Mas tais acontecimentos [as
revoluções fazerem Estados renascer das cinzas] são raros; formam exceções cujo
motivo se acha sempre na constituição particular do Estado que apresenta a
exceção. Nem poderiam ocorrer duas vezes a um mesmo povo, porque ele pode
tornar-se livre enquanto apenas é bárbaro, mas não quando o aparelho civil está
gasto. Então, as agitações podem destruí-lo sem que as revoluções sejam capazes
de restabelecê-lo; e, tão logo seus grilhões se partem, o povo se dispersa e
deixa de existir. Daí por diante, passa a necessitar de um senhor, e não de um
libertador. Povos livres, lembrai-vos desta máxima: “pode-se conquistar a
liberdade; nunca, porém, recuperá-la.”
ROUSSEAU, Jean Jacques. Do povo. In Do Contrato social. Livro II, cap VIII.
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