Por Carlos André Cavalcanti
Abro espaço nesta coluna
para debater a presença da religião aliás, da intolerância religiosa na Copa do
Mundo de Futebol no Qatar. Tricolor coral, gosto muito de futebol, mas é
preciso perceber fatores negativos que podem estar no entorno do mais belo
esporte do mundo. O texto é de Edebrande Cavalieri, da Arquidiocese (católica
romana) de Vitória, Espírito Santo.
BOLA FORA
“As imagens do Catar que
estão chegando em nossas casas nos mostram um país com prédios fantásticos e
supermodernos, estádios de futebol com arquitetura sofisticada e até com ar
refrigerado; de fato, essas imagens não mentem. Estamos diante de um país que é
uma potência financeira, capaz de comprar cotas de ações dos maiores clubes
europeus”. “(...) “Em termos religiosos, estamos diante de um país com quase
70% de sua população pertencente ao Islamismo, a maioria sunitas. Os cristãos
chegam a 13,8% e os budistas com a mesma percentagem.”
IMPEDIMENTO
O regime catari é uma
monarquia semi-absolutista com ares de liberdade que o regime procura
apresentar. “Há um rigor no controle do modo de vestir tanto dos homens como
das mulheres. Estas devem cobrir a cabeça e o corpo com roupas. Dizem que há
liberdade religiosa, contudo sob o controle do Estado que define até onde é
permitida a construção de templos religiosos. Qualquer grupo religioso deve
fazer um registro nos órgãos do governo.”
GOL CONTRA
“Há um aumento da violência
religiosa contra cristãos, caracterizando um clima hostil e de intolerância. É
proibido fazer proselitismo; portanto, o trabalho missionário de convencimento
a mudar de religião é considerado motivo suficiente para perseguição. As
pessoas muçulmanas que se convertem para o cristianismo ou budismo passam a ser
discriminadas e mal vistas em todos os espaços. Estamos diante de um país onde
a intolerância religiosa é grande, especialmente contra os não muçulmanos.”
FIFA S/A
Com todas estas informações
e muito mais que não cabe neste pequeno texto, fica muito contraditória a
posição da FIFA neste evento. Os episódios de intolerância que estão ocorrendo
durante o evento, contra os quais se expressou bem a seleção alemã, por
exemplo, são motivo mais que suficiente para questionar a propalada neutralidade
do futebol internacional. O comando do
futebol parece ter lado e este lado parece ser o dinheiro. Até quando o
futebol, em sua principal instituição internacional, vai usar dois pesos e duas
medidas quando o assunto é Direitos Humanos e Diversidade Religiosa?
Publicado originalmente em www.jornalopoder.com.br
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