segunda-feira, 31 de março de 2014

FASES DA OBRA ALQUÍMICA





Etapas do processo alquímico: 1) Calcinação, 2) Sublimação, 3) Solução/Solver, 4) Putrefação/Fermentação, 5) Separação/Destilação, 6) Coagulação, 7) Tintura/União.


Por Rosangela Corrêa


1) Calcinação: Consiste em submeter um corpo, uma pedra, p. ex., a um calor elevado, para que este libere a água. Então, quando o cliente chega ao consultório, ele chega calcinando, mas calcinando pela água, que representa as emoções agindo de forma destrutiva, cristalizando os complexos. Sendo assim, o trabalho do analista, nesta fase, é colocar o fogo, mas um fogo planejado, ou seja, utilizar o fogo do cliente em processo de analise, para combater o próprio fogo. Utilizando a ferida, fruto da queixa daquela calcinação, para calcinar a própria ferida. Promovendo assim, a mudança de dimensão, que através da calcinação evoluirá de nigredo para outra chamada de albedo.

2) Sublimação: Consiste em converter um corpo de estado sólido para estado gasoso. Para Jung, a sublimação corresponde a ação de colocar ar, ou seja, pensamento, ampliação de consciência, em cima da cal ou do pó que possibilita manuseio, pois ainda não tem forma, ou seja, o complexo que foi calcinado e agora tornou-se pó, permite e gera condições para o individuo lidar com a sombra, com os infernos internos. E neste momento, o analista junto ao cliente começa a planejar ou imaginar como ele, cliente, quer lidar com a vida, averiguando e identificando suas reais expectativas, referente à situação em que esteja inserido, e o que, de fato, espera de sua própria existência, de maneira ampla e global. E depois desta sincera avaliação, de âmbito absolutamente pessoal, passam a verificar as disposições de merecimento, também, pessoal, mediante as expectativas planejadas e esperadas. Visto que, p. ex., é improvável que uma pessoa adquira fluência em idioma estrangeiro, sem empenhar esforço e recursos pessoais para o aprendizado do mesmo.

3) Solução/Solver: Nesta fase o líquido homogêneo resultante da dissolução, pode ser reutilizado. Portanto, podemos colocar o sentimento novamente, mas agora de forma consciente, lógica, inteligente. Em outras palavras, ao passarmos pelas etapas de calcinação e sublimação, fazemos com que o individuo tenha percepções intuitivas para poder tirar a exuberância da carga emocional dos complexos, e através da etapa solução, o indivíduo possa solver, aproximando o sentimento sem correr o risco de despertar o complexo novamente, dando nova forma a antigos conteúdos. E neste momento, também criamos condições para o individuo galgar outra dimensão, em que podemos chamar de rubedo.

4) Putrefação/Fermentação: Consiste no processo de decomposição. Sendo assim, agora a presença da água/sentimento, diante daquele conteúdo, não calcina mais pelo fogo devastador, mas, ainda assim, provoca o equivalente a uma calcinação, só que nesta etapa, de forma branda, pois consiste na putrefação ou fermentação. Isto corresponde às necessárias mortes simbólicas, para a possibilidade de renovação, de criação, visto que, precisamos fazer substituições de conteúdos destrutivos por conteúdos construtivos. Nesta etapa acontecem as transformações, tendo em vista que, a base da alquimia é a troca, e se perdemos ou negligenciarmos a troca, também perderemos a oportunidade de transformação. Temos que estar atentos e dispostos para promovermos as necessárias quebras dos padrões de cristalização, para assim, rearranjarmos a própria economia psíquica.

5) Separação/Destilação: Consiste em isolar através da evaporação e a imediata condensação dos componentes voláteis, da mistura líquida, obtendo-se a água destilada livre de impurezas. Este é o momento onde conscientemente, o individuo vai fazer escolhas diante das possibilidades que surgiram em função das mortes simbólicas. São as rupturas, é o renascer literal, e isto tem que ser conscientemente, levando em conta que cada escolha implica em uma desistência, cada decisão, implica em uma cisão, ou seja, uma separação.

6) Coagulação: Refere-se ao resultado da solidificação. A partir do momento que o individuo separou ou destilou, ele passa para a etapa de coagulação. Isto significa concretizar as atitudes tomadas. Estão, ao passarmos por todas as etapas anteriores, de calcinar, sublimar, solver, putrefar, separar, estamos finalmente em condições de coagular, ou seja, neste momento obtemos a ilusão de encontrar o equilíbrio, a tintura maior, que é a sétima etapa. Sobre o termo ilusão, apenas para esclarecer, temos que ter em mente que terminamos este processo, mas que outros virão e este suposto equilíbrio será novamente abalado, mas isto faz parte da dinâmica do processo de individuação.

7) Tintura/União: Consiste na ação de tingir a obra nas cores clássicas da alquimia, concluindo o processo alquímico. Sendo que assim, o indivíduo, agora, está tingido, ou seja, está com sentimento, emoção, pensamento, ação, todos alinhados, preparando-nos para um novo processo alquímico, que certamente será disparado por uma nova crise, e como mencionado no item anterior, dando continuidade ao processo de individuação. Na tintura, nos aproximamos da percepção da essência, sentido e significado existencial.


FONTE: CORRÊA, Rosangela. Processo Alquímico – Montanha dos Adeptos. In Psicoterapia – Psicologia Junguiana. Disponível em: <http://psicoterapiajunguiana.com/conceitos/processo-de-individuacao/processo-alquimico-montanha-dos-adeptos/>. Acesso em: 31 mar. 2014.

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