sábado, 4 de maio de 2013

A VIDA MÍSTICA




Por Socorro Oliveira - Mestre Artesã
Loja Rosacruz Recife - AMORC


A vida mística não é, de forma nenhuma, superficial, fruto de ilusões ou da imaginação, ou apenas uma maneira de gratificar o ego com suas inúmeras armadilhas. Sobre isto, para reflexão de todos, transcrevemos, abaixo, um trecho do livro "Misticismo - A Suprema Experiência, de autoria do Frater Cecil A. Poole que, por muitos anos, ocupou a função de Supremo Secretário, juntamente com o Frater Ralph M. Lewis, como Imperator. Anexo a esta comunicação, está uma foto do antigo Supremo Conselho; Frater Cecil é o segundo, da esquerda para a direita. Apenas para o conhecimento de todos: o único membro ainda vivo, remanescente desse quadro de Diretores é o Frater Burnam Schaa, o primeiro à esquerda.

"Inúmeros daqueles que foram considerados místicos desistiram de uma vida que lhes parecia demasiado óbvia. Isso foi especialmente verdadeiro no caso de Buda, e até certo ponto, ao que indica, no de Jesus ou de Maomé. Estes indivíduos não se ocuparam de seus desejos pessoais ou vontades no mundo físico; devotaram-se à propagação da mensagem que haviam desenvolvido em consonância com o resultado de sua experiência interior.

“Os místicos trazem ao mundo da experiência comum os ideais que lhes pertenciam no mundo do Eu Interior. Devotam-se a uma vida que exprime a força do poder que existe além de suas habilidades e características físicas e que os tornam capazes de dedicar-se à ideia extremamente importante para eles, desistindo de todos os valores materiais que lhes tenham sido oferecidos. Nesse traço de devoção podemos também identificar muitas outras características da vida mística. Embora seja impossível examiná-las e identificá-las a todas de uma só vez, nós as analisamos como parte de um grande zelo ou determinação que domina a vida inteira.

“Aliado à devoção, encontramos o elemento do sacrifício. Todos os grandes místicos, os mestres que lograram ensinar aos homens como viver, aceitaram a exigência do sacrifício. O sacrifício apresentou-se no caminho de todos aqueles que conseguiram apresentar à espécie humana a sombra da cruz. No que se refere à sua existência mundana, a vida dos místicos muitas vezes terminou pela crucificação, seja no sentido literal, seja no figurado.

“Neles, notamos uma devoção ao ideal que não pertence ao mundo material. Vemos o Amor a um princípio, tão arraigado, que os desconfortos físicos são insuficientes para destruir o amor aos ideais que, não sendo materiais, contêm a chave de uma existência integral. Para esses indivíduos a vida não é apenas a existência física, mas um dom que lhes permite desenvolver a mente e os pensamentos, levando a alma a crescer e integrar-se à Mente Cósmica e à Alma Universal, da qual originariamente faziam parte. Uma vida dessa natureza exemplifica a conquista plena da Consciência Cósmica. Devoção, sacrifício e amor parecem ser qualidades triangulares e as características sobre as quais se construíram os ensinamentos desses mestres.

“Entretanto, eles não viviam em um mundo imaginário, como alguns hoje poderiam pensar. Contemplemos, pois, a existência mundana e efetiva dessas pessoas. Vemos que, apesar de todo o desenvolvimento das características místicas, esses homens, ainda assim, eram seres humanos e racionais. É lícito supor que se encontrássemos hoje um místico o consideraríamos uma pessoa perfeitamente normal. É até mesmo possível que em várias ocasiões, durante nossas vidas, tenhamos encontrado místicos que vivem hoje entre nós, tendo atingido grande compreensão e domínio; mas aqueles que mais se aproximaram da vida de um verdadeiro místico são os que não tentam fazer com que seus companheiros homens conheçam as qualidades ou qualidades superiores do seu desenvolvimento. 

“Certas forças e poderes tornaram-se parte da existência desses indivíduos. Elas não lhes foram dadas como dons, mas são o resultado do esforço, através do conhecimento e da aplicação do seu conhecimento às leis do universo e da natureza. Estas forças tem que ser corretamente orientadas, como o foram no passado por outros místicos, assinalando o caminho para a possível obtenção de um padrão de vida que os reunirá à fonte da qual saíram."

(Misticismo a Suprema Experiência – Cecil A. Poole, F.R.C., p. 49)


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