Por
João Florindo Batista Segundo
Resumo:
A
partir da constatação de que o diagrama do Olho das Maravilhas da Eternidade,
elaborado pelo místico alemão Jacob Boehme, foi praticamente esquecido pelos
esoteristas, que priorizaram o emblema Imagem Figurativa dos três mundos, a
presente tese objetiva reconstruir o trajeto antropológico que levou à
hegemonia da Imagem Figurativa em detrimento do Olho. Essa substituição causa
estranheza porque, segundo Boehme, além de condensar todo o seu pensamento, o
diagrama possibilita o renascimento espiritual, que é uma meta do esoterista.
Diante disso, será defendida a hipótese de que a imaginação simbólica da
maioria dos primeiros boehmianos, bem como o imaginário germânico de então,
privilegiavam o regime diurno das imagens, enquanto a imaginação simbólica de
Boehme posicionava-se habitualmente no regime noturno. Para averiguar tal
suposição, recorreu-se às Ciências Humanas e Sociais, com ênfase na Teoria
Geral do Imaginário, do antropólogo Gilbert Durand. Deste modo, aplicou-se a
hermenêutica simbólica durandiana a imagens textuais e pictóricas de fontes
primárias como arte sacra e religiosa e escritos esotéricos da Europa medieval
e início da Modernidade. Referente à metodologia, a presente pesquisa é
bibliográfica quanto aos meios, exploratória quanto aos fins e sua base lógica
foi o método hipotético-dedutivo. A pesquisa é pertinente porque os livros de
Boehme contribuem para a difusão da teosofia cristã, corrente do esoterismo
presente em todo o Ocidente e objeto de estudo do campo homônimo em Ciências
das Religiões. Portanto, este trabalho contribui para os estudos acadêmicos em
esoterismo ocidental, através do resgate do valor da imagética pictórica para a
compreensão de Boehme, como uma alternativa às interpretações historicistas,
que descredenciam o imaginário e impossibilitam a compreensão do autor.
Abstract:
From the observation
that the diagram of the Wonder Eye of Eternity, elaborated by the German mystic
Jacob Böhme, was practically forgotten by esoterists, who prioritized the
emblem Figurative Image of the three worlds, the present thesis aims to
reconstruct the anthropological path that led to the hegemony of the Figurative
Image to the detriment of the Eye. This substitution is strange because,
according to Böhme, in addition to condensing all his thought, the diagram
makes possible the spiritual rebirth, which is a goal of the esotericist.
Therefore, it will be defended the hypothesis that the symbolic imagination of
most of the early Böhmists, as well as the Germanic imaginary of the time,
favored the daytime regime of images, while Böhme’s symbolic imagination was
usually positioned in the nocturnal regime. To investigate this assumption, it
was consulted the Human and Social Sciences, with emphasis on the General
Theory of Imaginary, developed by the anthropologist Gilbert Durand. Thus,
Durandian symbolic hermeneutics was applied to textual and pictorial images
from primary sources such as sacred and religious art and esoteric writings
from medieval and early modern Europe. Regarding methodology, the present
research is bibliographical as to the means, exploratory as to the ends, and
its logical basis was the hypothetical-deductive method. The research is
pertinent because Böhme’s books contribute to the spread of Christian
theosophy, a current of esoterism present all over the West and the object of
study of the Western Esotericism, field in Religious Studies. Therefore, this
work contributes to academic studies in Western Esotericism by rescuing the
value of pictorial imagery for understanding Böhme, as an alternative to
historicist interpretations, which discredit the imaginary and make it
impossible to understand the author.
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