:

1 - CHURTON, Tobias. A história da Rosacruz: os invisíveis. São Paulo: Madras, 2009, pp. 362-366.

2 - COSTA, Wagner Veneziani. Blog O Editor. Disponível em <http://oeditor.osupremo.com.br/index.php/maconaria/111-o-18-grau-maconico, acesso em 07 abr. 2013.

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