Respostas por João Florindo Batista Segundo
Quais
são as características da ontologia fundamental de Husserl?
A ontologia de Edmund Husserl (1859-1938) é de caráter fenomenológico. O
filósofo iniciou sua vida profissional como matemático e assim esperava
solucionar todos os problemas com bases exatas tais quais as que supunha que a
ciência detinha.
Numa análise mais
detida, ele percebeu o empirismo da ciência, vez que esta depende da
experiência, a qual é sujeita a suposições, predisposições e equívocos. Daí
Husserl chegou à conclusão que a experiência por si só não é ciência. Adveio
daí sua crítica ao psicologismo, ao empirismo, ao naturalismo e ao
historicismo, componentes do positivismo que grassava à época.
Husserl adotou a
doutrina de Descartes, que buscava libertar a filosofia de suposições,
duvidando de tudo exceto da capacidade de duvidar. Ele sugeriu a adoção de uma
postura livre de inferências, pela qual pudesse investigar os fenômenos da
experiência humana: é a chamada abordagem fenomenológica.
Logo, a coisa mesma
em Husserl não é a faticidade do
objeto, mas, em verdade, o seu fator transcendental, que denominará noema. Já as vivências do objeto são
denominadas noese. Vê-se aí a
identidade entre sujeito e consciência, ao passo que o eu transcendental é a
idealidade e a consciência intuitiva do sujeito.
Sobre esta base,
ele buscava lidar com problemas filosóficos que remontam aos princípios da
filosofia. Para ele, são as próprias disposições da consciência que dão sentido
à vida, a verdade que deve sempre mostrar-se.
Constata-se ainda
que os filósofos que empregaram o método de Husserl alcançaram resultados
variados, pelo que não foi bem sucedido em dar solução aos problemas mais
insolúveis da ciência, apesar de dar início a uma rica abordagem da ontologia.
Faça
a distinção entre o “ser-em-si” e o “ser-para-si” em Sartre.
Para Jean-Paul
Sartre (1905-1980) não existe Deus, de modo que não fomos criados pelo que não
existe e assim não houve qualquer propósito para nossa criação, razão pela qual
nossa existência precede à nossa essência, sendo o homem livre para criar o
propósito de sua vida. Ele é condenado a ser livre e a arcar com a
responsabilidade de suas escolhas.
Todavia, para
alcançar este nível de percepção ele primeiramente apreende os níveis do ser no
que toca à consciência.
O primeiro é o
“ser-em-si”, aquilo que é e não pode ir além disto, pois carece de
auto-percepção; é o objeto em si, que só é determinado quando relacionado com
um sujeito, o que ocorre quando o em-si se dá como fenômeno (aparição). O em-si
não pode escolher fazer-se diferente daquilo que é.
Já o “ser-para-si”
se percebe, se relaciona com o ser das coisas e é pura relação com o “em-si”,
que dá ao homem a capacidade de formar a si mesmo, em situação de consciência
como vazio total, aparência. O para-si é o fundamento, então, da negatividade,
da falta de essência definida: percebendo-me, constato que não tenho uma
natureza humana definida, pois quando existo é que constituo minha essência, a
qual posso mudar a meu bel-prazer, ainda que da escolha advenha a consequente
responsabilidade que Sartre atribui a cada homem (é o ser percipiente que elabora a argumentação ontológica).
Assim, num fluxo
recíproco entre o “ser-em-si” (objeto) e o “ser-para-si” (sujeito), este é que determinará aquele que a ele se desvela (que
aparece, que é fenômeno), permitindo que o nada venha ao mundo, pois o ser é um nada ser.
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