Por Socorro Oliveira - Mestre
Artesã
Loja Rosacruz Recife - AMORC
A
vida mística não é, de forma nenhuma, superficial, fruto de ilusões ou da
imaginação, ou apenas uma maneira de gratificar o ego com suas inúmeras
armadilhas. Sobre isto, para reflexão de todos, transcrevemos, abaixo, um
trecho do livro "Misticismo - A Suprema Experiência, de autoria do Frater
Cecil A. Poole que, por muitos anos, ocupou a função de Supremo Secretário,
juntamente com o Frater Ralph M. Lewis, como Imperator. Anexo a esta
comunicação, está uma foto do antigo Supremo Conselho; Frater Cecil é o
segundo, da esquerda para a direita. Apenas para o conhecimento de todos: o
único membro ainda vivo, remanescente desse quadro de Diretores é o Frater
Burnam Schaa, o primeiro à esquerda.
"Inúmeros
daqueles que foram considerados místicos desistiram de uma vida que lhes
parecia demasiado óbvia. Isso foi especialmente verdadeiro no caso de Buda, e
até certo ponto, ao que indica, no de Jesus ou de Maomé. Estes indivíduos não
se ocuparam de seus desejos pessoais ou vontades no mundo físico; devotaram-se
à propagação da mensagem que haviam desenvolvido em consonância com o resultado
de sua experiência interior.
“Os
místicos trazem ao mundo da experiência comum os ideais que lhes pertenciam no
mundo do Eu Interior. Devotam-se a uma vida que exprime a força do poder que
existe além de suas habilidades e características físicas e que os tornam
capazes de dedicar-se à ideia extremamente importante para eles, desistindo de
todos os valores materiais que lhes tenham sido oferecidos. Nesse traço de
devoção podemos também identificar muitas outras características da vida
mística. Embora seja impossível examiná-las e identificá-las a todas de uma só
vez, nós as analisamos como parte de um grande zelo ou determinação que domina
a vida inteira.
“Aliado
à devoção, encontramos o elemento do sacrifício. Todos os grandes místicos, os
mestres que lograram ensinar aos homens como viver, aceitaram a exigência do
sacrifício. O sacrifício apresentou-se no caminho de todos aqueles que
conseguiram apresentar à espécie humana a sombra da cruz. No que se refere à
sua existência mundana, a vida dos místicos muitas vezes terminou pela
crucificação, seja no sentido literal, seja no figurado.
“Neles,
notamos uma devoção ao ideal que não pertence ao mundo material. Vemos o Amor a
um princípio, tão arraigado, que os desconfortos físicos são insuficientes para
destruir o amor aos ideais que, não sendo materiais, contêm a chave de uma
existência integral. Para esses indivíduos a vida não é apenas a existência
física, mas um dom que lhes permite desenvolver a mente e os pensamentos,
levando a alma a crescer e integrar-se à Mente Cósmica e à Alma Universal, da
qual originariamente faziam parte. Uma vida dessa natureza exemplifica a
conquista plena da Consciência Cósmica. Devoção, sacrifício e amor parecem ser
qualidades triangulares e as características sobre as quais se construíram os
ensinamentos desses mestres.
“Entretanto,
eles não viviam em um mundo imaginário, como alguns hoje poderiam pensar.
Contemplemos, pois, a existência mundana e efetiva dessas pessoas. Vemos que,
apesar de todo o desenvolvimento das características místicas, esses homens,
ainda assim, eram seres humanos e racionais. É lícito supor que se
encontrássemos hoje um místico o consideraríamos uma pessoa perfeitamente
normal. É até mesmo possível que em várias ocasiões, durante nossas vidas,
tenhamos encontrado místicos que vivem hoje entre nós, tendo atingido grande
compreensão e domínio; mas aqueles que mais se aproximaram da vida de um
verdadeiro místico são os que não tentam fazer com que seus companheiros homens
conheçam as qualidades ou qualidades superiores do seu desenvolvimento.
“Certas
forças e poderes tornaram-se parte da existência desses indivíduos. Elas não
lhes foram dadas como dons, mas são o resultado do esforço, através do
conhecimento e da aplicação do seu conhecimento às leis do universo e da
natureza. Estas forças tem que ser corretamente orientadas, como o foram no
passado por outros místicos, assinalando o caminho para a possível obtenção de
um padrão de vida que os reunirá à fonte da qual saíram."
(Misticismo
a Suprema Experiência – Cecil A. Poole, F.R.C., p. 49)
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