quinta-feira, 1 de setembro de 2022

RESUMO DE “EDUCAÇÃO COMO PRÁTICA DA LIBERDADE”

  

 
Por João Florindo Batista Segundo
 
Educação como Prática da Liberdade foi o primeiro livro de Paulo Freire (1921-1997). Escrito após o golpe de 1964, foi lançado em 1967, quando o hoje Patrono da Educação Brasileira estava exilado no Chile.
Embora fosse um educador e não se posicionasse politicamente, Paulo Freire acabou sendo tão perseguido quanto os que se engajaram na política. E isso ocorreu porque ele implementava um processo de alfabetização de massa que levava as pessoas mais pobres deste país – principalmente de um Brasil ainda profundamente rural e analfabeto – não somente às letras – no processo tradicional de alfabetização –, mas, principalmente, a uma conscientização da situação de opressão e miséria à qual as massas populares estavam relegadas.
Vejamos então o que nos diz o seu primeiro livro, fazendo uma sinopse por capítulo:
No capítulo 1, A sociedade brasileira em transição, Freire nos informa que à época da escrita a sociedade brasileira estava mudando, de rural e baseada na agroexportação para uma sociedade cada vez mais urbana e industrial, o que requeria uma educação mais potencializada.
O autor se preocupava com o autoritarismo e o antidiálogo, que obrigam o homem ao mutismo e à passividade e o impedem de desenvolver sua consciência e atingir a humanização, oposta à coisificação.
Pelo aumento do poder de dialogação com outro homem e com o mundo, o homem se transitiva. E a transitividade é a verdadeira democracia, lembrando ainda que existir é um conceito dinâmico.
Segundo Freire, o homem mudo é intransitivado e vive mais vegetativamente que historicamente.
É necessário mudar de uma transitividade ingênua para uma transitividade crítica, através da educação crítica, que conduz à liberdade.
No capítulo 2, Sociedade fechada e inexperiência democrática, inicia tratando da sociedade colonial brasileira, que era escravocrata, intransitiva, antidemocrática e fechada.
De acordo com Freire, nesse contexto, o mutismo não é inexistência de resposta, mas a resposta na qual falta o teor marcadamente crítico. O homem-massa (mudo) não participa na solução dos problemas comuns, graças à nossa colonização, pautada pela exploração econômica e que se fazia mediante acomodação e ajustamento das massas às ordens dos proprietário de terra (1967, p. 74).
A acomodação exige um mínimo de criticidade. Por sua vez, a integração exige um máximo de razão e de consciência. Porém, em todo o período colonial a maior parte da população brasileira viveu esmagada pelos senhores de terra.
Já no capítulo 3, Educação versus massificação, Freire procura respostas à luz de uma pedagogia que possa auxiliar a sociedade a construir sua democracia, o que só é possível por uma educação que desenvolva a criticidade. Uma educação crítica e criticizadora é a maior contribuição do educador brasileiro à sua sociedade em “partejamento” (FREIRE, 1967, p. 85-86).
A educação precisa apartar-se de modelos impostos, do elitismo, da memorização de conceitos e dedicar-se à discussão dos problemas econômicos e da realidade social brasileira.
A mentalidade democrática só é possível através de um modelo educacional que permita ao homem adquirir autonomia no debate dos problemas sociais (FREIRE, 1967, p. 95).
Diante do crescimento dos meios de comunicação de massa, segundo o educador era chegado o momento de educar as pessoas para se tornarem aptas a se conscientizarem de sua realidade.
Por fim, o capítulo 4, Educação e conscientização, é um resumo da educação popular que visava uma formação de qualidade, crítica à escola brasileira de então, propondo os círculos de cultura como novo método de ensino para além da alfabetização puramente mecânica. Para Freire, só um novo modelo educacional permite aquisição de autonomia no debate dos problemas sociais.
A educação precisa levar o homem a refletir sobre sua vocação ontológica de ser sujeito (FREITE, 1967, p. 106). E nesse sentido, o método de educação popular permitiu que a alfabetização do homem brasileiro o levasse a uma tomada de consciência pela emersão no processo da realidade nacional, através de uma consciência transitiva identificada com a realidade e capaz de modificá-la. Tal método fortalece o educando como sujeito e o habilita a ser um cidadão crítico e participativo; e para que funcione é necessário uma relação horizontal entre educador e educando.
Somente a educação amorosa e corajosa é capaz de pelo debate vencer o desamor acrítico do antidiálogo.
 

REFERÊNCIA:
 
FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

Disciplina: História da Filosofia no Brasil.

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