sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

OS CALENDÁRIOS MAÇÔNICOS




Por João Florindo B. Segundo*

O calendário é o sistema pelo qual se conta a passagem do tempo e se programa compromissos futuros. Apesar de não serem mais empregados na atualidade, a Maçonaria conta com vários calendários, cada um tomando por “ano zero” um acontecimento relevante ao rito que o adotou ou criou.

Nos Ritos de York e Francês (ou Moderno), o ano tem início, respectivamente, a 1 de Janeiro e a 1 de Março, com igual duração do calendário gregoriano. Todavia, o ano um de seu calendário é designado por “Ano da Verdadeira Luz” (em latim, Anno Lucis, daí a abreviatura A.·.L.·. para os franceses), marcando o início da “Era da Verdadeira Luz” (V.·. L.·.). Tal sistema de datação deve-se ao Arcebispo James Ussher (1581-1656),

O teólogo irlandês elaborou uma cronologia bíblica, afirmando que quando Cristo nasceu a Terra já contava com 4000 anos, sendo o sistema adotado por diferentes igrejas inglesas do século XVIII e igualmente pelo Pastor James Anderson (1679-1739) em sua “Constituição” (primeira edição em 1723), que rendeu-lhe o epíteto de “pai da Maçonaria especulativa”.

Até os dias atuais, os maçons simbólicos ingleses seguem a cronologia de Ussher, empregando a mesma abreviatura A. L., porém sem os três pontos, costume surgido na França, mas não adotado na Inglaterra. O símbolo a marcar as abreviaturas foi oficialmente instituído pelo Grande Oriente francês em 1773, porém há documentos ingleses triponteados anteriores a essa data (!).

No Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito emprega o calendário gregoriano, instituído pelo Papa Gregório XIII em 1582 em substituição ao calendário juliano. Contudo, adiciona-se após o ano a sigla E.·.V.·. de “Era Vulgar”.

No Rito Adonhiramita o ano tem início em 21 de março, adicionando-se também 4.000 anos aos da E.˙.V.˙..

Para os membros do Rito de Mênfis e quase todos os ritos orientais, o calendário é o egípcio, com início marcado pela canícula (entre 20 e 22 de julho).

Em outras partes do mundo maçônico é empregada a cronologia judaica, designando o ano de Anno Mundi, por marcar a origem do Universo. Neste sistema, acrescenta-se 3760 ao ano do calendário gregoriano e após o mês de setembro, soma-se mais um ano.

Já os membros do Arco Real marcam o início do seu sistema de datação em 530 a.C., quando Zorobabel deu início à construção do segundo templo, sendo o ano designado de Anno Inventionis (A. I.).

Por sua vez, os Mestres Reais e Escolhidos (Maçonaria Críptica inglesa) marcam o início do seu calendário pela data em que o Templo de Salomão foi concluído, ou seja, no “ano do depósito”, Anno Depositionis (A. Dep.), que se calcula adicionando 1000 anos à era comum.

E para encerrar, os Cavaleiros Templários empregam o ano de fundação da Ordem original como início de seu calendário, o chamado Anno Ordinis (A. O.), pelo que se subtrai 1118 anos do calendário gregoriano.


* Matéria publicada no Correio Filosófico (periódico dos Corpos Subordinados a Obediências Filosóficas reconhecidas pelo Grande Oriente da Paraíba), ano IV, ed. nov. 2012, n. 50


BIBLIOGRAFIA:


1 - FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1996.
2 - Masonic Lodge of Education. Anno Lucis. Disponível em <http://www.masonic-lodge-of-education.com/anno-lucis.html> Acesso em 23/11/2012.
3 - MACNULTY, W. Kirk. A Maçonaria: símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
4 - ZANELLI, Leo. Três que são quatro. Revista Engenho & Arte nº 07, 2000.

sábado, 19 de janeiro de 2013

HISTÓRIA DO MARTINISMO - 02

AS ORDENS MARTINISTAS MODERNAS




A tradição do Martinezismo ou seja de Martinez de Pasqualy e o pensamento de Saint Martin ou o Martinismo estão disseminados em todo o mundo através destas três ramificações principais:

A Ordem que está a mais próxima a Pasqualy é a Ordem dos Chevaliers Elus Cohens de l`Universe com 5 graus.A Ordem mais próxima a Willermoz é a dos Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, um rito maçônico antigo, que foi reorganizado por ele em 1778.

E há então as Ordens próximas a Papus, baseadas no trabalho de Saint Martin e que foram nomeadas como a Ordem dos Filósofos Desconhecidos (Silencieux Inconnus de Ordre), mas que é mais conhecida como Ordem Martinista ( L`Ordre Martinisme). Certamente os Elus-Cohen os Cavaleiros Benfeitores têm a relação mais forte com a maçonaria.

Não há historicamente documentos que comprovem que Saint-Martin fundou realmente uma Ordem, entretanto existe um rito maçônico chamado Rito Retificado de Saint Martin, constituída de dez graus, que mais tarde foram reduzidos a sete, a saber:  1) Aprendiz, 2) Artesão ou journeyman, 3) Mestre, 4) Mestre Antigo, 5) Mestre Eleito, 6) Grande Arquiteto, 7) Mestre Secreto, 8) Príncipe de Jerusalém, 9) Cavaleiro da Palestina e 10) Kadosh.  Posteriormente: 1) Aprendiz, 2) Artesão ou journeyman, 3) Mestre, 4) Mestre Perfeito, 5) Mestre Eleito, 6) Escocês e 7) Santo.



Criação da Ordem dos Filósofos Desconhecidos

Quase todas as ordens Martinistas modernas são uma manifestação do bom trabalho de Papus (Dr. Gerard Encausse, 1865-1916), que criou ou se preferirem, revitalizou, o pensamento de Saint Martin durante o período de 1882-91. Recrutou diversos de seus irmãos em 1888 para dar forma ao primeiro conselho supremo Martinista, a fim de regularizar as diversas iniciações Martinistas livres da época. Em 1891 este conselho sob a direção de Papus deram forma a uma organização chamada Ordem Martinista ou Ordem dos Superiores Incógnitos com três graus, é reconhecido que esta Ordem Martinista que foi baseado em dois Ritos Maçônicos extintos: o Rito de Elus-Cohens (de Pasqually) e o Rito Retificado de Saint-Martin De características templárias dividiram a iniciação em três partes: S.I. - P.I. e L.I. Entretanto, com o tempo o grau S.I. (originalmente apenas um grau) foi dividido em quatro partes, como mostramos abaixo, e esta divisão causou muita confusão entre os diferentes ramos do Martinismo. Algumas ordens dividiram-no somente em três partes, e fizeram mais um grau o S.I.I ou Circulo dos Filósofos Desconhecidos: 1) Associado ou (S.I. I); 2) iniciado ou (S.I. II); 3) Superior Incógnito ou (S.I. III); 4) Filósofo Desconhecido (P.I.)(S.I. IV); 5) S.I.I. (Filósofo Desconhecido; P.I.); e 6) Livre Iniciador (L.I.).


Certamente alguns Martinistas preferiram continuar seus trabalhos de forma independente. Era Martinistas “ livres “. Ainda se tem noticias de que há ainda algum Martinistas livres, independentes não associados com as chamadas Ordens regulares.

As Ordens Sinárquica (Synarchy), Martinista (Ordre Martiniste) e a Ordem Martinista de Elus Cohen (Ordem de Martinist do Elus Cohens) são consideradas teúrgicas da linha de Martinez de Pasqually, menos mística que as Ordens fundadas com a orientação em Louis Claude de Saint Martin. Há também outras ordens regulares menos conhecidas dentre as quais: ìRussianî que descende de Papus quando de sua visita à corte do Czar Nicholas e a Belgo/ Holandesa. As ordens as mais antigas em existência, derivando-se todas da Ordem de Papus são estas: a Ordem Martinista Sinárquica (Synarchy de Martinist), a Tradicional Ordem Martinista TOM (Tradicional de Martinist) e finalmente a Ordem Martinista (Ordre Martiniste).

As Ordens Martinistas em geral se reúnem em grupos, dependendo do número de participantes, cada uma possui um nome diferente: Círculo (sete membros ou menos), Heptada (sete Membros ou mais) , Loja (vinte e um membros ou mais) . Vale notar que a Tradicional Ordem Martinista somente possui um organismo previsto em sua constituição, a que chamamos de Heptada , que é constituída de no mínimo 21 membros de preferência SI na sua fundação.

A base dos ensinamentos em todas as Ordens incluem Misticismo Cristão, Teosofia, Kabbalah, Hermetismo, e outros assuntos esotéricos semelhantes. A filosofia Martinista está inspirada no teosofismo clássico e nos trabalhos de Jacob Boehme, Swedenborg, além é claro em Martinez de Pasqually, Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint Martin. 

A maioria dos historiadores confirmam que foram membros Martinistas dos diversos segmentos proeminentes figuras do mundo esotérico, como: Papus, Arthur Edward Waite, Eliphas Levi, Margaret Peeke, Henri Delaage, Maria Desraimes e Gearges Martin, Helena Petrovna Blavatsky, Coronel Olcott, Annie Besant, James Ingall Wedgwood, Charles Webster Leadbeater e outros, e muitos Rosacruzes e Maçons da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, e E.U.A.. 

Vamos agora tentar resumir o pensamento e a estrutura das maiores Ordens Martinistas no mundo.



Ordem Martinista de Papus (L`Ordre Martiniste)

É o nome da primeira Ordem criado por Papus em Paris 1888. Papus foi o primeiro Soberano Grande Mestre de 1888 até a sua morte em 1916.


  
Gerard Encausse (Papus, 1865-1916).


O seu primeiro Conselho Supremo foi constituído dos seguintes Irmãos: 1) Papus (o Grande Mestre ); 2) Pierre Augustin Chaboseau; 3) Paul Adam; 4) Charles Barlet; 5) Maurice Barres; 6) Burget; 7) Lucien Chamuel; 8) Stanislas de Guaita; 9) Le Jay; 10) Montiere; 11) Josephin Peladan; e 12) Yvon Le Loup (Sedir).

Pierre-Augustin Chaboseau (1868-1946).


Eduoard Maurice Barres e Josephin Peladan foram posteriormente substituídos por Marc e Emile Michelet.


Josephin Peladan (1858-1918).

O Dr. Blitz de Edouard, Delegado Soberano nos Estados Unidos, também era um membro do Conselho Supremo, entretanto ele é negligenciado frequentemente na história do Martinismo, provavelmente porque ele deixou a Ordem, depois de uma controvérsia com Papus que não pretendia manter a subordinação maçônica em sua organização. 

Victor Emíle Michelet (1861-1938).

A sucessão de Papus na linhagem de Saint Martin era assim:  1) Louis-Claude Saint Martin (1743-1803) 2) Jean-Antoine Chaptal (Conde de Chanteloup, morto em 1832); 3) (?)X 4) Henri Delaage (morto em 1882); e 5) Dr. Gérard Encausse. 

Yvon Le Loup (Paul Sedir, 1871-1926)

Porém, havia um elo, ou melhor, um vácuo (o X) na linhagem de Papus, assim em 1888, Augustin Chaboseau (um membro do Conselho Supremo original de 1888) e Gérard Encausse trocaram Iniciações pessoais para consolidar a sucessão.

A Ordem Martinista se constituiu então de duas linhagens espirituais, a que vimos acima e a seguinte: 1) Louis-Claude de Saint Martin (1743-1803); 2) Abade de la Noue (morto em 1820); 3) J. Antoine-Marie Hennequin (morto em 1851); 4) Adolphe Desbarolles (morto em 1880); 5) Henri de la Touche (Paul-Hyacinthe de Nouel de la Touche, morto em 1851); 6) Marquesa de Amélie de Mortemart Boisse; e 7. Pierre Augustin Chaboseau.


Philippe de Lyon (1849-1905).

Depois de morte de Papus, Charles Detré (nome místico Teder) se tornou o Soberano Grande Mestre; ele decidiu limitar a afiliação à Ordem Martinista (L`Ordre Martiniste) para Mestres Maçons, especialmente do Rito de Memphis & Misraim. Claro que isto significou que as mulheres seriam excluídas do Martinismo e isto também não estava de acordo com a filosofia do Martinismo original. Naturalmente isto causou grande discordância entre os membros, e vários membros do Conselho Supremo original de 1891 deixaram a Ordem.



Ordem Martinista Martinezista (L'Ordre Martiniste-Martineziste de Lyons)

É o nome que Detré deu para a Ordem em 1916, depois de ter mudado para Lyon e levado a Ordem com ele. Então, poderíamos considerar a Ordem Martinista original de Papus como morta, pelo menos até que depois de vários anos ela fosse reativada pelas inúmeras outras organizações que se fundaram. 

A linha de sucessão da Ordem Martinista-Martinezista é: 1. Papus (1888-1916); 2. Charles Detré (Teder, 1916-1918); 3. Jean Bricaud (1918-1934); 4. Constantin Chevillon (1934-1944); 5. Henri-Charles Dupont (1944-1958).

A exigência maçônica de Detré, em 1916, foi a primeira causa da criação de todas as Ordens Martinistas modernas e mistas. 



Ordem Martinista de Paris (L`Ordre Martiniste de Paris)

Fundado em 1951 por Philippe Encausse (o filho de Papus). Ele havia reunido vários Martinistas livres da França e formou a uma Ordem baseada da constituição original. 

Phillipe Encausse sendo o Grande Mestre fundiu-se com a Federação das Ordens Martinistas, com a Ordem Martinista e Elus Cohen ( L`Ordre Martiniste e o Martinist Order do Elus Cohen de Robert Ambelain) e removeu a exigência da qualificação maçônica pela qual era determinada a pré-afiliação. Ele resignou como Grande Mestre em 1971, e teve como sucessor Irénée Séguret. Philippe Encausse retomou a direção em 1975 e resigna finalmente em 1979. O Irmão Emilio Lorenzo encabeça atualmente a Ordem.

A linhagem é: 1) Papus (morreu em 1916); 2) Charles Detré (Teder, morreu em 1918); 3) Jean Bricaud (morreu em 1934); 4) Chevillon (morreu em 1944); 5) Charles-Henry Dupont (morreu em 1960); 6) Philippe Encausse (se aposentou em 1960); 7) Irènèe Sèruget (1971-74); e 8) Emilio Lorenzo (1979). 



Ordem Martinista Belga (L'Ordre Martiniste Belge)

Criada em 1968 e encabeçada pelo astrólogo belga e membro anterior do Conselho Supremo da Ordem Martinista, Gustave-Lambert Brahy. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Gustave-Lambert Brahy, Pierre-Marie Hermant, Stéphane Beuze e Maurice Warnon (que resignou em 1975 para trabalhar na Ordem Martinista dos países Baixos). Todos os quatro eram membros anteriores do Conselho Supremo da Ordem Martinista. Esta Ordem desapareceu praticamente com o falecimento de Gustave Brahy em 1991. Há só um Grupo permanecendo, sob a direção de Irmão Loruite. 

Ambas as Ordens, Martinista Belga e Países Baixos foram criadas a pedido de Philippe Encausse. A razão disto era a discordância interna na Ordem Martinista sobre qual afiliação religiosa a Ordem deveria ter. Muitas religiões independentes e igrejas gnósticas eram populares entre os Martinistas, mas alguns preferiam o silêncio a aderir a estas igrejas. Quando a Ordem Martinista (L`Ordre Martiniste), em 1968, confirma uma aliança com a Igreja Gnóstica (fazendo dela a religião oficial da Ordem), muitos membros objetaram a esta limitação da liberdade religiosa. Então, para permitir para os membros mantivessem a liberdade para adorar nas igrejas de sua escolha, eles ofereceram as duas outras ordens como uma alternativa. 



Ordem Martinista dos Países Baixos (L'Ordre Martiniste de Pays-Bas)

Foi introduzida nos Países Baixos em 26 de setembro de 1968.  O Presidente da Federação das Ordens Martinistas localizou em Paris Maurice H. Warnon de Bruxelas (um membro anterior do Conselho Supremo da L`Ordre Martiniste); ele foi designado por Philippe Encausse como Representante Nacional e Soberano para o Países Baixos, com a missão de espraiar as ideias martinistas e iniciações naqueles países em particular. 

Depois de trabalhar bem de perto na Ordem Martinista francesa, ficou evidente que os membros holandeses objetaram à relação íntima da Organização francesa com a igreja Gnóstica e Apostólica, pois a maioria deles que é de origem protestante. Eles quiseram manter uma liberdade completa de religião. Philippe Encausse sugestionou a criação de um segundo ramo separado da árvore original. 

A decisão pela independência começou em setembro de 1975, durante a reunião anual dos membros da Ordem nos Países Baixos. Uma Constituição nova foi adotada e subsequentemente, a “Ordem des Martiniste Pagar-Bas” foi fundada em 12 de setembro do mesmo ano, pela transmissão dos poderes do Representante Nacional da Ordem Martinista francesa para o Conselho Supremo recentemente criado dos Países Baixos. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Maurice Warnon, Augustus Goetmakers, Bep Goetmakers, Femke Iken, Annie Iken e Joan Warnon-Poortman. 

A Ordem Martinista dos Países Baixos não é uma jurisdição territorial, mas uma orientação específica do movimento de Martinista. 



Ordem Martinista dos Elus Cohens (des Ordem Chevaliers Maçons Elus-Cohen de l'Univers)

Originalmente fundada por Martinez de Pasqually em 1768. Foi fundida com alguns ritos maçônicos pelo discípulo dele e sucessor, Jean-Baptiste Willermoz. O Dr. Blitz de Eduoard, um companheiro antigo de Papus, trabalhou com os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Willermoz, nos EEUU e consequentemente mantinha a exigência de afiliação maçônica. Depois da Segunda Guerra Mundial, Robert Ambelain (Sar Aurifer) era seu Grande Mestre e mantinha rituais Elus Cohen que ele tinha obtido de várias fontes; reavivou a Ordem Martiniste des lus Cohens que praticava justamente esta forma operativa de teurgia. Ambelain também preservou somente esta Ordem aos Homens. 

A Ordem original do Cohens Eleitos tinha trabalhado de 1767 a pelo menos até 1807. De lá para cá a linhagem está quebrada ou pelo menos incompleta.

Estes são o iniciados principais da Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Elus Cohen do Universo na França: 1) Martinez de Pasqually (1767-1774); 2) Caignet Lestere (1774-1779); 3) Sebastian las de Casas (1780); 4) G.Z.W.J. (1807).  

De 1942-1967: 1) Robert Ambelain (Aurifer, 1942-1967); e 2) Ivan Mosca (Hermete, 1967-1968).

Robert Ambelain (1907-1997)

No segmento Italiano : 1) Krisna Frater; e 2) Francesco Brunelli.

Os graus transmitidos pelos Elus Cohen são:  ) Mestre Elus-Cohen; ) Cavaleiro do Oriente; ) Chefe do Oriente; e ) Rèaux-Croix.

Outras fontes relatam assim: ) Ordem dos Cavaleiros de Elus-Cohen L'Univers; ) Ordem de Cavaleiros Maçons; ) Eleitos Sacerdotes do Universo; e ) Rèaux-Croix.

A Ordem se fundiu com a Ordem de Martinista de Phillipe Encausse. Ambelain publicou uma declaração na revista de Martinista ´L'Initiation”, em 1964, relatando o fechamento da Ordem. Trinta anos depois foi reavivada - novamente por Ambelain - que ainda parece estar morando em Paris.

Philippe Encausse (1906-1984).

Albert Raymond Costet de Mascheville (Cedaior)





Ordem Martinista Sinarquica (L'Ordre et de Martiniste Synarchique)

Esta Ordem é a mais antiga das que tiveram uma existência ininterrupta desde sua fundação em 1918 por Blanchard (Sar Yesir). Originalmente era Blanchard que iria se tornar o sucessor de Detré como Grande Mestre da Ordem Martinista Martinezista. Blanchard desistiu disto, pois ele não estava a favor da exigência de afiliação maçônica no Martinismo. Assim em 1918 Blanchard reuniu o Conselho Supremo anterior de Martinistas e Martinistas independentes que não aderiram ou pertenceram às Ordens Martinistas maçônicas e formaram uma Ordem de Martinistas sob a constituição original que iniciou homens e mulheres. Depois, em 1934 a Ordem de Blanchard mudou seu nome para Ordem Martinista e Sinárquica, e Blanchard foi eleito Soberano Grande Mestre Universal. 

Com uma idade de 75 anos, Blanchard faleceu em 1953, em Paris. O Soberano Grão Mestre a substituí-lo foi Sar Alkmaion (Dr. Edouard Bertholet), da Suíça. Foi Sar Alkmaion, Soberano Grão Mestre da Ordem para as Lojas Inglesas que recebeu a Carta Constitutiva como Delegado Geral para a Grã Bretanha e a Comunidade britânica. A Grande Loja Britânica era governada por um comitê interno conhecido como o Tribunal Soberano do qual este era um dos membros permanentes: Presidente: Sar Sorath (também conhecido como Sar Gulion, ainda em vida). 

No momento, a jurisdição principal desta Ordem está na Inglaterra sob da liderança de Sar Gulion. Nos E.U.A. há uma filial da Ordem que funciona regularmente com uma carta constitutiva da Inglaterra. Depois da morte de Fusiller, o sucessor de Blanchard, a Ordem Martinista dos Eleitos Cohens fundiu com o OMS e mantém o nome do posterior. 

A linhagem de OMS atual: 1) Papus & Chaboseau (linhagem em dobro); 2) Charles Detrè (Teder); 3) Georges de Bogè Lagrëze (Mikael); 4) Auguste Reichel (Amertis); 5) V. Churchill (Sar Vernita); e 6) Sar Gulion/ Sorath (o Grande Mestre Inglês).

A OM&S independente do Canadá, tem estas linhagens: 1) Papus & Chaboseau (linhagem em dobro); 2) Charles Detrè (Teder); 3) Georges de Bogè Lagrëze (Mikael); 4) Auguste Reichel (Amertis); 5) V. Churchill (Sar Vernita); 6) Sar Sendivogius; 7) William Pendleton; e 8) Sar Parsifal/Petrus (morto 1994).

O Tribunal da OM&S no Canadá, 1965, era compostos de: 1) Sar Resurrectus, Presidente (iniciado por Pendleton); 2) Sar Sendivogious; e 3) Sar Petrus.

A Jurisdição canadense se declarou independente. Sar Resurrectus se tornou o Grande Mestre, Sar Sendivogious se retirou das atividades da OMS para se concentrar nos Elus Cohen, e Sar Petrus se tornou Grande Mestre. 



Tradicional Ordem Martinista (L'Ordre Martiniste Traditionnel)

A Tradicional Ordem Martinista permanece como a maior Ordem Martinista não operativa em atividade no mundo, para tanto conta com a aliança com a Ordem Rosacruz AMORC, é a organização Martinista que possui o maior número de Heptadas tradicionalmente constituídas e é a que possui a melhor organização administrativa.

Harvey Spencer Lewis (1883-1939).

A sucessão da Tradicional Ordem Martinista possui vários ramos a saber: 1) V.E. Michelet; 2) Augustin Chaboseau (Sar Augustus); 3) Ralph Maxwell Lewis (Sar Validivar); 4) Gary L. Stewart; e 5) Cristian Bernard (Phenix). 

Ralph Maxwell Lewis (1904-1987).

Sucessões iniciáticas: 1) Papus & Chaboseau (linhagem em dobro); 2) Charles Detrèr (Teder); 3) Blanchard; e 4) H.S. Lewis.  A outra linhagem é 1) Papus & Chaboseau (linhagem em dobro); 2) Charles Deter (Teder); 3) Georges de Bogè Lagrëze (Mikael); e 4) Ralph Lewis. 

Raymond Bernard (1923-2006)

O Soberano Grande Mestre da Tradicional Ordem Martinista é o Ir Christian Bernard (Phenix), que possui duas linhagens: 1) Ralph Lewis; 2) Sepulcros de Orval; 3) Cristian Bernard e 1) Ralph Lewis; 2) Cecil Poole; 3) Gary L. Stewart; e 4) Christian Bernard.

Gary Lee Stewart

Christian Bernard (1951)

O intuito desta compilação é o de fornecer informações históricas sobre o Martinismo através dos séculos. Como todo Martinista deve saber, não se julga um irmão pela riqueza ou pobreza do berço que o embalou e sim pela fraternidade que une dois seres que possuem gravados em seus íntimos a mesma iniciação e a mesma paternidade espiritual. Este é o elo que nos une.



Pantáculo da Ordem Martinista, linhagem de Mascheville



ORIGEM DA MAÇONARIA ESPECULATIVA ANGLÓFONA - PARTE 01


O título é de autoria do editor deste blog, tendo em vista as informações contidas no texto a seguir, extraído de uma publicação mais extensa.


Por SGCMRAB

  
Para entender a grande divisão da Maçonaria em Graus Simbólicos e Altos Graus, é preciso compreender o que ocorria nas Ilhas Britânicas e na França, nos séculos XVII e XVIII. A Inglaterra e seu vizinho do Norte, a Escócia, tinham uma convivência turbulenta para dizer o mínimo. A Escócia, desde há muito, era aliada tradicional da França, por sua vez inimiga tradicional da Inglaterra.


 TUDOR - Elizabeth I (1533-1603), morre sem deixar herdeiros



O cenário político

Em 1603, Elizabeth I, Rainha da Inglaterra, indicou o filho de sua grande rival, Mary Stuart, rainha da Escócia, como seu sucessor. James I, que era Rei da Escócia como James VI, passa a governar também a Inglaterra e a Irlanda, dando início à dinastia dos Stuarts. Foi sucedido por seu filho, Charles I.


STUART - James I (1566-1625), união das Coroas da Inglaterra e Escócia



Embora Inglaterra e Escócia fossem protestantes. Charles casou-se com uma princesa francesa e católica, Henrietta Maria. Influenciado pelo poder real absoluto na França, tentou impor um governo sem Parlamento. Acabou por levar seus súditos a uma série de conflitos fratricidas (1639-1660).

STUART - Charles I (1600-1649), tenta impor o “direito divino” dos reis; a rainha e os príncipes Stuart seguem para o exílio


Perdeu a luta e foi executado em 1649. Sua Rainha e seu filho, o Príncipe Charles, exilaram-se na França, enquanto a Inglaterra tornava-se uma república, dirigida com mão de ferro por Oliver Cromwell. Muitas foram as tentativas de reconduzir os Stuarts ao trono britânico no período de Cromwell, mas todas fracassaram.

STUART - Charles II (1630-1685), morre sem deixar herdeiros legítimos


Em 1660, cansado da intolerância religiosa e da ditadura republicana puritana, o povo traz a monarquia de volta à Inglaterra. O Príncipe exilado assume o trono como Charles II e tenta reconciliar diferenças políticas e religiosas. Esse é justamente o período em que emerge das sombras a Franco-Maçonaria. 

STUART - James II (1633-1701), irmão de Charles; tenta impor o catolicismo na Grã-Bretanha; segue para o exílio na França.

Entretanto, Charles, apesar dos muitos filhos naturais, morre sem deixar um herdeiro ao trono. Foi sucedido por seu irmão, James II, que não tinha o seu tato. James convertera-se ao catolicismo. Embora desagradando ingleses e escoceses, essa conversão não teria maiores consequências se, em 1688, não tivesse nascido um filho homem, James Edward Stewart.

STUART - Mary (1662-1694) e William (1650-1702), morrem sem deixar herdeiros


Um acontecimento na França veio reacender entre os ingleses a antipatia pelo catolicismo. Quase cem anos antes, em 1598, o Rei Henri IV havia posto fim às terríveis lutas político-religiosas entre católicos e protestantes, que enlutaram a França do século XVI. ao promulgar o Edito de Nantes, Henri garantia liberdades civis e de culto aos protestantes. Mas, em 1685, Louis XIV, o Rei Sol, figura máxima do absolutismo, revogou o Edito de Nantes.

STUART - Anne (1665-1714), morre sem deixar herdeiros


A liberdade religiosa chegava ao fim na França católica, onde também já não mais existia liberdade política.


James Edward (1688-1766), Velho Pretendente

Charles Edward (1720-1788), Jovem Pretendente

Ingleses e escoceses, fartos de lutas religiosas, passaram a considerar inaceitável uma sucessão católica ao trono britânico, uma ameaça real às suas próprias liberdades. O trono foi então oferecido à filha de James II, Mary, casada com William, chefe de estado da Holanda. James foi praticamente deposto e exilou-se na França. Infelizmente, William e Mary faleceram sem deixar herdeiros. A irmã de Mary, a Rainha Anne, que a sucedeu, também não deixou herdeiros.

HANOVER - George I (1660-1727)


O trono foi então oferecido a um Príncipe alemão, bisneto de James I, que iniciou a dinastia de Hanover no trono britânico, sob o nome de George I. Mas os Stuarts tinham muitos partidários dos dois lados do canal. Até a derrota final dos stuartistas ou jacobitas (de Jacobus, forma latina de James), na batalha de Culloden, em 1745, o movimento de restauração da dinastia Stuart ameaçou seriamente a estabilidade da dinastia Hanover.

HANOVER - George II (1683-1760)


A Maioria dos Maçons ignora, mas é nessa rivalidade entre as duas dinastias rivais, Hanover e Stuart, que serão desenhados os Graus Simbólicos e os Altos Graus Maçônicos.


HANOVER - George III (1738-1820)

 HANOVER - George IV (1762-1830)



O Cenário Maçônico

Londres, após o grande incêndio de 1666, teve que ser reconstruída. Mas de alvenaria, não mais de madeira e estuque. A grande demanda de pedreiros fez crescer o status e despertou o interesse do público em geral pelo ofício.

“O Grande Incêndio de Londres”, de Lieve Verschuier


Ao mesmo tempo, o clima de distensão, abertura e tolerância atraiu imigração seleta, grandes inteligências, incapazes de aceitar a opressão, como os huguenotes franceses. E permitiu que fossem criadas agremiações onde podiam reunir-se as cabeças pensantes, muitas delas envolvidas no processo londrino de reconstrução geral. Talvez somente na Inglaterra daquela época seria tolerado que um grupo se reunisse a portas fechadas. Em qualquer outro lugar, isso despertaria suspeitas das autoridades. A Royal Society, os clubes, as sociedades e a Franco-Maçonaria afloraram justamente nessa época.

Brasão de armas da Royal Society


Nada mais natural que os Maçons de então fossem dedicados à dinastia Stuart.

Brasão de armas da Grande Loja Unida da Inglaterra


Como vimos, os Stuarts foram afastados do trono em 1688. Bons monarcas ou não, o fato é que eles ganharam uma aura romântica no exílio.

Em contrapartida, o novo Rei britânico, George I, era insípido, grosseiro e impopular. Jamais falou inglês. Seus descendentes foram insípidos e impopulares, quando não escandalosos.

Bem, dirá você, mas o que tem isso tudo a ver com a Maçonaria? Aqui é preciso levar um fator muito importante em consideração.

Nestes tempos de comunicação fácil, não avaliamos o papel das Lojas como centros de irradiação de ideias. Mas as autoridades da época sabiam muito bem. As Lojas e os Maçons, com seus juramentos e segredos, pareciam uma ameaça potencial intolerável. Como aceitar uma sociedade secreta, sabidamente composta por partidários do ancien regime e dispostos a reconduzir ao trono a dinastia Stuart?


FONTE: SGCMRAB. Real Arco – atualidades & reminiscências. Rio de Janeiro: SGCMRAB, 2005.