Por João Florindo
Batista Segundo
É comum se dizer que a Maçonaria
historicamente tem por lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, todavia,
tradicionalmente, a Ordem possui máximas e aclamações.
Aparentemente esta divisa partiu de
Robespierre (1758-1794), que propôs à Assembleia Constituinte, em 1791,
inscrever três palavras na bandeira e botões das guardas nacionais, com o
propósito de exaltar o civismo.
Louis Blanc (1811-1882) e outros autores pretendem
que seja criação de Louis-Claude de Saint-Martin (1743-1803): Penna (2008),
inclusive, afirma que aquele criou o “ternário sagrado” (sic) antes da
Revolução Francesa. Porém, Robert Amadou demonstrou que esta afirmação carece
de fundamento, ao passo que Alec Mellor nega totalmente a origem maçônica.
Ademais, a pesquisa de B. F. Hyslop sobre diplomas maçônicos exarados entre
1771 e 1799 e arquivados na Biblioteca Nacional de Paris, resultou apenas dois
onde as três palavras estão juntas: a maioria registra “Saúde, Força, União”,
ou trata do templo onde reina “o Silêncio, a União e a Paz” (CASTELLANI, 1998).
Em verdade, na Primeira República francesa ganhou
publicidade a divisa “Liberdade, Igualdade, ou a Morte”, que Castellani (id.) nega
ser fruto da Ordem: neste desiderato, todavia, em 1793 não foi aprovada a iniciativa
do prefeito de Paris, Jean-Nicolas Pache, de afixar nas ruas, cartazes com a
inscrição “Unidade e indivisibilidade da República, Liberdade, Igualdade,
Fraternidade ou a Morte” (CHASSAGNARD, 2014).
A atual famosa
tríplice divisa surgiria sob a Segunda República e desta a Maçonaria a tomou
emprestada: foi em 1848 que Louis Blanc, membro do governo provisório e futuro
maçom, fez inscrever a tríade na Constituição como divisa nacional e só em 1849
ela será adotada como lema maçônico pelo Grande Oriente de França (id.).
No América Latina em geral, sob inspiração
francesa, a Maçonaria adotou a divisa “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”. No Brasil não foi
diferente e ainda hoje ela consta como “fins supremos” da Ordem na Constituição
do Grande Oriente do Brasil (art. 1º).
Porém, já nos países de cultura anglo-saxã, a
divisa francesa é quase desconhecida: nos Estados Unidos, p. e., adota-se a “Brotherly
love, Relief and Truth”, traduzida como “Fraternidade, Socorro e Verdade”, em
consonância com “as obras de Preston (1867), Webb (1818) e Pike (1905)”
(ISMAIL, 2014, p. 2).
REFERÊNCIAS
CASTELLANI.
José. Maçonaria e astrologia. São
Paulo: Editora Madras, 1998.
CHASSAGNARD,
Guy. Qual é a origem do lema Liberdade –
Igualdade – Fraternidade? Tradução de José Filardo, publicada em 20 jan.
2014. Disponível em: <http://bibliot3ca.wordpress.com/consultorio-maconico-qual-e-a-origem-do-lema-liberdade-igualdade-fraternidade/>
Acesso em: 11 out. 2014.
GOB. Constituição do GOB. Brasília: GOB,
2009. Disponível em:
<http://www.luzpioneiradepalmas.com.br/media/download/659405.PDF>. Acesso
em: 14 ago. 2014.
ISMAIL,
Kennyo. Porque a maçonaria brasileira
está perdida: tirando os olhos do
passado e do próprio umbigo. p. 1-2. Disponível em: <http://www.noesquadro.com.br/wp-content/uploads/2013/05/Pq-a-Mac-Bra-est%C3%A1-perdida-Kennyo-Ismail.pdf>.
Acesso em: 11 out. 2014.
PENNA,
Lincoln de Abreu. O progresso da ordem:
o florianismo e a construção da república. 2. ed. Rio de Janeiro: E-papers,
2008. p. 154.
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