Etapas do processo
alquímico: 1) Calcinação, 2) Sublimação, 3) Solução/Solver, 4)
Putrefação/Fermentação, 5) Separação/Destilação, 6) Coagulação, 7)
Tintura/União.
Por Rosangela Corrêa
1)
Calcinação: Consiste em submeter um corpo, uma pedra, p.
ex., a um calor elevado, para que este libere a água. Então, quando o cliente
chega ao consultório, ele chega calcinando, mas calcinando pela água, que
representa as emoções agindo de forma destrutiva, cristalizando os complexos.
Sendo assim, o trabalho do analista, nesta fase, é colocar o fogo, mas um fogo
planejado, ou seja, utilizar o fogo do cliente em processo de analise, para
combater o próprio fogo. Utilizando a ferida, fruto da queixa daquela calcinação,
para calcinar a própria ferida. Promovendo assim, a mudança de dimensão, que
através da calcinação evoluirá de nigredo para outra chamada de albedo.
2)
Sublimação: Consiste em converter um corpo de estado
sólido para estado gasoso. Para Jung, a sublimação corresponde a ação de
colocar ar, ou seja, pensamento, ampliação de consciência, em cima da cal ou do
pó que possibilita manuseio, pois ainda não tem forma, ou seja, o complexo que
foi calcinado e agora tornou-se pó, permite e gera condições para o individuo
lidar com a sombra, com os infernos internos. E neste momento, o analista junto
ao cliente começa a planejar ou imaginar como ele, cliente, quer lidar com a vida,
averiguando e identificando suas reais expectativas, referente à situação em
que esteja inserido, e o que, de fato, espera de sua própria existência, de
maneira ampla e global. E depois desta sincera avaliação, de âmbito
absolutamente pessoal, passam a verificar as disposições de merecimento,
também, pessoal, mediante as expectativas planejadas e esperadas. Visto que, p.
ex., é improvável que uma pessoa adquira fluência em idioma estrangeiro, sem
empenhar esforço e recursos pessoais para o aprendizado do mesmo.
3)
Solução/Solver: Nesta fase o líquido homogêneo resultante da
dissolução, pode ser reutilizado. Portanto, podemos colocar o sentimento
novamente, mas agora de forma consciente, lógica, inteligente. Em outras
palavras, ao passarmos pelas etapas de calcinação e sublimação, fazemos com que
o individuo tenha percepções intuitivas para poder tirar a exuberância da carga
emocional dos complexos, e através da etapa solução, o indivíduo possa solver,
aproximando o sentimento sem correr o risco de despertar o complexo novamente,
dando nova forma a antigos conteúdos. E neste momento, também criamos condições
para o individuo galgar outra dimensão, em que podemos chamar de rubedo.
4)
Putrefação/Fermentação: Consiste no processo de decomposição.
Sendo assim, agora a presença da água/sentimento, diante daquele conteúdo, não
calcina mais pelo fogo devastador, mas, ainda assim, provoca o equivalente a
uma calcinação, só que nesta etapa, de forma branda, pois consiste na
putrefação ou fermentação. Isto corresponde às necessárias mortes simbólicas,
para a possibilidade de renovação, de criação, visto que, precisamos fazer
substituições de conteúdos destrutivos por conteúdos construtivos. Nesta etapa
acontecem as transformações, tendo em vista que, a base da alquimia é a troca,
e se perdemos ou negligenciarmos a troca, também perderemos a oportunidade de
transformação. Temos que estar atentos e dispostos para promovermos as
necessárias quebras dos padrões de cristalização, para assim, rearranjarmos a
própria economia psíquica.
5)
Separação/Destilação: Consiste em isolar através da evaporação e a
imediata condensação dos componentes voláteis, da mistura líquida, obtendo-se a
água destilada livre de impurezas. Este é o momento onde conscientemente, o
individuo vai fazer escolhas diante das possibilidades que surgiram em função
das mortes simbólicas. São as rupturas, é o renascer literal, e isto tem que
ser conscientemente, levando em conta que cada escolha implica em uma
desistência, cada decisão, implica em uma cisão, ou seja, uma separação.
6)
Coagulação: Refere-se ao resultado da solidificação. A
partir do momento que o individuo separou ou destilou, ele passa para a etapa
de coagulação. Isto significa concretizar as atitudes tomadas. Estão, ao
passarmos por todas as etapas anteriores, de calcinar, sublimar, solver,
putrefar, separar, estamos finalmente em condições de coagular, ou seja, neste
momento obtemos a ilusão de encontrar o equilíbrio, a tintura maior, que é a
sétima etapa. Sobre o termo ilusão, apenas para esclarecer, temos que ter em
mente que terminamos este processo, mas que outros virão e este suposto
equilíbrio será novamente abalado, mas isto faz parte da dinâmica do processo
de individuação.
7)
Tintura/União: Consiste na ação de tingir a obra nas cores
clássicas da alquimia, concluindo o processo alquímico. Sendo que assim, o
indivíduo, agora, está tingido, ou seja, está com sentimento, emoção,
pensamento, ação, todos alinhados, preparando-nos para um novo processo
alquímico, que certamente será disparado por uma nova crise, e como mencionado
no item anterior, dando continuidade ao processo de individuação. Na tintura,
nos aproximamos da percepção da essência, sentido e significado existencial.
FONTE: CORRÊA, Rosangela. Processo Alquímico – Montanha dos Adeptos. In Psicoterapia –
Psicologia Junguiana. Disponível em: <http://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/processo-de-individuacao/processo-alquimico-montanha-dos-adeptos/>.
Acesso em: 31 mar. 2014.
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