Não importa o lugar onde o
horror se ergue com aquele formato da cobardia que o torna só aparentemente
triunfante. Será sempre um lugar onde se acoitam os assassinos, perante o(s)
lugar(es) onde a Humanidade sofre no seu rincão de paz, mesmo quando esta é uma
exceção, um tempo breve de respirar.
Em Deus(es) e nas estruturas
de crença que se compreendem numa fé ou espiritualidade dialogante com a razão,
nas religiões que fazem o Ser humano no primado da ética, da relação e da
consciência, não há lugar para o direito de atentar sem vislumbre mínimo de
respeito pela vida humana.
Não importa se é Manchester
ou se numa terra seca e sem nome. Não importa se alguém reivindicou. Estes que
matam arriscam-se a não merecer outros e não têm o direito de reivindicar um
qualquer Outro, porque, como dizem crentes da mesma religião que alegadamente
professam, não há um Outro que os justifique.
Por isso, embora
reivindicando um Outro, traem e vilipendiam em ações que nada têm de
sacrificial. E já se provou que colocar as culpas em Deus(es) e nas estruturas
de crença é uma menoridade, uma redutora e perigosa leitura, tão falsa como a
motivação destes que apenas os seus iguais festejam.
Assassinos são assassinos,
mesmo que mudem de nome, roupa, pronúncia ou arma. Agem pela instrumentalização
de interesses dominados pelo ódio e pela subjugação. São vergonha de e para a
Humanidade.
Quem mata assim anda perdido
num corredor de ódios, mas representa também um desafio de humanidade, porque
ao Ser humano, sobretudo em contexto religioso, nenhuma expressão de ódio deve
ficar indiferente.
Observatório para
a Liberdade Religiosa, 23 maio 2017
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