domingo, 31 de março de 2013

FELIZ PÁSCOA!



Para leitura e reflexão, pequeno trecho da obra mais recente de Bento XVI:

“(...) na história de Jesus, há dois pontos nos quais o agir de Deus intervém diretamente no mundo material: o seu nascimento da Virgem e a ressurreição do sepulcro, donde Jesus saiu e não sofreu corrupção. Esses dois pontos são um escândalo para o espírito moderno. A Deus é concedido agir sobre as ideias e os pensamentos, na esfera espiritual, mas não sobre a matéria. Isso incomoda; ali não é o seu lugar. Mas é precisamente disto que se trata: que Deus é Deus, e não se move apenas no mundo das ideias. Nesse sentido, em ambos os pontos, trata-se precisamente de Deus ser Deus. Está em jogo a questão: também Lhe pertence a matéria?

“Naturalmente não se podem atribuir a Deus coisas insensatas ou não razoáveis ou que estejam em contraste com a sua criação. Ora, aqui não se trata de algo não razoável ou de contraditório, mas precisamente de algo de positivo: do poder criador de Deus, que abraça todo o ser. Por isso, estes dois pontos – o parto virginal e a ressurreição real do túmulo – são pedras de toque para a fé. Se Deus não tem poder também sobre a matéria, então Ele não é Deus. Mas Ele possui esse poder e, com a concepção e a ressurreição de Jesus Cristo, inaugurou uma nova criação; assim, enquanto Criador, Ele é também o nosso Redentor.”


Ratzinger, Joseph. A infância de Jesus. São Paulo: Planeta, 2012, p. 52.

domingo, 17 de março de 2013

18 DE MARÇO: 699 ANOS DA MORTE DE JACQUES DEMOLAY - 2



VATICANO PUBLICOU DOCUMENTOS QUE ABSOLVEM A ORDEM DO TEMPLO


"Nesse local, Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em 18 de março de 1314". Tal está localizado na Pont-Neuf (Ponte Nova).





Na quinta-feira, 25 de outubro de 2008, os responsáveis pelo Arquivo do Vaticano apresentaram publicamente o volume “Processus contra Templarios”, que reedita o “Pergaminho de Chinon”, ou seja, as atas de exoneração de culpas do Santo Padre à Ordem do Templo.

O ato, que despertou um enorme interesse por informação, que impressionou os organizadores e que é uma demonstração do interesse que continua suscitando a Ordem do Templo, teve lugar na Sala Velha do Sínodo com a presença do monsenhor Raffaele Farina, arquivista bibliotecário da Santa Romana Igreja; monsenhor Sergio Pagano, prefeito do Arquivo Secreto Vaticano; Barbara Frale, descobridora do pergaminho e oficial do arquivo; Marco Maiorino, oficial do arquivo; Franco Cardini, mediavalista e Valerio Massimo Manfredi, arqueólogo e escritor.

A publicação desse documento dissipa e deixa claro todas as dúvidas que por interesse se verteram durante esses séculos sobre a Ordem do Templo e que tanto dano fizeram à imagem da Ordem, deixando claro que:

1. O Papa Clemente V nunca esteve convencido da culpabilidade da Ordem do Templo.

2. A Ordem do Templo, seu Grão Mestre Jacques de Molay e os demais templários presos, muitos deles justiçados posteriormente, foram absolvidos pelo Santo Padre.

3. O Templo nunca foi dissolvido, senão suspenso.

4. O Papa Clemente V nunca acreditou nas acusações de heresia e por isso permitiu aos templários justiçados receber os Santos Sacramentos.

5. Clemente V nega as acusações de traição, heresia e sodomia pelas quais o Rei da França acusou o Templo.

6. O processo e martírio de templários foi um “sacrifício” para evitar um cisma na Igreja Católica, que não compartilhava em sua grande maioria das acusações do Rei da França, e muito especialmente da Igreja francesa.

7. As acusações foram falsas e as confissões conseguidas sob torturas.

Indubitavelmente o Vaticano, com esse gesto, reconheceu publicamente seu erro, e sete séculos depois das condenações e mortes à Ordem do Templo e seus Cavaleiros, mostra os documentos de absolvição que demonstram fidedignamente que a Ordem do Templo é inocente de todas as acusações que deram motivo à sua suspensão.



Membros de uma ordem neotemplária têm acesso ao Pergaminho de Chinon (2008).


Frontispício do Pergaminho de Chinon.


18 DE MARÇO: 699 ANOS DA MORTE DE JACQUES DEMOLAY






QUEM FOI JACQUES DEMOLAY




Jacques DeMolay nasceu em Vitrey-sur-Mance, comuna francesa atualmente localizada no departamento de Haute-Saône, França, no ano de 1244, em uma família da pequena nobreza francesa.

Aos seus 21 anos de idade, como muitos filhos da nobreza europeia, ingressou na Ordem dos Cavaleiros Templários, organização sancionada pela Igreja Católica.

Em 1298, Jacques de Molay foi nomeado grão-mestre dos templários, sucedendo o falecido Thibaud Gaudin.

Como Grão-Mestre, Jacques passou por uma difícil posição pois as cruzadas não estavam atingindo seus objetivos, vez que os sarracenos capturaram cidades e portos vitais aos templários e hospitalários. Os templários resolveram, então, se reorganizar e readquirir sua força. Viajaram para a ilha de Chipre, esperando que a Eruopa apoiasse uma nova Cruzada.


Filipe IV de França, cognominado o Belo, o rei de Mármore ou o rei de Ferro (Fontainebleau, 1268 – Fontainebleau, 29 de Novembro de 1314) foi rei de França de 1285 até a sua morte, o décimo primeiro da chamada dinastia dos capetianos diretos. Por casamento com Joana I de Navarra foi também rei de Navarra e conde de Champagne de 1284 a 1305.



Em 1305, Filipe IV, o Belo, rei da França, resolveu obter o controle dos templários para impedir a ascensão da ordem no poder da Igreja católica. O rei era amigo de Jacques de Molay, um de seus filhos era afilhado do mesmo, o deflim Carlos, que mais tarde seria rei de França como Carlos IV. Mesmo sendo seu amigo, o rei de França tentou juntar a ordem dos Templários e a dos Hospitalários, pois sentiu que as duas ordens formavam uma grande potência econômica. Filipe IV sabia que a Ordem dos Templários possuía várias propriedades e outros tipos de riqueza.


Papa Clemente V (Raymond Bertrand de Got ou de Gouth ur de Goth; 1264-1314; papado: 1305-1314).


Sem obter o sucesso desejado, que era a de juntar as duas ordens e se transformar em um líder absoluto, o então rei de França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários, tendo chamado um nobre francês de nome Esquin de Floyran. O tal nobre teria como missão denegrir a imagem dos templários e de seu Grão-Mestre Jacques de Molay, e como recompensa receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los.

O ano de 1307 viu o começo da perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 mil homens, Jacques de Molay foi à França para o funeral de um membro feminino da Casa Real Francesa, levando consigo poucos cavaleiros. Na madrugada de 13 de outubro, ele e seus homens foram capturados e lançados nas masmorras,por um homem de confiança do rei Filipe IV, Guilherme de Nogaret.

Durante sete anos, Jacques de Molay e os cavaleiros aprisionados sofreram torturas e viveram em condições subumanas. Enquanto isso, Filipe IV gerenciava as forças do Papa Clemente V para condenar os templários. Suas riquezas e propriedades nas áreas sob domínio francês foram confiscadas e dadas a proteção de Filipe. E em outros países, os templários não foram molestados pelos governantes.

Após três julgamentos, Jacques de Molay continuou sendo leal para com seus amigos e cavaleiros. Ele se recusou a revelar o local das riquezas da Ordem, e recusou-s e a denunciar seus companheiros.

Em 1314, o rei pressiona para uma decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua doença, com violentas hemorragias internas que o impedem de sair do leito, Clemente V ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica e assegurando ao rei que a temida recuperação da ordem não será efetuada. Perante a comissão Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay proclamam a inocência de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão pára o processo e decide consultar a vontade do papa neste assunto.


Île de la Cité, onde Jacques DeMolay foi executado.


Ao ver que o processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição da ordem ainda pendente, Filpe IV ordena o rapto de Jacques de Molay e de Geoffroy de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos, e ordena que sejam queimados numa fogueira na Île de la Cité, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.

Jacques DeMolay e Geoffroy de Charnay ardem na fogueira (18 de março de 1314).


É uma lenda a história de que durante sua morte na fogueira intimou aos seus três algozes, a comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França, Filipe IV, o Belo. Todavia, em pouco tempo o Papa Clemente V faleceu, seguido pelo Chefe da guarda e o conselheiro real Guilherme de Nogaret e em 27 de novembro de 1314, por Filipe IV, então com apenas 46 anos de idade.


"Nesse local, Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em 18 de março de 1314". Tal está localizado na Pont-Neuf (Ponte Nova).

sábado, 16 de março de 2013

ENANTIODROMIA E INICIAÇÃO









Por João Florindo B. Segundo


O presente artigo visa analisar as impressões vividas pelo indivíduo quando submetido a um ritual de iniciação. Busca descobrir o que é realmente o despertar de uma nova consciência e o que é um mero surto psicótico.




DEFINIÇÃO DE INICIAÇÃO


Antes de detalhar o fenômeno enantiodrômico é imprescindível ao entendimento deste trabalho, discorrer sobre o que é iniciação.

No livro “Nascimentos Místicos” (2004), eis o que diz Mircea Eliade (1907-1986) sobre a iniciação:

Compreende-se geralmente por iniciação um conjunto de ritos e de ensinamentos orais que persegue a modificação radical do estatuto religioso e social do sujeito a iniciar. Filosoficamente falando, a iniciação equivale a uma mutação ontológica do regime existencial. Ao fim de suas provas, o neófito goza de outra existência que a anterior à iniciação: tornou-se um outro.

E adiante, afirma ainda que:

A iniciação introduz o neófito na comunidade humana e no mundo dos valores espirituais. Aprende comportamentos, técnicas e instituições de adultos, como também mitos e tradições sagradas da tribo, nomes dos deuses e a história de suas obras: aprende, sobretudo, as relações místicas entre a tribo e os Seres sobrenaturais, assim como foram estabelecidos na origem dos tempos.

Eliade entende que “De uma importância capital nas sociedades tradicionais, a iniciação é praticamente inexistente na sociedade ocidental de nossos dias.” e assevera ainda que:

A originalidade do homem moderno, sua novidade em relação às sociedades tradicionais, é precisamente sua vontade de se considerar um ser unicamente histórico, seu desejo de viver num Cosmos radicalmente dessacralizado.



DEFINIÇÃO DE ENANTIODROMIA


Pois bem, no que concerne à iniciação real (autêntica, verdadeira), quando ocorre, a experiência marca definitivamente por quem cruzou o umbral, vez que ser iniciado é passar a uma oitava superior, todavia, sem a perda da consciência.

Quando ocorre o desligamento da realidade, aí sim tem-se a enantiodromia, uma profunda vivência emocional, geralmente após um ritual específico, que muda a polaridade do indivíduo subjetivamente. Há inclusive no seio do moderno movimento hermetista um ramo conhecido por incoerismo, uma atitude libertária e axiocrática que busca analisar o fenômeno.

O conceito de enantiodromia remonta a obras de Heráclito (535 a.C. - 475 a.C.) e Platão (428/427 a.C. – 348/347 a.C.). Em “Fédon”, Platão alega que “Tudo surge desse modo, opostos criando opostos.”

No século XX, finalmente, Carl Gustav Jung (1875-1961) cunharia o termo, identificando o fenômeno como “o princípio que governa todos os ciclos da vida natural, desde o menor até o maior”.

O homem que consegue se separar do inconsciente consegue se libertar da enantiodromia. Caso não consiga, ficará sempre na dependência de um mecanismo autorregulador, causando debilitação do controle do ego.

Para exemplificar, no que tange à distinção de gêneros, só se pode se entender o conceito de feminilidade caso consiga identificar o masculino também como seu oposto. Assim, de acordo com Jung, quando um indivíduo se identifica conscientemente como extremamente masculino, em seu inconsciente se forma um conceito de extremamente feminino que se oporá ao seu eu masculino. À guisa de exemplo também o conflito entre um eu consciente extremamente bondoso e um eu inconsciente extremamente maligno, tão comum em casos de neuroses agudas.

A amplitude de referências ao fenômeno indica que Jung o entendia como uma realidade na vida coletiva, que tanto pode conduzir o indivíduo a um invariável entusiasmo, como, ao contrário à ânsia pelo pior. Vez que inevitável, o psicólogo entendia que a essência da consciência seria fruto do seu enfrentamento.




POR QUE HÁ INICIADOS DESEQUILIBRADOS?


Eliade (2004) informa ainda que:

(...) é preciso igualmente ter em conta o caráter metacultural da inciação: encontram-se os mesmos motivos iniciáticos nos sonhos e na vida imaginária tanto do homem moderno quanto do primitivo. Para repetir, trata-se de uma experiência existencial constitutiva da condição humana. Eis por que é sempre possível reanimar esquemas arcaicos de iniciação nas sociedades altamente evoluídas.

Em reportagem de revista de grande circulação nacional, em 2009, Antônio Carlos Jorge, então presidente da Sociedade Teosófica de São Paulo, adverte que: “Pessoas despreparadas para este aprendizado mais profundo podem enlouquecer” (apud RABELO, 2009), vez que as práticas não se destinam à mera satisfação de um desejo pessoal.

Já para o pesquisador Sérgio Pereira Couto, o interesse pelas sociedades secretas não é fomentado por segredos milenares, mas pela possibilidade de convívio social com algo exclusivo. “É um desejo de fazer parte de um pequeno clube secreto e obter um conhecimento hermético, reservado a alguns membros”, diz. “Os códigos de cumprimento e reconhecimento acessíveis a poucos também exercem fascínio”, afirma na referida matéria.

Por sua vez a professora de antropologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Eliane Gouveia, alega que além do desejo de reconhecimento pelas hierarquias internas das organizações iniciáticas – o que nem sempre ocorre na vida real – os neófitos buscam saberes que preencham sua necessidade de subjetividade, algo compreensível numa era de individualismo e de crise de valores.

Então, onde e quando ocorre o problema (a enantiodromia)?

Quando há permanência prolongada do ego despreparado no self; aí o indivíduo precisa lidar com o mundo das formas. Logo, ao tempo em que o verdadeiro iniciado evitará a vaidade, o enantiodrômico buscará sempre mecanismos para alcançar fama e poder.

E para completar, caso a polarização em um aspecto do psiquismo se prolongue demais e o ego se julgar mais forte que antes, o indivíduo pode entrar em colapso de personalidade e crer que já alcançou o summum bonum, que já é um mestre plenamente realizado. Em verdade, são comuns hoje em dia tais mestres, mas a verdade reside nas sábias e atemporais palavras de Louis-Claude de Saint-Martin (TOM, 2012):

Parece que eu podia aprender; e não, ensinar. Que eu estava em condições de ser discípulo; e não, mestre. Mas, excetuando-se o meu primeiro educador, Martinez de Pasqually e meu segundo educador, Jacob Boehme, eu só encontrei na terra pessoas que queriam ser mestres e que não estavam nem mesmo em condições de serem discípulos.

Fica claro então que a enantiodromia é fase preparatória à iniciação real, mas muitos estudantes despreparados – seja pela inépcia de seus mestres, seja pela perfídia de suas intenções – creem que a superaram e a superestimam, num processo que pode levar à perda da consciência (e não é de desmaio que aqui se fala).




OS ARQUÉTIPOS DE INDIVÍDUOS: PUER AETERNUS E SENEX


Em todas as escolas iniciáticas, sempre que um postulante pede ingresso nos portais do templo, mister se faz analisar seu caráter e intenções, pois como disse o Cristo “não jogueis pérolas aos porcos”, sob o risco de um curioso cruzar o umbral para plantar a discórdia.

Uma vez ingressando, o indivíduo poderá ter sucesso, fracassou ou sair da escola (o que é mais danoso ao psiquismo...). De qualquer maneira, ele nunca mais será o mesmo. E é considerando a séria possibilidade de danos à psique, que escolas autênticas ministram seu ensino de maneira propedêutica, para a segurança de seu membro.

Como saber se o indivíduo estará preparado para o que lhe será revelado?

A Psicologia Analítica apresenta dois conceitos arquetípicos legados por Jung que se encaixam com perfeição aos tipos de indivíduos que pedem ingresso nas escolas iniciáticas:

- Puer Aeternus: o arquétipo do menino
- Senex: o arquétipo do velho

Por Puer Aeternus (do latim, “Eterno Jovem”) entenda-se o arquétipo pueril, a exemplo da criança, do pré-adolescente e do adolescente. Quando referente às mulheres, diz-se Puella Aeternus.

A analista junguiana Marie-Louise von Franz desenvolveu esse conceito em “Um estudo psicológico do esforço adulto e o paraíso da infância” e em “O problema do puer aeternus”, arquétipo que inclui personagens como Peter Pan. Já na vida real, o Irmão Amadeus Mozart (1756-1791), por exemplo, apresentava o aspecto padrão do arquétipo da juventude eterna.

Os estudiosos da área defendem que o arquétipo pueril pode causar problemas psicológicos, manifestados pelo narcisismo, imaturidade e incapacidade de uma percepção adequada da vida adulta.

Senex, por sua vez é o arquétipo antitético, o oposto enantiodrômico do Puer, típico das pessoas de aspecto mais sério.

É dotado do caráter de Puer Aeternus ou de Senex que alguém bate às portas de uma ordem iniciática (quem dera, que o fosse sempre de uma autêntica). O Ideal seria o equilíbrio dos dois.

Cientes da dificuldade de encontrar um candidato plenamente equilibrado (até porque, se assim o fosse, não precisaria estudar os mistérios), algumas escolas, em seus graus iniciais, realizam uma profilaxia destes dois aspectos do psiquismo.

Nesse contexto, todavia, vários rituais ditos de iniciação a determinado grau são ritos de passagem entre os dois arquétipos, o que não é uma propriamente uma iniciação, mas uma enantiodromia.

A iniciação na arte real ou na arte sacerdotal ocorrerá no futuro, se o neófito resistir aos impulsos dos opostos. Neste sentido, Hélio de Moraes e Marques (2012) afirma que:

A pessoa que passa por um ritual em que lhe é revelado simbolicamente um novo conhecimento e que é instruída sobre como aplicar esse conhecimento benéfico em si e em torno de si, não será iniciada enquanto não aplicar o que lhe foi revelado. Se não o faz, não é um iniciado, a despeito do número de cerimônias de que tenha participado.

É preocupante ver um Velho que não se renova e não sabe mais sorrir como um Menino.




REFERÊNCIAS:


1 - Posts de Augusto Nascimento no tópico Loucura e iniciação... a encruzilhada do caminho. Comunidade Membros da Ordem Rosacruz - AMORC, do Orkut. Disponível em <http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=204772&tid=5532670437135067780&na=3&npn=4&nid=204772-5532670437135067780-5533906069739092876> Acesso em 02 fev. 2010.

2 - Dicionário Crítico de Análise Junguiana. Enantiodromia. Disponível em < http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/enantio.htm> Acesso em 03 mar. 2013.

3 - MCINTOSH, Christopher. Os mistérios da Rosacruz. Coleção Gnose, n. 20. São Paulo: IBRASA, 1987.

4 – RABELO, Carina. Por dentro das sociedades secretas - como funcionam no Brasil os grupos centenários que atuam de forma reservada nos campos político, social e espiritual. ISTOÉ. n. 2073. 05 ago. 2009. Editora Três.

5 – TOM/ AMORC-GLP. Pensamentos esparsos de Saint Martin. In CD Práticas Martinistas. 2012.

– ELIADE, Mircea. Nascimentos místicos: ensaio sobre alguns tipos de iniciação. Lisboa: Ésquilo, 2004.

domingo, 3 de março de 2013

HISTÓRIA DE AISHÁ




O Mistério de Luz e Imagem
O drama e a glória de vosso Ser. 

P. A. Freire*




O Cósmico dotou nossa mente de uma fértil imaginação, que é tanto maior quanto maior for a nossa inteligência. Com a imaginação, podemos viajar no tempo e no espaço sem as estreitas limitações do mundo material, no qual vivemos num fastidioso cotidiano. Para este, trazemos os enfeites pictóricos das mais variadas cromias encontradas nas imagens, também formadas pela imaginação daqueles que, num passado longínquo, desejosos de enriquecer as mensagens que deveriam atravessar os milênios e chegarem até nossos dias - a salvo das garras felinas da ignorância - legaram para nós, cunhadas na pedra, criptografadas em papiros ou sonorizadas pela palavra, as lendas que hoje constituem um acervo de sabedoria, que é o Símbolo.

O iniciado, valendo-se desse dom que a imaginação lhe proporcionou, pode escutar, com o devido cuidado, o distante sussurro de nossos antigos sábios, transmitindo as verdades eternas.

Esta imaginação não é pura podeis ver, tanto no mundo de hoje como no passado, foi antes imaginado na mente daquele que o projetou.

A história de Aishá, sois vós na eternidade... Nela estão narrados todo o drama e toda a glória de vosso Ser... Encenados no pensamento do Universo...


A HISTÓRIA DE AISHÁ

"No princípio, criou DEUS o Céu e a Terra. A Terra, porém, estava vazia e nua; e as trevas cobriam a face do abismo; e o espírito de DEUS era levado por cima das águas...

Disse DEUS: faça-se a Luz, e fez-se a Luz ... a Luz que deveria refletir a criação, a Alma do universo - Aishá.

A alma do Homem. Escutai o cântico do mistério.., A vossa história, vivida no pensamento de DEUS.

Vou contar-vos uma história, dentro das imagens que possam encontrar dimensões em vossa compreensão. Esta história é simples, mas encerra, em seu contexto, um profundo significado que, espero, consiga unir-nos neste encontro de amor.

-Era uma vez uma alma que habitava o Divino Éter: pura como uma columba - sem a consciência de si mesma.

Sua morada chamava-se "Shamaim" e seu nome era Aishá.

Faltava-lhe um atributo: a compreensão.

Um dia, pôde contemplar toda a beleza da criação arquitetada por DEUS e, por ela fascinando-se, no desejo imenso de conhecê-la, projetou-se nos abismos em trevas dos espaços imensos. E, caindo de esfera em esfera, foi esquecendo a sua origem, mergulhando profundamente na mais densa morada da matéria informe. Lá, nas profundezas desse abismo, começa ela a caminhar, a chamar pelo nome de todas as formas primitivas de energias caóticas. Parecia que tudo era um começo.

Sozinha, esquecida das origens, inconsciente de sua escolha, começa um caminho de sofrimento e de dor!

Desorientada, sentiu a necessidade de coordenar essas energias dentro de um princípio que lhe pareceu melhor. E, aí, começou a entoar o seu primeiro cântico! O cântico das pequeninas esferas: era o mundo atômico, material, com que começava Aishá a construir o primeiro degrau da escada experimental das formas.

Ela havia decidido, mas não sabia.

Ela era a própria luz que devia refletir cada página, cada ciclo evolutivo das formas da criação. E assim teve origem a sua jornada, origem dos primeiros acordes da sinfonia das esferas. Eram as notas das grades de um teclado universal que Aishá deveria perceber, nota por nota, para que, com esse conhecimento, pudesse cumprir sua missão. Sim, a sua missão como a divina compositora desse grande concerto que encerra, em cada partitura, as notas vibratórias que, desdobradas pela experiência, manifestariam o pensamento primordial Daquele de quem estava esquecida, mas que continuava vivo no seu impulso interior!

Depois de imensa jornada em imensurável tempo, ela acorda para uma nova etapa. Conseguira colocar cada partitura em seu devido lugar. E, no aprimoramento de cada nota,

Aishá conseguira manifestar o primeiro mistério - A VIDA!

Pela primeira vez, sentiu que era uma alma vivente. E, assim, dentro de sua natureza, usando das águas do Céu e das águas da Terra, surgiram as primeiras flores em seu caminho.

O espaço entre os pequeninos vegetais, sua então morada, ela o preenchia dos mais variados perfumes, como uma prece, uma oferenda ÀQUELE que lhe determinara a criação!

Esta foi, senhoras e senhores, a vossa primeira prece!

Cada espécie criada por Aishá se tornava o "habitat da vida.

De missão cumprida, continua seu caminho e, de repente, mais uma página foi virada.

Com sua experiência, percebeu Aishá que novas moradas estavam no grande projeto e, com os elementos tirados da experiência, ela gerou uma nova dimensão: surgira a primeira célula vivente. E das águas da Terra com as águas do Céu nascera o primeiro "coacervado - o unicelular que, com o sacrifício de si mesmo, num verdadeiro "dar-se", dividia-se em dois; e, assim, nessa progressão geométrica, começava Aishá a povoar as esferas suspensas no infinito universo.

Aishá podia mover-se e, por onde caminhava, levava a sua espécie.

Em sua nova morada, sentiu que, unindo cada célula, poderia construir novas dimensões de si mesma, num trabalho extenuante e penoso.

Nascera, então, o primeiro invertebrado!

Era a vida que aumentava a sua movimentação e, com cuidados especiais, começa Aishá a formar os pequenos filetes que, conduzindo sensações para um centro, dava ao pequenino ser a possibilidade de sentir o exterior de si mesmo na pequena consciência de seu interior.

O trabalho de Aishá acelerava-se, e foi criando e habitando, assim, novas dimensões da vida, com que ela povoou as esferas celestes.

Surgiram agora os primeiros vertebrados!

Pelas enormes dimensões de suas estruturas, necessitavam de um órgão que mantivesse a sua forma com maior movimentação e de novas janelas de seu interior para o exterior. E Aishá deu nome a todas essas formas, vivendo-as, uma a uma, diante do universo!

Aishá contemplava a sua obra!

Em cada período de repouso, ela procurava sentir a vontade Daquele que determinara a criação.

Sofrida, cansada, continuava o seu trabalho; com as águas da Terra e com as águas do Céu ela havia povoado os Mares e as florestas; porém, sentia que faltava alguma coisa. Precisava criar uma nova morada que fosse mais perfeita do que tudo que havia habitado. Então, criou ela a primeira semente que geraria a forma pré-humana. E, de dentro de sua nova dimensão, de sua nova manifestação, levantando os braços, Aishá começava a rever, através dos símbolos de seu interior, a primeira luz que, em forma de disco, parecia ser uma de suas expressões.

A luz maior, expressada na luz menor, era contemplada.

Aishá chorou pela primeira vez. Ela não podia entender, mas podia sentir.

Era o parto dolorido da espécie humana; era a primeira lágrima que rolava sobre um rosto. Era a sua e a vossa segunda prece. Aishá sentiu, pela primeira vez, o Amor; mas sentiu também quão difícil seria a sua jomada para encontrar aquela luz que se escondia por detrás daquele disco.

Seu interior fremia de contentamento; suas lágrimas de dor e de alegria fundiam-se numa só emoção porque, em cada dor, surgia a alegria de uma nova vivência, de uma nova experiência.

Em cada período de repouso, ela contemplava a sua obra e partia para novas dimensões. Era mais uma etapa vencida na direção do grande destino que a aguardava. E, assim, Aishá, nesta nova morada, nesta nova forma de expressão, acelerava o caminhar. Era a forma humana que se aprimorava. Porém, dada a complexidade dessa expressão, surgiu aquilo a que chamamos o "bem e o "mal .

Era a ciência dos opostos que ela conscientizava.

Foi aí que Aishá percebeu que o mal existia para que o bem se evidenciasse.

Era uma lei que surgia, oriunda dos conjuntos, para, através desta mais alta forma de vida, usando da liberdade que lhe foi conferida para lhe facilitar a obra, dar a ela o direito de escolha.

E, assim, chegou Aishá aos nossos tempos - às vossas dimensões.

Não mais preciso continuar esta história porque, de agora em diante, em vez de narrada, será vivida por vós mesmos - Aishá dessa história.

Entretanto, posso dizer-vos que estes tempos já estão concluídos. Todos já fizeram a sua escolha. Neste momento, estamos vivendo um êxodus desta para uma nova dimensão. Estamos num êxodus desta para uma nova terra: para a terra de Canaã dos hebreus; para a Salem de Melquizedek; para o outro lado do sol - para o REINO DO SENHOR!

Por isso, eu vos peço, neste momento, numa apoteose a esta dimensão, no clímax deste êxodus, cantai comigo este poema de Amor:

"UM DIA PISAREI A TERRA DO SENHOR!"


*Texto extraído da abertura da Convenção Mundial Rosacruz - AMORC realizada no Brasil, em Curitiba-PR, em outubro de 1975. Gravado posteriormente em áudio e lançado no LP de nome “A Cruz e a Rosa – Filosofia Perene/ História de Aishá”, em 1976, pelo selo Tapecar. Áudio do disco com Luiz Eça, Carlos Alberto e P.A.Freire.

PHILOSOPHIA PERENNIS



 
Compilado e livremente adaptado por Carlos Alberto S. Soares*

“Philosophia Perennis - a frase foi cunhada por Leibnitz ; mas a coisa - a metafísica que reconhece ama. Divina Realidade substancial ao mundo das coisas, vidas e mentes; a psicologia que encontra na alma algo similar ou mesmo idêntico à Divina Realidade; a ética que coloca a finalidade do homem no conhecimento da Base imanente e transcendente de todo o ser - a coisa é imemorial e universal.”
Aldous Huxley

Esta brilhante seqüência de citações manifesta a mensagem transmitida por místicos, líderes religiosos, filósofos, poetas, escritores...
A mensagem da Filosofia Perene...
A tradição é uma e única. Sua manifestação é que assume formas diferentes, mas todas convergindo para a unicidade do Todo.
Sim, a unicidade do Todo é confirmada pelos pensamentos daqueles a quem foi dada a centelha do gênio, da revelação e que nos transmitiram seus deslumbrantes lampejos...

PHILOSOPHIA PERENNIS

Abrirei minha boca em parábolas; publicarei coisas ocultas desde a Criação. (Mateus 13:35). Passarão o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. (Lucas 21:33)
Porque...
Eu sou a ressurreição e a vida, O que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. (João 11:25) Eu sou o caminho, a Verdade, e a Vida. (João 14:6) Eu sou o pão vivo que desci do céu. (João 6:41) O que crê em mim, do seu ventre correrão rios de água viva. (João 7:38)
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por ele; e nada do que foi feito, foi feito sem ele. Nele estava a Vida e a Vida era a luz dos Homens. E a luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não a compreenderam.
Era a luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo. Veio para o que era seu e os seus não o receberam. Mas a todos que o receberam e creram em seu nome, deu ele o poder de se fazerem filhos de Deus; que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de Verdade; e nós vimos a sua glória como de  filho  Unigênito  do  Pai. (João 1)
Eu celebro a mim mesmo, e canto a mim mesmo. E o que eu assumir, tu também assumirás.  Pois cada átomo que me pertence também pertence a ti. (Whitman).
Somos Deuses e nos esquecemos disso. (Blavatsky)
A imagem de Deus é encontrada, essencial e individualmente, em toda a humanidade. Cada um a possui completa, inteira e indivisa, e todos juntos não são mais do que apenas um. Desta forma, todos somos unos, intimamente unidos, em nossa imagem eterna, que é a imagem de Deus e a fonte em nós de toda a vida. Nossa essência e nossa vida estão ligadas a ele sem mediação como sua causa eterna. (Ruysbroeck)
Sei que há somente um Deus vivente, verdadeiro e infinito, criador e mantenedor de todas as coisas, visíveis e invisíveis, cuja essência está difundida em todo o universo e cuja mente e consciência constitui a alma do Homem (Credo Rosacruz)
Eu sou o poeta do corpo e o poeta da alma. Os prazeres do céu estão em mim e as dores do inferno estão em mim. O primeiro eu cultivo e alimento em mim mesmo, o segundo eu traduzo para uma nova língua. (Whitrnan)
Eu creio que uma folha de grama não é inferior à grande jornada das estrelas.
E que a formiga é igualmente perfeita, e um grão de areia, e o ovo de um passarinho- E a árvore é uma obra-prima do Altíssimo,
E a fruta silvestre rasteira adornaria os salões dos céus,
E a menor articulação da minha mão envergonharia a mais perfeita máquina,
E a vaca ruminando, com a cabeça pendida, supera qualquer estátua,
E um rato é milagre suficiente para tontear sextilhões de infiéis. (Whitman)
Eu fiz uma só obra, e todos vós estais por isso maravilhados...  (João 7:21)
Eu sinto que esta tarde está me vendo, que esta serenidade está me vendo. Que o momento da criação está me vendo neste instante doloroso de sossego em mim mesmo. Oh, criação, que estás me vendo..., beija-me os olhos, afaga-me os cabelos para eu dormir. (Vinícius de Moraes)
Por que deveria eu desejar ver Deus melhor do que este dia? Eu vejo alguma coisa de Deus em cada hora das vinte e quatro, e em cada momento.  No rosto dos homens e das mulheres eu vejo Deus, e no meu próprio rosto no espelho. Eu encontro cartas de Deus caídas na rua, e cada uma assinada com o nome de Deus.  E eu as deixo onde estão, pois sei que, não importa aonde eu vá,   Outras virão.., infalivelmente.., eternamente. (Whitman)
Eu sou o grito perdido no primeiro vazio à procura de um Deus que é o vazio ele mesmo! (Vinícius de Moraes)
Mas...
Somos Deuses e nos esquecemos disso. (Blavatsky)
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses. (Templo de Delfos).
Tu não me conheces a mim, nem a meu Pai. Se me conhecesses, certamente conhecerias também a meu Pai. (João 8:19)    
Porque assim como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ele ao Filho ter a vida em si mesmo. (João 5:26)    
Não crês que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?  As palavras que eu te digo, não as digo de mim mesmo; mas o Pai que está em mim, esse é que faz as obras. (João 4:10)
Deus e eu somos unos em conhecimento. (Eckhart)
Eu não rogo somente por eles, mas rogo também por aqueles que hão de crer em mim por meio da sua palavra; para que eles sejam todos um, como tu, Pai, o és em mim, e eu em ti; para que também eles sejam um em nós... Eu estou neles, e tu estás em mim, para que eles sejam consumados na unidade. (João 17:20/3)
A pessoa mais simples, que na sua integridade adora Deus, torna-se Deus. (Emerson)
Dentro do Homem está a alma do Todo; o silêncio sábio, a beleza universal com a qual todas as partes e partículas se relacionam; o eterno UNO. (Emerson)
Eu estou sentado nesta pedra. Eu, em cima, ela, embaixo. Mas a pedra também pode dizer "EU” e pensar: "Eu estou aqui e ele sentado em cima de mim”? Surgiu, então, a pergunta: "Sou aquele que está sentado na pedra, ou sou a pedra na qual ele está sentado? Mais tarde, encontrei a resposta: a pedra era, e ao mesmo tempo encerrava, o mistério insondável do SER, a quinta-essência do espírito. Vi que nisso residia, obscuramente, meu parentesco com a pedra. Tanto na coisa morta como no ser vivo existia a natureza divina. (Jung)
O espírito assopra onde quer; e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem nem para onde vai. (João 3:8)
O homem é um rio cuja nascente está oculta. Nosso SER está sempre fluindo para dentro de nós, de onde não sabemos. (Emerson)
E podes estar certo de que...
Aquilo que realmente é para ti, gravita para ti. Crê, como crês na tua vida, que todos os sons que forem emitidos por este globo afora, que tu deves ouvir, vibrarão nos teus ouvidos. E isto porque o coração que está dentro de ti é o coração de todos; não existe nenhuma válvula, nenhuma parede, nenhuma interseção na Natureza, mas um só sangue que flui ininterruptamente, uma circulação interminável, através de todos os homens; assim como toda a água do planeta constitui um único mar, e, na verdade, seu fluxo é um só. (Emerson)
Por isso diz a ciência dos homens que...
O universo começa a parecer mais um grande pensamento do que uma grande máquina. (Sir James Jean)
E assim...
Em verdade te digo que tudo que ligares na terra terá sido ligado no céu, e tudo que desligares na terra terá sido desligado no céu. (Mateus18:18)
Em toda conversa entre duas pessoas referência tácita é feita a uma terceira parte, a uma natureza comum. Essa terceira parte, ou natureza comum, não é social; é impessoal, é Deus. (Emerson)
Por isso...
Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles (Mateus 18:20)
E..
O meu preceito é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este - de dar a própria vida por seus amigos. (João 15:12/3)
Tu és o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? (Mateus 5:13)
Não se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, para que dê luz a todos que estão em casa. Assim resplandeça a tua luz diante dos homens para que vejam as tuas obras. (Mateus5:15/6)
BEM-AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA JUSTIÇA, PORQUE DELES É O REINO DOS CEUS. (Mateus 5:10)
BEM-AVENTURADOS SOIS VÓS, QUANDO VOS INJURIAREM E PERSEGUIREM, E, MENTINDO, FALAREM TODO MAL CONTRA VÓS POR MINHA CAUSA.(Mateus 5:11)
O espírito da verdade, o mundo não pode receber porque não o vê nem o conhece. Mas tu o conhecerás, porque ele ficará contigo e estará em ti. (João 14:17)
Mas...
A natureza dessas revelações é sempre a mesma. São percepções da Lei Absoluta; são soluções para as perguntas da alma. Elas não respondem às perguntas que o intelecto formula. A alma nunca responde em palavras, mas através da coisa em si, acerca de que se pergunta. (Emerson)
Essas perguntas que ansiamos formular sobre o futuro são uma confissão de pecado. Deus não tem respostas para elas. Nenhuma resposta em palavras pode esclarecer dúvidas sobre coisas. Não se trata de um arbitrário "decreto de Deus , mas na própria natureza do Homem há um véu que encobre os fatos do amanhã; pois a alma não nos permitirá ler qualquer outro código que não seja o de causa e efeito. (Emerson)

E....
Em verdade eu te digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota nem um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. (Mateus 5:18)
Eis uma das maiores asneiras do mundo! Quando a nossa sorte adoece (freqüentemente pelos excessos do nosso comportamento), culpamos o sol, a lua e as estrelas dos nossos desastres:   Como se fôssemos vilões por necessidade; loucos por compulsão celeste; velhacos, ladrões e traidores por conjunção das esferas; bêbados, mentirosos e adúlteros por obediência forçada a influências planetárias; e tudo que fazemos de mal, por imposição divina.
Que admirável escapatória do homem devasso, responsabilizar, por sua lascívia, uma estrela! (Shakespeare)   
Não está em nossas estrelas, mas em nós mesmos, a culpa de sermos inferiores! (Shakespeare)
Temos de aprender, pouco a pouco, que aquilo a que denominamos destino não vem de fora, mas sim de nós próprios. Por não terem absorvido o seu destino quando este exclusivamente lhes pertencia, e por não se terem transformado ao seu contato, é que tantos homens não o reconhecem... O destino parece-lhes, então, tão estranho que, na sua perturbação, creem que lhes aparece pela primeira vez. (Rainer Maria Rilke)
Nenhum alçapão, nenhuma armadilha nos ameaça.  Nada temos a recear.
Fomos colocados na vida por ser a vida o elemento que mais nos convém, a tal ponto que, se permanecêssemos calmos, mal nos distinguiríamos do que nos cerca. Não temos nenhuma razão para desconfiar do universo, porque ele não nos é contrário. Se existem terrores, esses terrores são os nossos; se há abismos, são os nossos abismos... Todos os dragões da nossa existência são, talvez, princesas que esperam ver-nos belos e audazes, um dia. Todas as coisas assustadoras não são mais, talvez, do que coisas indefesas que esperam que as socorramos. (Rainer Maria Rilke)
 Mas...
 Com que rapidez a Natureza se revolta quando o ouro se torna seu objeto, e a virtude busca remuneração! E a mente que enriquece o como. (Shakespeare)
Homem, oh, orgulhoso Homem, vestido numa fugaz e pequena autoridade, ignorante daquilo de que tem mais certeza, como um macaco furioso, faz coisas tão fantásticas perante o céu que provoca lágrimas nos anjos! (Shakespeare)
BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO, PORQUE DELES É O REINO DOS CÉUS. (Mateus 5:3)
BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO, PORQUE ELES VERÃO A DEUS. (Mateus 5:8)
 Pois...
Aquele que nunca se livrou dos desejos pode ver apenas o que é visível. (Lao Tzé)
Me dê aquele homem que não é escravo da paixão e eu o levarei no fundo do meu coração. (Shakespeare)
BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE ELES HERDARÃO A TERRA. (Mateus 5:5)
Permanece em silêncio, e ele te falará; fala, e ele emudecerá. (Young-chia Ta-shih)
Se quiseres saber o que Deus fala, "entra no teu armário e fecha a porta", como disse Jesus. Deus não se manifesta aos covardes. O Homem tem que se ouvir com coragem, e se afastar das palavras de devoção dos outros. As preces de terceiros lhe são perniciosas, até que ele tenha encontrado a sua própria prece. (Emerson)
E a alma que percebe e revela a verdade. Pelo mesmo fogo, sereno, impessoal, perfeito, que queima até dissolver todas as coisas em ondas e vagas de um oceano de luz - nos vemos e nos conhecemos uns aos outros e sabemos de que espírito cada qual é feito. (Emerson)
Vemos o mundo parte a parte, como o sol, a lua, o animal, a árvore; mas o todo, de que todas essas coisas são partes brilhantes, é a alma. (Emerson)
Quando a alma respira através do intelecto, é Gênio; quando respira através da vontade, é Virtude; quando flui através do afeto, é Amor! (Emerson)
Ante a grande revelação da alma, o Tempo, o Espaço e a Natureza se encolhem e desaparecem. (Emerson)
E....
As coisas que hoje consideramos fixas e imutáveis se desprenderão, uma a uma, da nossa experiência, e, quais frutas maduras, tombarão. (Emerson)
Portanto...
Não julgueis segundo as aparências... (João 7:24)
Pois...
Uma vez chegados ao nível atômico, o mundo objetivo do espaço e do tempo deixa de existir, e os símbolos matemáticos da física teórica referem-se meramente a possibilidades, não a fatos.  (Werner Heisenberg)
Essas equações nada dizem sobre massas em movimento; apenas regulam o comportamento de campos muito abstratos, em muitos casos certamente imateriais, freqüentemente tão sutis como a raiz quadrada de uma possibilidade. (Henry Margenau)
No mundo da física, a vida cotidiana nos é apresentada como um diagrama de sombra. A sombra do meu cotovelo se apóia na sombra de uma mesa, assim como a sombra da tinta corre sobre a sombra de um papel. (Sir Arthur Eddington)
Nada na terra é real. Há somente aparências. (Hermes Trismegistos)
A vida é uma sombra errante... (Shakespeare)
E....
Assim como a ilusória realidade de tal visão se desvaneceu, hão, do mesmo modo, de esvair-se as torres que se elevam às nuvens, os palácios soberbos, os templos e até o próprio globo com quanto nele existe. Nós somos feitos do mesmo estofo dos sonhos, e a nossa vida está envolta num sonho. (Shakespeare)
O mundo foi criado pela palavra de Deus, de maneira que o que se vê foi feito de coisas que não se vêem. (Paulo)
E....
Quando as Dez Mil coisas forem vistas na sua unidade, retornaremos à origem e permaneceremos onde sempre estivemos. (Sen T'Seh)
E, se alguém ouvir as minhas palavras e não acreditar, eu não o julgarei, porque não vim para julgar, mas para salvar o mundo. Porque eu não falei de mim mesmo; mas o Pai que me enviou é o mesmo que me prescreveu, pelo seu mandamento, o que devo dizer e o que devo falar.  E eu sei que o seu mandamento é a vida eterna. (João 12:47/50)
Em verdade eu te digo que se o grão que cai na terra não morrer, fica só. Mas se ele morrer, produz muito fruto. O que ama a vida a perderá; e o que odeia a vida neste mundo a conservará para a vida eterna.   (João 12:24 /5)
Um pouco e já não me verás; outra vez um pouco, e me verás.  (João 16:16)
Mas...
Destrói este Templo e eu o levantarei em três dias. (João 2:19)    
E quando eu for levantado da terra, todos os homens atrairei a mim. (João 12:32)
Por isso...
Quanto a ti, MORTE, e tu, amargo abraço de mortalidade, é inútil tentarem me alarmar. E quanto a ti, CADÁVER, eu te considero bom adubo, e isso não me choca, Pois sinto a fragrância doce das rosas brancas crescendo; Eu toco seus lábios de pétalas e acaricio os seios polidos dos melões. E quanto a ti, VIDA, eu acho que és o remanescente de muitas mortes (sem dúvida eu mesmo já morri dez mil vezes antes).
Eu vos ouço sussurrar, Oh, estrelas dos céus, 
Oh, sóis, Oh, grama das sepulturas,
Oh, perpétuas transmutações e promoções. 
Se vós não dizeis nada, como posso eu dizer alguma coisa?  
Eu me elevo da lua, eu me elevo da noite.
Eu me lego ao pó para nascer da grama que eu amo.    Se me quiseres, procura-me debaixo da sola das tuas botas. 
Tu mal saberás quem eu sou, ou o que significo;  
Contudo, eu te farei bem,    
E filtrarei e darei fibra ao teu sangue.     
Se, a princípio, nos desencontrarmos, não desanimes. 
Se não me achares aqui, procura-me ali;       
Em algum lugar estarei esperando por ti. (Whitman)
Na senda do desenvolvimento do teu espírito, quando estiveres integrado na harmonia universal, vibrando uníssono com as esferas, sentindo a pulsação cósmica dos astros onde habitam outras humanidades, terás descerrado o ÚLTIMO VÉU DE ISIS.
 E....
O resto é silêncio. (Shakespeare)
 Ainda por um pouco de tempo estou contigo, e depois vou para aquele que me enviou. (João 7:33)
Eu tenho ainda muitas coisas que te dizer, mas tu não as podes suportar. Quando vier, porém, aquele espírito da Verdade, ele te ensinará todas as verdades... (João 16:12/3)


*Texto extraído da abertura da Convenção Mundial Rosacruz - AMORC realizada no Brasil, em Curitiba-PR, em outubro de 1975. Gravado posteriormente em áudio e lançado no LP de nome “A Cruz e a Rosa – Filosofia Perene/ História de Aishá”, em 1976, pelo selo Tapecar. Áudio do disco com Luiz Eça, Carlos Alberto e P. A. Freire.