O que há de singular é que essa América, que recebe
todos os anos tantos novos habitantes, está deserta e não tira proveito das perdas
contínuas da África. Esses escravos, que são transferidos para outro clima,
morrem aos milhares; os trabalhos nas minas a que são destinados tanto os
nativos como os estrangeiros, as exalações maléficas que delas efluem, o
mercúrio que deve ser usado continuamente, os destrói sem retorno.
Não há nada de tão extravagante como fazer perecer
um número incontável de homens para tirar do fundo da terra ouro e prata; esses
metais, em si mesmos totalmente inúteis, e que só são riquezas porque foram
escolhidos para serem símbolos.
De Paris, último dia da lua de
Shahban, 1718.
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