A Order of Free Gardeners (Ordem dos
Franco-jardineiros) é uma sociedade fraternal, fundada na Escócia em meados do
século XVII, que rapidamente espalhou-se pela Inglaterra e pela Irlanda. Como
outras sociedades da época, seu principal objetivo era compartilhar segredos,
conhecimentos e ajuda mútua. No século XIX, suas ações de autoajuda aos membros
tornou-se predominante. Pelo final do século XX, a sociedade estava quase extinta.
Em 1849, a The
Ancient Order of Free Gardeners Scotland foi formada, em Penicuik. Em
1956, devido à queda de atividade na Escócia, a Grande Loja foi transferida
para Cape Town, África do Sul, e continua lá.
Embora
a Free Gardeners sempre tivesse mantido
distância da Maçonaria, a história e a organização das duas Ordens apresentam
diversas semelhanças.
História
A
evidência mais antiga de existência da Ordem é uma ata da Loja de Haddington,
East Lothian, aberta em 16 de Agosto de 1676, que começa com uma compilação de
quinze regras chamadas Interjunctions for
ye Fraternity of Gardiners of East Lothian.
A Escócia
era, no século XVII, sujeita a agitação civil e fome generalizada. Os ricos
proprietários de terra estavam interessados na arquitetura renascentista e na
concepção do formato dos jardins em suas grandes terras. Os primeiros membros
da Loja de Haddington não eram jardineiros por profissão, mas pequenos
proprietários e agricultores que praticavam jardinagem como hobby. Por não
praticarem uma profissão urbana, eles não poderiam obter o status de uma guilda
e modelar a sua organização como a Maçonaria (então operativa).
Esta
organização criada em Haddington poderia ser vista como uma forma primitiva de
união. Ela organizou mecanismos de cooperação entre os membros, desde a
formação prática e formação ética, e ajudando os pobres, viúvas e órfãos. As
Lojas dos Jardineiros também foram as primeiras a organizar exposições florais,
a partir de 1772. Perto de 1715, uma loja semelhante à de Haddington foi
fundada em Dunfermline, apoiada por dois membros da aristocracia local, o Conde
de Moray e o Marquês de Tweeddale. Desde sua origem, ela admitiu vários
não-jardineiros como membros. Foi criada uma sociedade de beneficência para
ajudar as viúvas, órfãos e pobres da Loja, bem como patrocinaram uma corrida de
cavalos e organizaram uma feira anual de horticultura antes de transformar-se
pouco a pouco em uma sociedade de ajuda mútua. A adesão chegou a contar com 212
membros.
As
Lojas de Haddington e Dunfermline expandiram sua área de recrutamento
amplamente, sem autorizar criação de novas lojas. Foi somente em 1796, que três
novas lojas foram criadas, em Arbroath, Bothwell e Cumbnathan.
Durante
o século XVIII, cerca de vinte lojas foram criadas, todas na Escócia, e em 6 de
novembro de 1849, eles organizaram uma reunião para criar uma Grande Loja. Os
preparativos se aceleraram e, em 1859, em Edinburgh, a Grande Loja reuniu
representantes de mais de 100 lojas, incluindo três estabelecidas nos EUA.
No
pico do movimento, havia mais de 10.000 Jardineiros, pertencentes a mais de 50
lojas.
Encorajado
por este sucesso, apareceram durante o século XIX outras sociedades hortícolas
competindo entre si. Ao contrário dos Jardineiros, elas não desempenhavam papel
caritativo, de ajuda mútua, ou ritualístico e aceitavam qualquer pessoa, homem
ou mulher, que cumprisse as obrigações pecuniárias.
No
século XX, as duas Guerras Mundiais envolveram a maioria dos membros. A crise
econômica de 1929 enfraqueceu as suas capacidades caritativas. As leis de
proteção social enfraqueceram as propostas de ajuda, finalizando com o National Insurance Act, de 1946. Mesmo
antes da Segunda Guerra Mundial, o número de óbitos ultrapassou o de admissões
para as lojas. Em 1939, as atas da Loja de Haddington foram interrompidas até
1952, quando os seus últimos oito membros tentaram em vão, reabri-la. Apesar do
recrutamento de novos membros, a fraternidade de Haddington pronunciou a sua
dissolução em 22 de Fevereiro de 1953. A loja de Dunfermline durou até meados
da década de 1980.
Esses
desaparecimentos eram parte de uma mudança social. Em 1950, havia cerca de
30.000 sociedades fraternais no Reino Unido, enquanto que em 2000 havia menos
de 150. Em 2000, a pesquisa de R. Cooper contou mais do que uma única loja (em
Bristol) para a Inglaterra, mas mencionou a sobrevivência da Ordem dos
Jardineiros nas Antilhas (Caribbean
British Order of Free Gardners) e uma na Austrália. Em 2002, uma sociedade
foi criada na Escócia, com objetivo de pesquisa e conservação das tradições da
Ordem e algumas lojas foram revividas nesta ocasião.
Rituais
Os
documentos da Fraternidade do final do século XVII não revelaram vestígios de
um conhecimento secreto ou de rituais. No entanto, o interesse rapidamente
mostrado pelos membros da aristocracia sugere que esta associação não era apenas
de ajuda mútua.
A
mais antiga menção conhecida à existência de um segredo iniciático nesta ordem
aparece em 28 de janeiro de 1726, quando a fraternidade estudava uma queixa
interna que acusava um dos seus membros de difamar alguns dos seus oficiais,
dizendo que estes não poderiam dar corretamente as palavras e os sinais da
Ordem. Em 1772, outros documentos mostraram que a fraternidade dos Jardineiros
tinha “palavras” e “segredos”. Um documento de 1848 menciona um ensino, sob a
forma de “sinais, segredos e símbolos”. Os historiadores têm à sua disposição
rituais completos para Aprendiz, Companheiro e Mestre de 1930. Atas das lojas
mostram que os rituais da ordem desenvolveram-se progressivamente, desde uma
cerimônia bastante básica de transmissão da “Palavra” em seus primórdios, até
um sistema de três graus semelhantes ao da Maçonaria, no final do século XIX.
Uma
conferência de 1873 indica que a Ordem utilizava o cultivo do solo como um
símbolo da nutrição do espírito em inteligência e força, fazendo referência ao
Jardim do Éden.
O
ritual de admissão de Aprendizes de Jardineiro “apresenta muitas semelhanças
com o de Aprendizes Maçom”. Adão poderia, assim, simbolicamente, ser o primeiro
Jardineiro da Irmandade. Utilizava-se a bússola e a pá, à qual se acrescentava
a faca, apresentados como “as ferramenta mais simples de jardinagem”,
permitindo “podar os vícios e fazendo crescer as virtudes”. No final desta
cerimônia, o Aprendiz recebia a vestimenta do seu grau.
O
segundo grau faz referência a Noé, o “Segundo Jardineiro”, que faz o candidato
simbolicamente realizar uma viagem até o Jardim do Éden e, em seguida, em direção
ao Gethsemane.
O
terceiro grau faz referência a Salomão, o “Terceiro Jardineiro”, e ao símbolo
da árvore da oliveira.
As
vestes são de dois tipos:
·
Vestes longas, atingindo o tornozelo, bordado
com numerosos símbolos relacionados com as lendas da ordem; e
·
Vestes curtas, com uma abeta semicircular,
assemelhando-se fortemente com os aventais dos maçons da Escócia. A do Grande
Mestre é bordada com as letras P, G, H, E, iniciais dos quatro rios do Jardim
do Éden, e A, N, S, iniciais de Adão, Noé e Salomão, à qual se acrescenta a
letra “O”, provavelmente para “Azeitona” ou “Oliveira” (em inglês).
Geralmente,
o simbolismo utilizado pelo Jardineiro parece ter sido fortemente influenciado
ao longo do século XIX pelo da Maçonaria.
Em
vários objetos da ordem que datam do início do século XX, encontra-se um
emblema composto por um quadrado, uma bússola e uma faca de enxertia. Como não
há um traço deste emblema em documentos anteriores, é provável que ele também
tenha sido inspirado da Maçonaria.
Primeiros
membros
Há
pouca informação sobre as profissões dos membros antes do final do século XVII.
Durante este período, a Loja de Haddington apresentava comerciantes, alfaiates
e funcionários públicos, bem como jardineiros. Todos os membros da loja eram
originalmente do conselho. Por outro lado, em Dunfermline, antiga capital da
Escócia, a loja se orgulhava de contar entre os membros inúmeras pessoas de
renome de Edimburgo, assim como a de East Lothian, incluindo o Marquês de
Tweeddale, o Conde de Haddington, Lord William Hay, entre outros.
O
primeiro registro da loja de Dunfermline foi criado em 1716, com as assinaturas
de 214 membros. Neste momento, a adesão foi composta por uma maioria de
Jardineiros por profissão, mas também inúmeros artesãos e dois membros da
aristocracia local. Rapidamente, a associação cresceu e aumentou o nível social,
a tal ponto que os jardineiros profissionais não formavam a maioria dos
membros, mas manteve-se o recrutamento local. Em 1721, 101 novos membros de
todos os estatutos sociais foram admitidos na loja, de jardineiros e
açougueiros até o Duque de Atholl. Nos anos seguintes, houve um número bastante
grande de aristocratas iniciados na Loja de Dunfermline, mesmo quando pertenciam
à Loja de Haddington, que continuava ativa. A maioria dessas pessoas possuía
jardins famosos. A partir de 1736, data da criação da (maçônica) Grande Loja da
Escócia, esta tendência cessou e não houve mais iniciações de aristocratas na
Loja de Dunfermline.
Religiosamente,
todos os membros desta época eram protestantes, pertencentes à Igreja da
Escócia. Politicamente, por outro lado, havia todos os tipos de pessoas.
As
comparações com a Maçonaria
Em
1720, a Escócia tinha uma profusão de sociedades, fraternidades e clubes. A Maçonaria
e a Ordem dos Jardineiros são apenas aquelas que mais se espalharam e duraram
mais tempo.
Essas
duas ordens apresentam semelhanças importantes relativas à sua organização e
desenvolvimento. Ambas nasceram na Escócia, em meados do século XVII, entre os
grupos de trabalhadores profissionais, que muito rapidamente aceitaram membros
de outras profissões. Em ambos os casos, os membros da profissão original
tornaram-se minorias a partir do início do século XVIII. Nas duas Ordens,
certas lojas abriram-se rapidamente e aceitaram outros membros, em particular
os da nobreza, entre outros, sendo a Loja de Haddington para os Jardineiros e a
de Edimburgo para os Maçons as mais reticentes.
Quase
todos os membros conhecidos que pertenciam às duas ordens eram Jardineiros
antes de se tornarem maçons. O maior grupo de Jardineiros que mais tarde se
tornou maçons juntou-se ao Kilwinning
Scots Arms, loja maçônica fundada em 1729.
FONTE: http://en.wikipedia.org/wiki/Order_of_Free_Gardeners
PARA SABER MAIS: http://freemasonry.bcy.ca/texts/gardeners.html
Garden of Eden,
Paradisi in Sole (1629), by John Parkinson.
Gilt badge
from the Ash Trees lodge of the National Order of Free Gardeners, based at Four
Ashes, Enville. Maker: George Tutill, 83 City Road, London (c. 1890 - 1920). The
Free Gardeners were a friendly society founded in Scotland in the mid 17th
century. As with other similar organisations, their aims were to share secrets
of their profession and mutual aid. The charitable and mutual help role became
dominant in the 19th century.
Muito bom, Nobre Cavaleiro! Parabéns pela pesquisa.
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