domingo, 7 de agosto de 2022

O TRAJETO ANTROPOLÓGICO DA IMAGÉTICA PICTÓRICA DE JACOB BOEHME: DO OLHO DAS MARAVILHAS À IMAGEM FIGURATIVA

 


 

Por João Florindo Batista Segundo

 

Resumo:

A partir da constatação de que o diagrama do Olho das Maravilhas da Eternidade, elaborado pelo místico alemão Jacob Boehme, foi praticamente esquecido pelos esoteristas, que priorizaram o emblema Imagem Figurativa dos três mundos, a presente tese objetiva reconstruir o trajeto antropológico que levou à hegemonia da Imagem Figurativa em detrimento do Olho. Essa substituição causa estranheza porque, segundo Boehme, além de condensar todo o seu pensamento, o diagrama possibilita o renascimento espiritual, que é uma meta do esoterista. Diante disso, será defendida a hipótese de que a imaginação simbólica da maioria dos primeiros boehmianos, bem como o imaginário germânico de então, privilegiavam o regime diurno das imagens, enquanto a imaginação simbólica de Boehme posicionava-se habitualmente no regime noturno. Para averiguar tal suposição, recorreu-se às Ciências Humanas e Sociais, com ênfase na Teoria Geral do Imaginário, do antropólogo Gilbert Durand. Deste modo, aplicou-se a hermenêutica simbólica durandiana a imagens textuais e pictóricas de fontes primárias como arte sacra e religiosa e escritos esotéricos da Europa medieval e início da Modernidade. Referente à metodologia, a presente pesquisa é bibliográfica quanto aos meios, exploratória quanto aos fins e sua base lógica foi o método hipotético-dedutivo. A pesquisa é pertinente porque os livros de Boehme contribuem para a difusão da teosofia cristã, corrente do esoterismo presente em todo o Ocidente e objeto de estudo do campo homônimo em Ciências das Religiões. Portanto, este trabalho contribui para os estudos acadêmicos em esoterismo ocidental, através do resgate do valor da imagética pictórica para a compreensão de Boehme, como uma alternativa às interpretações historicistas, que descredenciam o imaginário e impossibilitam a compreensão do autor.

 

Abstract:

From the observation that the diagram of the Wonder Eye of Eternity, elaborated by the German mystic Jacob Böhme, was practically forgotten by esoterists, who prioritized the emblem Figurative Image of the three worlds, the present thesis aims to reconstruct the anthropological path that led to the hegemony of the Figurative Image to the detriment of the Eye. This substitution is strange because, according to Böhme, in addition to condensing all his thought, the diagram makes possible the spiritual rebirth, which is a goal of the esotericist. Therefore, it will be defended the hypothesis that the symbolic imagination of most of the early Böhmists, as well as the Germanic imaginary of the time, favored the daytime regime of images, while Böhme’s symbolic imagination was usually positioned in the nocturnal regime. To investigate this assumption, it was consulted the Human and Social Sciences, with emphasis on the General Theory of Imaginary, developed by the anthropologist Gilbert Durand. Thus, Durandian symbolic hermeneutics was applied to textual and pictorial images from primary sources such as sacred and religious art and esoteric writings from medieval and early modern Europe. Regarding methodology, the present research is bibliographical as to the means, exploratory as to the ends, and its logical basis was the hypothetical-deductive method. The research is pertinent because Böhme’s books contribute to the spread of Christian theosophy, a current of esoterism present all over the West and the object of study of the Western Esotericism, field in Religious Studies. Therefore, this work contributes to academic studies in Western Esotericism by rescuing the value of pictorial imagery for understanding Böhme, as an alternative to historicist interpretations, which discredit the imaginary and make it impossible to understand the author.

 

Texto completo no link abaixo:

https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/23343

FERNANDO PESSOA NO EPÍLOGO DO MISTÉRIO

 


Por Fernando Pessoa
 

Se quiser dar um nome de origem à Maçonaria, mais que poderá dizer-se é que ela é, quanto à composição dos graus simbólicos, plausivelmente um produto do protestantismo liberal, e, quanto à redação deles, certamente um produto do século XVIII inglês, em toda sua chateza e banalidade.
Os dois primeiros graus maçônicos, menos simbólicos que emblemáticos, não conduzem definitivamente a coisa nenhuma; e o grande mistério do Grau de Mestre – que é, por assim dizer, a Rosa de toda a cruz maçônica – é um símbolo vital, mas abstrato, que cada qual pode interpretar no sentido que entender.

 

REFERÊNCIA:
PESSOA, Fernando apud QUADROS, António. A procura da verdade oculta: textos filosóficos e esotéricos de Fernando Pessoa. Cascais: Publicações Europa-América, 1986. p. 192.

ORIGEM

 


Por Boécio


III. 12

Todo o gênero humano tem uma mesma origem,
Um só é o Pai do Universo, Ele só o dirige,
Foi Ele quem deu a Febo seus raios, e à Lua seu crescente,
E também os homens à Terra e as estrelas ao Céu,
Foi Ele quem fez descer as almas do Céu e penetrar nos corpos.
Dessa forma, todos os seres nasceram de uma nobre semente.
Por que vangloriar-vos de vossa linhagem e dos vossos ancestrais?
Considerai vossa origem e Deus, vosso Criador: todos são igualmente
nobres
A menos que reneguem sua origem divina, entregando-se aos piores vícios.


REFERÊNCIA:
BOÉCIO. A consolação da filosofia. Marc Fumaroli (prefácio); Willian Li (tradução). 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012. p. 67.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

ŚRĪ NṚSIṀHA KAVACHA





 
Śrī Nṛsiṁha Kavacha
 
narasimha-kavacaṁ vakṣye
 prahlādenoditaṁ purā
sarva-rakṣā-karaṁ puṇyaṁ
 sarvopadrava-nāśanam (1)
 
sarva-sampat-karaṁ caiva
 svarga-mokṣa-pradāyakam
dhyātvā nṛsiṁhaṁ deveśaṁ
 hema-siṁhāsana-sthitam (2)
 
vivṛtāsyaṁ tri-nayanaṁ
 śarad-indu-sama-prabham
lakṣmyāliṅgita-vāmāṅgam
 vibhūtibhir upāśritam (3)
 
catur-bhujaṁ komalāṅgaṁ
 svarṇa-kuṇḍala-śobhitam
śriyāsu-śobhitoraskaṁ
 ratna-keyūra-mudritam (4)
 
tapta-kāncana-sankāśaṁ
 pīta-nirmala-vāsasam
indrādi-sura-mauliṣṭha
 sphuran māṇikya-dīptibhiḥ (5)
 
virājita-pada-dvandvaṁ
 śaṅkha-cakrādi-hetibhiḥ
garutmatā chavinayāt
 stūyamānam mudānvitam (6)
 
sva-hṛt-kamala-saṁvāsaṁ
 kṛtvā tu kavacaṁ pathet
nṛsiṁho me śirah pātu
 loka-raksātma-sambhavah (7)
 
sarvago ’pi stambha-vāsaḥ
 phālaṁ me rakṣatu dhvanim
nṛsiṁho me dṛśau pātu
 soma-sūryāgni-locanaḥ (8)
 
smṛtiṁ me pātu nṛhariḥ
 muni-varya-stuti-priyaḥ
nāsāṁ me siṁha-nāśas tu
 mukhaṁ lakṣmī-mukha-priyaḥ (9)
 
sarva-vidyādhipaḥ pātu
 nṛsiṁho rasanām mama
vaktraṁ pātv indu-vadanaḥ
 sadā prahlāda-vanditaḥ (10)
 
nṛsiṁhah pātu me kaṇṭhaṁ
 skandhau bhū-bharaṇānta-kṛt
divyāstra-śobhita-bhujo
 nṛsiṁhaḥ pātu me bhujau (11)
 
karau me deva-varado
 nṛsiṁhaḥ pātu sarvataḥ
hṛdayaṁ yogi-sādhyaś ca
 nivāsaṁ pātu me hariḥ (12)
 
madhyaṁ pātu hiraṇyāksa
 vakṣaḥ-kukṣi-vidāraṇaḥ
nābhiṁ me pātu nṛhariḥ
 sva-nābhi-brahma-saṁstutaḥ (13)
 
brahmāṇḍa-koṭayaḥ kaṭyāṁ
 yasyāsau pātu me kaṭim
guhyaṁ me pātu guhyānāṁ
 mantrāṇām guhya-rūpa-dhṛk (14)
 
ūrū manobhavaḥ pātu
 jānunī nara-rūpa-dhṛk
jaṅghe pātu dharā-bhāra-
hartā yo ’sau nṛ-keśarī (15)
 
sura-rājya-pradaḥ pātu
 pādau me nṛharīśvaraḥ
sahasra-śīrṣā-puruṣaḥ
 pātu me sarvaśas tanum (16)
 
mahograḥ pūrvataḥ pātu
 mahā-vīrāgrajo’gnitaḥ
mahā-viṣṇuḥ dakṣiṇe tu
 mahā-jvālas tu nairṛtau (17)
 
paścime pātu sarveśo
 diśi me sarvatomukhaḥ
nṛsiṁhaḥ pātu vāyavyāṁ
 saumyāṁ bheeṣaṇa-vigrahaḥ (18)
 
īśānyāṁ pātu bhadro me
 sarva-maṅgala-dāyakaḥ
saṁsāra-bhayadaḥ pātu
 mṛtyor mṛtyur nṛ-keśarī (19)
 
idaṁ nṛsiṁha-kavacaṁ
 prahlāda-mukha-maṅḍitam
bhaktimān yaḥ paṭhennityam
 sarva-pāpaiḥ pramucyate (20)
 
putravān dhanavān loke
 dīrghāyur upajāyate
yaṁ yaṁ kāmayate kāmaṁ
 taṁ taṁ prāpnoty asaṁśayam (21)
 
sarvatra jayam āpnoti
 sarvatra vijayī bhavet
bhūmyantarīkṣa-divyānāṁ
 grahānāṁ vinivāraṇam (22)
 
vṛścikoraga-sambhūta-
viṣāpaharaṇaṁ param
brahma-rākṣasa-yakṣāṇāṁ
 dūrotsāraṇa-kāraṇam (23)
 
bhūrje vā tālapatre vā
 kavacaṁ likhitaṁ śubham
kara-mūle dhṛtaṁ yena
 sidhyeyuḥ karma-siddhayaḥ (24)
 
devāsura-manuṣyeṣu
 svaṁ svaṁ eva jayaṁ labhet
eka-sandhyaṁ tri-sandhyaṁ vā
 yaḥ paṭhen niyato naraḥ (25)
 
sarva-maṅgala-māṅgalyaṁ
 bhuktiṁ muktiṁ ca vindati
dvā-triṁśati-sahasrāṇi
 paṭhechhuddhātmabhir nribhih (26)
 
kavacasyāsya mantrasya
 mantra-siddhiḥ prajāyate
anena mantra-rājena
 kṛtvā bhasmābhi maṅtraṇam (27)
 
tilakaṁ bibhriyād yas tu
 tasya gṛaha-bhayaṁ haret
tri-vāraṁ japamānas tu
 dattaṁ vāryābhimantrya ca (28)
 
prāśaye dyam naram mantraṁ
 nṛsiṁha-dhyānamācaret
tasya rogāḥ praṇaśyanti
 ye ca syuḥ kukṣi-sambhavāḥ (29)
 
kimatra bahunoktena
 nṛsimha sadṛśo bhavet
manasā cintitam yattu
 sa tacchāpnotya samśayaṁ (30)
 
garjantaṁ garjayantam nija-bhuja-patalaṁ sphoṭayantaṁ hatantaṁ
dipyantaṁ tāpayantaṁ divi bhuvi ditijaṁ kṣepayantam kṣipantam
krandantaṁ roṣayantaṁ diśi diśi satataṁ saṁharantaṁ bharantaṁ
vīkṣantaṁ ghūrṇayantaṁ kara-nikara-śataiḥ divya-siṁhaṁ namāmi (31)
 
iti śrī-brahmāṇḍa-purāṇe prahlādoktaṁ śrī-nṛsiṁha-kavacaṁ sampūrṇam.
 

**************************************

Śrī Nṛsiṁha Kavacha

 
I shall now recite the Narasimha-kavaca, formerly spoken by Prahlada Maharaja. It is most pious, vanquishes all kinds of impediments, and provides one all protection. (1)
 
It bestows upon one all opulences and can give one elevation to the heavenly planets or liberation. One should meditate on Lord Narasimha, Lord of the universe, seated upon a golden throne. (2)
 
His mouth is wide open, He has three eyes, and He is as radiant as the autumn moon. He is embraced by Lakshmidevi on his left side, and His form is the shelter of all opulences, both material and spiritual. (3)
 
The Lord has four arms, and His limbs are very soft. He is decorated with golden earrings. His chest is resplendent like the lotus flower, and His arms are decorated with jewel-studded ornaments. (4)
 
He is dressed in a spotless yellow garment, which exactly resembles molten gold. He is the original cause of existence, beyond the mundane sphere, for the great demigods headed by Indra. He appears bedecked with rubies which are blazingly effulgent. (5)
 
His two feet are very attractive, and He is armed with various weapons such as the conch, disc, etc. Garuda joyfully offers prayers with great reverence. (6)
 
Having seated Lord Narasimhadeva upon the lotus of one’s heart, one should recite the following mantra: May Lord Narasimha, who protects all the planetary systems, protect my head. (7)
 
Although the Lord is all-pervading, He hid Himself within a pillar. May He protect my speech and the results of my activities. May Lord Narasimha, whose eyes are the sun, and fire, protect my eyes. (8)
 
May Lord Nrhari, who is pleased by the prayers offered by the best of sages, protect my memory. May He who has the nose of a lion protect my nose, and may He whose face is very dear to the goddess of fortune protect my mouth. (9)
 
May Lord Narasimha, who is the knower of all sciences, protect my sense of taste. May He whose face is beautiful as the full moon and who is offered prayers by Prahlada Maharaja protect my face. (10)
 
May Lord Narasimha protect my throat. He is the sustainer of the earth and the performer of unlimitedly wonderful activities. May He protect my shoulders. His arms are resplendent with transcendental weapons. May He protect my shoulders. (11)
 
May the Lord, who bestows benedictions upon the demigods, protect my hands, and may He protect me from all sides. May He who is achieved by the perfect yogis protect my heart, and may Lord Hari protect my dwelling place. (12)
 
May He who ripped apart the chest and abdomen of the great demon Hiranyaksha protect my waist, and may Lord Nrhari protect my navel. He is offered prayers by Lord Brahmā, who has sprung from his own navel. (13)
 
May He on whose hips rest all the universes protect my hips. May the Lord protect my private parts. He is the knower of all mantras and all mysteries, but He Himself is not visible. (14)
 
May He who is the original Cupid protect my thighs. May He who exhibits a human-like form protect my knees. May the remover of the burden of the earth, who appears in a form which is half-man and half-lion, protect my calves. (15)
 
May the bestower of heavenly opulence protect my feet. He is the Supreme Controller in the form of a man and lion combined. May the thousand-headed Supreme enjoyer protect my body from all sides and in all respects. (16)
 
May that most ferocious personality protect me from the east. May He who is superior to the greatest heroes protect me from the southeast, which is presided over by Agni. May the Supreme Vishnu protect me from the south, and may that person of blazing luster protect me from the southwest. (17)
 
May the Lord of everything protect me from the west. His faces are everywhere, so please may He protect me from this direction. May Lord Narasimha protect me from the northwest, which is predominated by Vayu, and may He whose form is in itself the supreme ornament protect me from the north, where Soma resides. (18)
 
May the all-auspicious Lord, who Himself bestows all-auspiciousness, protect from the northeast, the direction of the sun-god, and may He who is death personified protect me from fear of death and rotation in this material world. (19)
 
This Narasimha-kavaca has been ornamented by issuing from the mouth of Prahlada Maharaja. A devotee who reads this becomes freed from all sins. (20)
 
Whatever one desires in this world he can attain without doubt. One can have wealth, many sons, and a long life. (21)
 
He becomes victorious who desires victory, and indeed becomes a conqueror. He wards off the influence of all planets, earthly, heavenly, and everything in between. (22)
 
This is the supreme remedy for the poisonous effects of serpents and scorpions, and Brahma-rakshasa ghosts and Yakshas are driven away. (23)
 
One may write this most auspicious prayer on his arm, or inscribe it on a palm-leaf and attach it to his wrist, and all his activities will become perfect. (24)
 
One who regularly chants this prayer, whether once or thrice (daily), he becomes victorious whether among demigods, demons, or human beings. (25)
 
One who with purified heart recites this prayer 32,000 times attains the most auspicious of all auspicious things, and material enjoyment and liberation are already understood to be available to such a person. (26)
 
This Kavaca-mantra is the king of all mantras. One attains by it what would be attained by anointing oneself with ashes and chanting all other mantras. (27)
 
Having marked ones body with tilaka, taking ācamana with water, and reciting this mantra three times, one will find that the fear of all inauspicious planets is removed. (28)
 
That person who recites this mantra, meditating upon Lord Narasimhadeva, has all of his diseases vanquished, including those of the abdomen. (29)
 
Why should more be said? One acquires qualitative oneness with Narasimha himself. There is no doubt that the desires in the mind of one who meditates will be granted. (30)
 
Lord Narasimha roars loudly and causes others to roar. With His multitudes of arms. He tears the demons asunder and kills them in this way. He is always seeking out and tormenting the demoniac descendants of Diti, both on this earth planet and in the higher planets, and He throws them down and scatters them. He cries with great anger as He destroys the demons in all directions, yet with His unlimited hands He sustains, protects, and nourishes the cosmic manifestation. I offer my respectful obeisances to the Lord, who has assumed the form of a transcendental lion. (31)
 
Thus ends the Narasimha-kavaca as it is described by Prahlada Maharaja in the Brahmanda Purana.
  
 
**************************************
 
Śrī Nṛsiṁha Kavacha
  
Vou agora recitar o Narasimha-kavaca, anteriormente falado por Prahlada Maharaja. Ele é muito piedoso, vence todos os tipos de impedimentos e proporciona uma proteção total. (1)
 
Ele confere todas as opulências e pode conceder elevação aos planetas celestiais ou à liberação. Deve-se meditar no Senhor Narasimha, Senhor do universo, sentado em um trono dourado. (2)
 
Sua boca está bem aberta, Ele tem três olhos e está tão radiante quanto a lua de outono. Ele é abraçado por Lakshmidevi em seu lado esquerdo, e sua forma é o abrigo de todas as opulências, tanto materiais quanto espirituais. (3)
 
O Senhor tem quatro braços e Seus membros são muito delicados. Ele é decorado com brincos dourados. Seu peito é resplandecente como a flor de lótus e Seus braços são decorados com ornamentos cravejados com joias. (4)
 
Ele está vestido com um traje amarelo imaculado, que se assemelha exatamente a ouro fundido. Ele é a causa original da existência, além da esfera mundana, para os grandes semideuses encabeçados por Indra. Ele aparece ornado com rubis, que são abrasadoramente refulgentes. (5)
 
Seus dois pés são muito atraentes, e Ele está armado com várias armas como a concha, o disco etc. Garuda oferece-lhe alegremente orações, com grande reverência. (6)
 
Após instalar o Senhor Narasimhadeva sobre o lótus do coração, deve-se recitar o seguinte mantra: Que o Senhor Narasimha, que protege todos os sistemas planetários, proteja minha cabeça! (7)
 
Embora o Senhor seja onipresente, Ele se ocultou dentro de um pilar. Que Ele proteja minha fala e os resultados de minhas atividades! Que o Senhor Narasimha, cujos olhos são o sol e o fogo, proteja meus olhos! (8)
 
Que o Senhor Narahari, que está satisfeito com as orações oferecidas pelos melhores dos sábios, proteja minha memória! Que Aquele que tem o nariz de leão proteja meu nariz, e que Aquele cujo rosto é muito querido pela deusa da fortuna proteja minha boca! (9)
  
Que o Senhor Narasimha, que é o conhecedor de todas as ciências, possa proteger meu paladar! Que Ele, cujo rosto é belo como a lua cheia e a quem são oferecidas orações por Prahlada Maharaja, proteja meu rosto! (10)
 
Que o Senhor Narasimha proteja minha garganta! Ele é o sustentáculo da terra e o executor de atividades ilimitadamente maravilhosas. Que Ele proteja meus ombros! Seus braços são resplandecentes com armas transcendentais. Que Ele proteja meus ombros! (11)
 
Que o Senhor, que concede bênçãos aos semideuses, proteja minhas mãos, e que Ele me proteja de todos os lados! Que Ele, que é alcançado pelos iogues perfeitos, proteja meu coração, e que o Senhor Hari proteja a minha residência! (12)
 
Que Aquele que rasgou o peito e o abdômen do grande demônio Hiranyaksha proteja minha cintura, e que o Senhor Narahari proteja meu umbigo! A ele são oferecidas orações pelo Senhor Brahmā, que brotou de seu próprio umbigo. (13)
 
Que Ele, em cujos quadris repousam todos os universos, proteja meus quadris! Que o Senhor proteja minhas partes íntimas! Ele é o conhecedor de todos os mantras e de todos os mistérios, mas Ele mesmo é insondável. (14)
 
Que Aquele que é o Cupido original proteja minhas coxas! Que Aquele que exibe uma forma semelhante à humana possa proteger meus joelhos! Que o removedor do fardo da terra, que aparece em uma forma que é meio homem e meio leão, possa proteger minhas panturrilhas! (15)
 
Que o outorgador da opulência celestial proteja meus pés! Ele é o Controlador Supremo na forma de um homem e de um leão combinados. Que o Desfrutador Supremo de mil cabeças proteja meu corpo de todos os lados e em todos os aspectos! (16)
 
Que a personalidade mais feroz me proteja do oriente! Que Aquele que é superior aos maiores heróis me proteja do sudeste, que é presidido por Agni! Que o Supremo Vishnu me proteja do sul, e que essa pessoa de brilho abrasador me proteja do sudoeste! (17)
 
Que o Senhor me proteja de tudo vindo do ocidente! Seus rostos estão por toda parte, portanto, por favor, que Ele me proteja desta direção! Que o Senhor Narasimha me proteja do noroeste, que é dominado por Vayu, e que Ele, cuja forma é em si mesma o ornamento supremo, me proteja do norte, onde Soma reside! (18)
 
Que o Senhor todo-auspicioso, Ele mesmo doador de todas as auspiciosidades, proteja-me do nordeste, a direção do deus-sol, e que Aquele que é a morte personificada me proteja do medo da morte e do clico de reencarnação neste mundo material! (19)
 
Este Narasimha-kavaca foi embelezado com a emissão pela boca de Prahlada Maharaja. Um devoto que o lê se liberta de todos os pecados. (20)
 
O que quer que se deseje neste mundo, ele pode alcançar, sem dúvida. Pode-se ter riqueza, muitos filhos e uma vida longa. (21)
 
Ele torna vitorioso aquele que deseja a vitória e, de fato, torna-o um conquistador. Ele afasta a influência de todos os planetas, terrestres, celestiais e tudo o que se encontra entre eles. (22)
 
Este é o remédio supremo para os efeitos venenosos das serpentes e dos escorpiões, além de afugentar os fantasmas Brahma-rakshasa e Yakshas. (23)
 
Pode [o devoto] escrever esta mais auspiciosa oração no braço, ou inscrevê-la em uma folha de palmeira e prendê-la ao pulso, e todas as suas atividades se tornarão perfeitas. (24)
 
Quem canta regularmente esta oração, seja uma ou três vezes [diariamente], torna-se vitorioso, seja entre os semideuses, demônios ou seres humanos. (25)
 
Aquele que com o coração purificado recita esta oração 32.000 vezes alcança a mais auspiciosa de todas as coisas auspiciosas, e o gozo material e a liberação já estão disponíveis para tal pessoa. (26)
 
Este Kavaca-mantra é o rei de todos os mantras. Atinge-se por ele o que seria alcançado ungindo-se com cinzas e entoando todos os outros mantras. (27)
 
Tendo marcado o corpo com tilaka, purificando-se com água pelo processo ācamana e recitando este mantra três vezes descobre-se que o medo de todos os planetas inauspiciosos é removido. (28)
 
A pessoa que recita este mantra, meditando no Senhor Narasimhadeva, venceu todas as suas doenças, inclusive as do abdômen. (29)
 
O que mais dizer? A pessoa adquire unidade qualitativa com o próprio Narasimha. Não há dúvida de que os desejos presentes na mente de quem medita nEle serão atendidos. (30)
 
O Senhor Narasimha ruge alto e faz outros rugirem. Com Suas multidões de braços, Ele despedaça os demônios e os mata desta maneira. Ele está sempre procurando e atormentando os descendentes demoníacos de Diti, tanto neste planeta Terra como nos planetas superiores, e Ele os lança para baixo e os dispersa. Ele urra com grande fúria enquanto destrói os demônios em todas as direções, mas com Suas mãos ilimitadas Ele sustenta, protege e nutre a manifestação cósmica. Ofereço minhas respeitosas reverências ao Senhor, que assumiu a forma de um leão transcendental. (31)
 
Assim termina o Narasimha-kavaca como é descrito por Prahlada Maharaja no Brahmanda Purana.