Por
João Florindo B. Segundo*
O calendário
é o sistema pelo qual se conta a passagem do tempo e se programa compromissos
futuros. Apesar de não serem mais empregados na atualidade, a Maçonaria conta
com vários calendários, cada um tomando por “ano zero” um acontecimento
relevante ao rito que o adotou ou criou.
Nos
Ritos de York e Francês (ou Moderno), o ano tem início, respectivamente, a 1 de
Janeiro e a 1 de Março, com igual duração do calendário gregoriano. Todavia, o
ano um de seu calendário é designado por “Ano da Verdadeira Luz” (em latim, Anno
Lucis, daí a abreviatura A.·.L.·. para os franceses), marcando o início da “Era
da Verdadeira Luz” (V.·. L.·.). Tal sistema de datação deve-se ao Arcebispo
James Ussher (1581-1656),
O
teólogo irlandês elaborou uma cronologia bíblica, afirmando que quando Cristo
nasceu a Terra já contava com 4000 anos, sendo o sistema adotado por diferentes
igrejas inglesas do século XVIII e igualmente pelo Pastor James Anderson
(1679-1739) em sua “Constituição” (primeira edição em 1723), que rendeu-lhe o
epíteto de “pai da Maçonaria especulativa”.
Até
os dias atuais, os maçons simbólicos ingleses seguem a cronologia de Ussher,
empregando a mesma abreviatura A. L., porém sem os três pontos, costume surgido
na França, mas não adotado na Inglaterra. O símbolo a marcar as abreviaturas
foi oficialmente instituído pelo Grande Oriente francês em 1773, porém há
documentos ingleses triponteados anteriores a essa data (!).
No
Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito emprega o calendário gregoriano,
instituído pelo Papa Gregório XIII em 1582 em substituição ao calendário
juliano. Contudo, adiciona-se após o ano a sigla E.·.V.·. de “Era Vulgar”.
No
Rito Adonhiramita o ano tem início em 21 de março, adicionando-se também 4.000
anos aos da E.˙.V.˙..
Para
os membros do Rito de Mênfis e quase todos os ritos orientais, o calendário é o
egípcio, com início marcado pela canícula (entre 20 e 22 de julho).
Em
outras partes do mundo maçônico é empregada a cronologia judaica, designando o
ano de Anno Mundi, por marcar a origem do Universo. Neste sistema,
acrescenta-se 3760 ao ano do calendário gregoriano e após o mês de setembro,
soma-se mais um ano.
Já
os membros do Arco Real marcam o início do seu sistema de datação em 530 a.C.,
quando Zorobabel deu início à construção do segundo templo, sendo o ano
designado de Anno Inventionis (A. I.).
Por
sua vez, os Mestres Reais e Escolhidos (Maçonaria Críptica inglesa) marcam o
início do seu calendário pela data em que o Templo de Salomão foi concluído, ou
seja, no “ano do depósito”, Anno Depositionis (A. Dep.), que se
calcula adicionando 1000 anos à era comum.
E
para encerrar, os Cavaleiros Templários empregam o ano de fundação da Ordem
original como início de seu calendário, o chamado Anno Ordinis (A.
O.), pelo que se subtrai 1118 anos do calendário gregoriano.
*
Matéria publicada no Correio Filosófico (periódico dos Corpos Subordinados a
Obediências Filosóficas reconhecidas pelo Grande Oriente da Paraíba), ano IV,
ed. nov. 2012, n. 50
BIBLIOGRAFIA:
1 -
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. São Paulo:
Pensamento, 1996.
2 -
Masonic Lodge of Education. Anno Lucis. Disponível em
<http://www.masonic-lodge-of-education.com/anno-lucis.html> Acesso em
23/11/2012.
3 -
MACNULTY, W. Kirk. A Maçonaria: símbolos, segredos, significado. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
4 -
ZANELLI, Leo. Três que são quatro. Revista Engenho & Arte nº 07, 2000.
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