sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

CONSELHOS AO PEREGRINO PENITENTE





Por Tomás de Kempis

“Quem me segue não caminha pelas trevas”, diz o Senhor. Estas são as palavras do Cristo que nos ensinam o quanto devemos imitar sua vida e sua conduta se queremos ser iluminados e libertos de todas as cegueiras do coração. Mas acontece que muitos leitores habituais do Evangelho mostram um frágil entusiasmo porque não têm o Espírito do Cristo. Para aquele que quer compreender as suas palavras de forma plena e deleitosa, é preciso que trabalhe para conformar a elas toda a sua vida.

Em verdade, as palavras elevadas não fazem o santo e o justo, mas a vida reta torna o homem caro a Deus. Se conhecesses todo o sentido exterior da Bíblia e todos os ditos dos filósofos, de que te serviria isto sem o amor de Deus e a Sua graça? “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, exceto amar a Deus e servi-Lo. Aí está a suprema sabedoria: pelo desprezo ao mundo, tender para o Reino Celeste.

Vaidade, pois, buscar os bens perecíveis e tudo esperar deles.

Vaidade, também, lutar por honrarias e se alçar a posições elevadas.

Vaidade, seguir os desejos da carne e desejar aquilo pelo que devemos ser punidos gravemente mais tarde.

Vaidade, desejar uma vida longa e pouco se preocupar em viver uma vida boa.

Vaidade, dar atenção somente à vida presente e não pensar naquelas que ainda estão por vir.

Vaidade, comprazer-se no que passa rapidamente e não ter pressa de chegar ao lugar onde se encontra a alegria eterna.

Lembra-te com freqüência deste provérbio: “os olhos não são saciados de ver nem os ouvidos fartos de ouvir”; empenha-te então em desapegar teu coração do amor ao que é visível e a te transportar para o invisível. Com efeito, aqueles que seguem sua sensualidade corrompem sua consciência e perdem o Espírito de Deus.


FONTE: KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo (tradução de O. Sporeys)

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