“É por sua dimensão espiritual que o homem
supera o plano puramente funcional de sua animalidade e se faz um ser simbólico capaz de dar sentido à sua
existência; capaz de descobrir um sentido para a realidade que o cerca e para o
tempo no qual ele está inserido.” (OLIVEIRA, 2010, p. 93) (p. 57)
“[...] a vida espiritual traduz-se em
práticas de conduta moral que transcende o interior, deslocando-se para as
relações com o outro e com o mundo. É através da consciência espiritual,
segundo Frankl (2007), seja ela consciente ou não, que o ser humano é capaz de
alcançar a mais alta liberdade existencial de ser. É por essa liberdade que
surge a responsabilidade de ser fazendo escolhas que deem sentido à vida.” (p.
57)
“Saporetti (2009a, p. 272) enfatiza que ‘a espiritualidade
move-se para além da ciência e da religião institucionalizada. É considerada
mais primordial, pura e diretamente relacionada com a alma em sua relação com o
divino’.” (p. 57)
“Comumente associada ao religioso, a
espiritualidade, no entanto, pode ser observada em homens que não apresentam
nenhuma vinculação religiosa. Mesmo que possível também de ser manifesta
através ‘da capacidade do diálogo consigo mesmo e com o próprio coração, se
traduz pelo amor, pela sensibilidade, pela compaixão, pela escuta do outro,
pela responsabilidade e pelo cuidado como atitude fundamental’ (Boff, 2001, p.
80).” (p. 58)
“Mesmo como alguém de natureza espiritual, o homem não se exclui do
mundo. Não deixa de se por obediente às provocações do mundo que o cerca, nem
se torna alheio às articulações, tanto as mais simples, como as mais dramáticas,
de sua existência como ser-no-mundo.
Não se submete, contudo, passivamente a elas. Aceita os desafios e suas
limitações básicas, mas intencionalmente busca superá-las, transpô-las,
ultrapassá-las. Na verdade enquanto alguém espiritual,
o homem não se submete fatidicamente às coisas e situações tais como são, mas
volta-se sempre e intensamente para as coisas e situações tais como devem ser. A dimensão espiritual fundamentada como sopro de vida, como que inaugura na
experiência existencial do homem o sentimento de sua inacababilidade, direciona-o sempre à plenitude. (OLIVEIRA, 2010,
p. 94) (p. 59)
“Moreira-Almeida & Netto (2010, p. 185)
citam Koenig para afirmar que ‘a religiosidade seria um sistema organizado de
crenças, práticas e símbolos desenvolvidos para facilitar a proximidade com o
sagrado e o transcendente’.” (p. 59)
REFERÊNCIA:
MEDEIROS, Waleska de Carvalho Marroquim; BARRETO, Carmem
Lúcia Brito. (Re)integrando a espiritualidade na saúde: caminho em construção. In: Espiritualidade
e saúde: teoria e pesquisa. AQUINO, Thiago A. Avellar et al (org.). Curitiba: Editora CRV, 2016. p. 47-72.
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“A religião
pode ser compreendida como um sistema social construído historicamente, organizado
de crenças, práticas, rituais e símbolos que ligam (religião, do latim religare) as pessoas a Deus, ao divino,
sagrado, verdade suprema ou outras definições” (p. 80)
“[...] a religiosidade
refere-se ao quanto uma pessoa participa de rituais religiosos, como os
princípios e crenças da religião orienta sua vida, comportamento e hábitos.”
(p. 80)
“A espiritualidade
refere-se a uma busca pessoal sobre questões existenciais como o sentido da
vida, relações com a transcendência ou sagrado sem estar, necessariamente,
vinculada a uma orientação religiosa.” (p. 80)
“Espiritual não implica nenhuma crença em um
ser supremo, ou em uma vida depois desta. Espiritual, então, não significa
religioso, e os que se denominam ateus também têm preocupações espirituais como
qualquer outra pessoa (PESSINI, 2010, p. 104).” (p. 80)
“A espiritualidade é também concebida como
uma conexão transcendental entre o homem consigo, com o outro, com a natureza
ou alguma causa que dê sentido (FRANKL, 2008).” (p. 80)
“[...] a espiritualidade pode ser verificada
quando na relação verdadeira com o paciente e/ou sua rede de apoio, o
profissional de saúde assume seu lugar de ser humano e alcança o outro com compaixão [...]” (p. 81)
“Compaixão é o sentimento originado da
percepção do sofrimento ou da fragilidade do outro e que desperta o impulso
para ajudar. O impulso para ajudar, o sentimento seguido pela ação, é o grande
diferencial entre compaixão e pena. Esta se extingue no sentimento, não é
seguida pela ação, como ocorre com a compaixão.” (TOSTA, 2014, p. 204-205) (p.
81)
“A dimensão espiritual, conforme Saporetii
(2009), engloba a relação da pessoa com o transcendente, ou seja, aquilo que
ultrapassa os limites ou realidades determinadas, de natureza sublime, exterior
ou superior. Essa dimensão relaciona a existência humana ao transcendental,
seja ele Deus, natureza, sobrenatural ou sagrado.” (p. 82)
REFERÊNCIA:
FÁTIMA SILVA, Giselle de. A espiritualidade na prática do
profissional de saúde: desafios e oportunidades. In: Espiritualidade e saúde:
teoria e pesquisa. AQUINO, Thiago A. Avellar et al (org.). Curitiba: Editora CRV, 2016. p. 73-92.
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“[...] a consciência de um sentido para a
vida é a condição necessária para a sobrevivência, posto que fornece um ‘para
que’ viver.” (p. 96)
“Espiritualidade é o conjunto de todas as
emoções e convicções de natureza não material que pressupõem que há mais no
viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo o
indivíduo a questões como o significado e o sentido da vida, não
necessariamente a partir de uma crença ou prática religiosa (NERI, 2005, p.
71)” (p. 98)
“De forma geral, a espiritualidade pode ser
definida como uma busca de sentido com ou sem a adesão a uma religião
específica. (p. 100)
“[...] o que une cérebro, espírito e cultura,
formando sujeitos, chama-se Existência, sendo a Ontologia (do grego Ontos + Logos, ‘estudo do ser’ – e de tudo que não lhe seja estranho,
poderíamos completar), a melhor ferramenta a ser utilizada na análise desse
animal racional-emocional, social e histórico que vive em sociedade suas dores
coletivas e morre em meio ao sofrimento solitário de sua própria morte,
concordando com Abbagnanno (1962, p. 634): ‘Ontologia: doutrina que estuda os
caracteres fundamentais do Ser: aqueles que todo Ser possui e não pode deixar
de possuir.’” (p. 101-102)
“Ora, tudo é singular, ao mesmo tempo que é
plural: toda dor é única, embora seja inúmeros os tipos de dores, o mesmo se
dando com o sofrimento, a doença, a morte.” (p. 104)
REFERÊNCIA:
OLIVEIRA, Karen Guedes et al. Psicossomática & Espiritualidade: quando o verbo se fez
carne. Apontamentos para uma cartografia da Psico-Onto-Somática. In: Espiritualidade
e saúde: teoria e pesquisa. AQUINO, Thiago A. Avellar et al (org.). Curitiba: Editora CRV, 2016. p. 93-107.
Disciplina: Espiritualidade e Saúde.