Willermoz
foi um poderoso fazendeiro nas cercanias da cidade natal de Lyon, onde se
dedicava à educação primária, como também com religião e caridade. Fora
iniciado na Maçonaria em 1750 e, a partir de 1763, tornou-se “guardião dos
Selos e Arquivos” da Grande Loja de Mestres Regulares de Lyon. Ele colecionava,
estudava e comparava cada ritual maçônico que lhe caía nas mãos, não só da
França, mas também da Alemanha (em 1772, escreveria ao Barão Karl von Hund para
obter informações sobre o trabalho neotemplário do barão).
Colocando
o irmão Jacques como presidente, Willermoz estabeleceu um pequeno capítulo da
Grande Loja de Lyon para descobrir o verdadeiro significado da Maçonaria. Foi
chamado o Capítulo dos Cavaleiros da Águia Negra, um título fortemente
indicativo de seu senso de importância da Maçonaria, tanto pelas ordens
cavalheirescas quanto pelo simbolismo alquímico.
Willermoz
descobriu o que procurava quando era membro da Ordem dos Cavaleiros Maçons e
Sacerdotes Eleitos do Universo, de Pasqually. Penetrando no significado das
doutrinas de Pasqually, Willermoz descobriu a “paz interior da alma”; ele
permaneceu fiel ao homem que, para ele, era incomparável.
Por
sua parte, Pasqually indicou Willermoz para “Inspetor-Geral do Oriente de Lyon
e Grão-Mestre do Grande Templo da França”. É de se supor que Willermoz
apreciasse grandes títulos, pois ele próprio adornou-se com vários deles. Tendo
alcançado o topo da ordem de Pasqually - o grau de Réau Croix -, Willermoz,
como vimos, buscou fundar a própria na esperança de sintetizar todos os
sistemas e ritos maçônicos conhecidos como um veículo aprimorado para a
doutrina da “Reintegração” de Pasqually. Entretanto, a correspondência com Von
Hund só forneceu a Willermoz a opinião inicial de que a Estrita Observância
nada mais era que “apenas um sistema infundado e improvado”; faltava-lhe a
qualidade eterna que Willermoz encontrou em abundância no universo de
Pasqually. Willermoz considerava que a obra alemã mostrava “uma profunda
ignorância das coisas essenciais”. Isso não podia ser dito dos Eleitos Cohens,
pelo contrário, cuja doutrina demonstrava “uma Maçonaria além da Maçonaria”. O
Rito Escocês Retificado, projetado para ser um vencedor maçônico, foi
devidamente lançado no Convento das Gálias, em Lyon, entre novembro e dezembro
de 1778, um pouco antes de o exército britânico dominar a rebelião americana no
sul e capturar Savana, capital da Geórgia.
O
universalismo revolucionário estava no ar. Do outro lado do Atlântico, onde a
frota francesa encalhou após não conseguir atacar os britânicos em Nova York, a
revolução do Homem cheirava não a incenso, mas a pólvora.
As
ideias de Willermoz sobre os direitos do homem podiam ser encontradas no quarto
círculo de seu Rito Escocês Retificado. Após passar pelos três círculos
preparatórios, um quarto círculo interior aguardava o futuro maçom. Por trás do
véu do mistério reside - surpresa! - nada menos que um conclave de adeptos da
Ordem dos Eleitos Cohens do Universo. Lá, o cavaleiro maçom encontraria o
conhecimento exclusivo àquela ordem: Cabala, teurgia e alquimia. Ele podia
aprender a mudar o mundo.
De
fato, o saber era uma importante função da ordem. A doutrina da Reintegração de
Pasqually era nada menos que “a ciência do homem” no coração da Maçonaria e,
portanto, no coração de toda aspiração espiritual humana.
O
homem era feito à imagem e semelhança de Deus. Após a Queda, o homem reteve a
imagem, mas não a semelhança. O objetivo da iniciação era a imitação. O
intelecto humano era uma dádiva de Deus e era dever do homem cultivá-la.
Willermoz criou programas pedagógicos destinados a transmitir um conhecimento
que se acreditava ser nada mais que o fiel legado de uma doutrina muito antiga.
Como
já vimos, essa “ciência de reintegração” originou-se, nas palavras de
Willermoz, de uma extraordinária “Ordem Superior e Sagrada”. O que mais um
maçom podia desejar: a antiga gnose do Homem. Como os cavaleiros templários ou
a obra de Christian Rosenkreuz, o próprio Rito Retificado era apenas uma
manifestação temporária da atividade da ordem divina. Contudo, como tal, o Rito
Escocês Retificado estava fadado a ser.
Após
uma jornada variada através do tempo terrestre, o rito ainda está bem vivo. Sem
ele, não existiria O Código Da Vinci nem o jogo elaborado que é o “Priorado do
Sião”.
FONTE:
1
- CHURTON, Tobias. A história da Rosacruz: os invisíveis. São Paulo: Madras,
2009, pp. 362-366.
2
- COSTA, Wagner Veneziani. Blog O Editor. Disponível em <http://oeditor.osupremo.com.br/index.php/maconaria/111-o-18-grau-maconico, acesso em 07 abr. 2013.
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