sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

OS CALENDÁRIOS MAÇÔNICOS




Por João Florindo B. Segundo*

O calendário é o sistema pelo qual se conta a passagem do tempo e se programa compromissos futuros. Apesar de não serem mais empregados na atualidade, a Maçonaria conta com vários calendários, cada um tomando por “ano zero” um acontecimento relevante ao rito que o adotou ou criou.

Nos Ritos de York e Francês (ou Moderno), o ano tem início, respectivamente, a 1 de Janeiro e a 1 de Março, com igual duração do calendário gregoriano. Todavia, o ano um de seu calendário é designado por “Ano da Verdadeira Luz” (em latim, Anno Lucis, daí a abreviatura A.·.L.·. para os franceses), marcando o início da “Era da Verdadeira Luz” (V.·. L.·.). Tal sistema de datação deve-se ao Arcebispo James Ussher (1581-1656),

O teólogo irlandês elaborou uma cronologia bíblica, afirmando que quando Cristo nasceu a Terra já contava com 4000 anos, sendo o sistema adotado por diferentes igrejas inglesas do século XVIII e igualmente pelo Pastor James Anderson (1679-1739) em sua “Constituição” (primeira edição em 1723), que rendeu-lhe o epíteto de “pai da Maçonaria especulativa”.

Até os dias atuais, os maçons simbólicos ingleses seguem a cronologia de Ussher, empregando a mesma abreviatura A. L., porém sem os três pontos, costume surgido na França, mas não adotado na Inglaterra. O símbolo a marcar as abreviaturas foi oficialmente instituído pelo Grande Oriente francês em 1773, porém há documentos ingleses triponteados anteriores a essa data (!).

No Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito emprega o calendário gregoriano, instituído pelo Papa Gregório XIII em 1582 em substituição ao calendário juliano. Contudo, adiciona-se após o ano a sigla E.·.V.·. de “Era Vulgar”.

No Rito Adonhiramita o ano tem início em 21 de março, adicionando-se também 4.000 anos aos da E.˙.V.˙..

Para os membros do Rito de Mênfis e quase todos os ritos orientais, o calendário é o egípcio, com início marcado pela canícula (entre 20 e 22 de julho).

Em outras partes do mundo maçônico é empregada a cronologia judaica, designando o ano de Anno Mundi, por marcar a origem do Universo. Neste sistema, acrescenta-se 3760 ao ano do calendário gregoriano e após o mês de setembro, soma-se mais um ano.

Já os membros do Arco Real marcam o início do seu sistema de datação em 530 a.C., quando Zorobabel deu início à construção do segundo templo, sendo o ano designado de Anno Inventionis (A. I.).

Por sua vez, os Mestres Reais e Escolhidos (Maçonaria Críptica inglesa) marcam o início do seu calendário pela data em que o Templo de Salomão foi concluído, ou seja, no “ano do depósito”, Anno Depositionis (A. Dep.), que se calcula adicionando 1000 anos à era comum.

E para encerrar, os Cavaleiros Templários empregam o ano de fundação da Ordem original como início de seu calendário, o chamado Anno Ordinis (A. O.), pelo que se subtrai 1118 anos do calendário gregoriano.


* Matéria publicada no Correio Filosófico (periódico dos Corpos Subordinados a Obediências Filosóficas reconhecidas pelo Grande Oriente da Paraíba), ano IV, ed. nov. 2012, n. 50


BIBLIOGRAFIA:


1 - FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1996.
2 - Masonic Lodge of Education. Anno Lucis. Disponível em <http://www.masonic-lodge-of-education.com/anno-lucis.html> Acesso em 23/11/2012.
3 - MACNULTY, W. Kirk. A Maçonaria: símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
4 - ZANELLI, Leo. Três que são quatro. Revista Engenho & Arte nº 07, 2000.

Nenhum comentário:

Postar um comentário