Narasimha é a
encarnação do Senhor Krishna metade homem, metade leão, por isso também chamado
de Narsinga, Nrsimha, Narisimha ou Narasimha (de nara, homem
e simha, leão). O dia auspicioso de seu aparecimento
transcendental é comemorado ao anoitecer no Shukla Chaturdashi (décimo quarto
dia da quinzena brilhante) no mês de Vaishakha (maio). Este ano, o Narasimha
Chaturdashi ocorrerá a 15 de maio.
Os devotos devem
manter jejum neste dia, desde o nascer do sol até o crepúsculo e após, consumir
apenas preparações de Ekadasi (alimentos que não contenham e/ou não sejam
feitos com grãos).
De acordo com
vários textos védicos, especialmente os Puranas, Narasimha é a
décima quarta encarnação de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus e é
um lila-avatara, ou encarnação de passatempo do Senhor Krishna, e
não está na categoria que inclui Brahma, Shiva e Vishnu, que são guna-avataras,
deidades com o encargo dos três modos da natureza material. Ele é a cakra de
Krishna (arma em forma de disco, por vezes representada na mão do Ser Supremo)
e sempre que houver a instalação de uma cakra em algum templo,
as orações são oferecidas a Nrsimhadeva.
A principal
misericórdia do Senhor Nrsimhadeva é proteger seus devotos.
Os vaishnavas –
membros da sampradaya (tradição disciplinar sucessória
indiana) que se distingue pela adoração a Krishna e a suas expansões
– têm uma consideração especial por Nrsimhadeva.
A
história resumida de Narasimha deva (Sri Nrsimhadeva)
A narrativa purânica diz que Hiranyakashipu, um asura (demônio)
muito poderoso, desejava que o semideus criador, Brahma, o abençoasse com a
imortalidade. Brahma disse-lhe que a imortalidade era algo impossível de se
obter pelos seres encarnados, vez que todos têm um início e por consequência,
um fim.
Tendo praticado severas austeridades, Hiranyakashipu agradou
Brahma, que ofereceu-lhe a benção que pedisse.
Por esperteza , Hiranyakshipu pediu a Brahma que não fosse morto
nem de dia nem de noite, por qualquer criatura jamais criada, ou por qualquer
criatura nascida de uma mãe, de um pai, de um ventre, de um ovo ou gerada por
qualquer outra entidade viva criada, que não morresse em um canto qualquer, nem
na terra, nem na água e nem no ar, que não fosse morto por qualquer tipo de
arma, que o metal jamais perfurasse sua carne, que sempre estivesse livre de
doenças provocadas por micro-organismos, que sempre fosse protegido de
catástrofes naturais e que o seu próprio corpo e mente não fossem jamais causa
da sua morte.
Brahma foi bastante solícito em conceder-lhe todas essas bênçãos,
que aos olhos de um simples mortal equivalem à imortalidade.
Todavia, Hiranyakashipu tornou-se um flagelo para toda a criação,
vivendo sempre em busca de prazeres mundanos, tais como ouro (hyranya) e
cama e comida farta (kashipu),
rapinando a própria espécie e todas as demais.
Seu filho, o humilde Praladha, invocou o poder de Vishnu para
protegê-lo do seu pai, que não suportava que seu progênie se devotasse ao Ser
Supremo.
Vishnu (Krishna) encarnou como Narasimha e cumpriu as bênçãos
proferidas por Brahma: a sua forma era inusitada e jamais havia sido criada por
Brahma.
Ele surgiu do meio de um pilar de pedra e não foi gerado por uma
mãe, pai, ventre, ovo, etc.. A morte do demônio ocorreu no crepúsculo, nem de
dia e nem de noite. Narasimha o matou sobre o seu joelho (o “lugar nenhum”, nem
na terra, nem na água e nem no ar), usando a unha para estripá-lo (a qual não é
um arma de metal) e foi assim que o demônio morreu gozando de excelente saúde.
É curioso o fato de Brahma conceder bênçãos para demônios, que
sempre as usam para aterrorizar toda a criação. Porém, Brahma, como criador,
ama igualmente todas as criaturas, sejam elas demônios, humanos, santos ou
animais.
Uma vez, os grandes sábios, Sanaka, Sanandana, Sanatana e
Sanatkumara visitaram Vaikuntha loka (Vishnu loka, a morada de Vishnu). Há sete
portões em Vaikuntha loka e quando os sábios tentaram entrar no sétimo portão,
os porteiros, Jaya e Vijaya, os pararam, bloqueando o caminho e assim ofenderam
os sábios. Os sábios os amaldiçoaram a nascerem no mundo material.
Naquele momento, o Senhor Supremo Vishnu apareceu lá e informou que
a punição dada pelos sábios foi realmente ordenada por Si mesmo. Os porteiros,
Jaya e Vijaya iriam nascer em uma família demoníaca e estariam firmemente
unidos a Ele em pensamento através de uma concentração mental intensificada
pela raiva. Ele também confirmou que eles retornariam a Vaikuntha em breve.
Assim Jaya e Vijaya nasceram neste mundo material como Hiranyaksha e
Hiranyakashipu. Hiranyaksha foi morto antes de seu irmão, por Krishna/Vishnu,
sob a forma de porco do mato branco (Sri Varaha), que o impedia de erguer a
terra das águas.
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