Por Tomás de Kempis
“Quem me segue não caminha pelas trevas”, diz o Senhor.
Estas são as palavras do Cristo que nos ensinam o quanto devemos imitar sua
vida e sua conduta se queremos ser iluminados e libertos de todas as cegueiras
do coração. Mas acontece que muitos leitores habituais do Evangelho mostram um
frágil entusiasmo porque não têm o Espírito do Cristo. Para aquele que quer
compreender as suas palavras de forma plena e deleitosa, é preciso que trabalhe
para conformar a elas toda a sua vida.
Em verdade, as palavras elevadas não fazem o santo e o
justo, mas a vida reta torna o homem caro a Deus. Se conhecesses todo o sentido
exterior da Bíblia e todos os ditos dos filósofos, de que te serviria isto sem
o amor de Deus e a Sua graça? “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, exceto
amar a Deus e servi-Lo. Aí está a suprema sabedoria: pelo desprezo ao mundo,
tender para o Reino Celeste.
Vaidade, pois, buscar os bens perecíveis e tudo esperar
deles.
Vaidade, também, lutar por honrarias e se alçar a
posições elevadas.
Vaidade, seguir os desejos da carne e desejar aquilo pelo
que devemos ser punidos gravemente mais tarde.
Vaidade, desejar uma vida longa e pouco se preocupar em
viver uma vida boa.
Vaidade, dar atenção somente à vida presente e não pensar
naquelas que ainda estão por vir.
Vaidade, comprazer-se no que passa rapidamente e não ter
pressa de chegar ao lugar onde se encontra a alegria eterna.
Lembra-te com freqüência deste provérbio: “os olhos não
são saciados de ver nem os ouvidos fartos de ouvir”; empenha-te então em
desapegar teu coração do amor ao que é visível e a te transportar para o
invisível. Com efeito, aqueles que seguem sua sensualidade corrompem sua
consciência e perdem o Espírito de Deus.
FONTE:
KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo (tradução de O. Sporeys)
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