Por
João Florindo B. Segundo
Em
junho deste ano, milhares de pessoas em todo o Brasil foram às ruas protestar.
Contra o quê? Num pedaço de papelão, uma jovem exibiu os dizeres que respondem
à pergunta: “É tanta coisa errada que não cabe num cartaz.”
Tudo
começou com o “Movimento Passe Livre” protestando contra o aumento das
passagens de ônibus; depois, vieram as queixas pelos gastos exorbitantes com a
Copa das Confederações e a Copa do Mundo (que será mais cara que as três
anteriores juntas). Em seguida, índios, idosos, homossexuais, anarquistas,
integralistas e público em geral surgiram, cobrando direitos. Houve quem
protestou apenas via redes sociais, o que é importante, mas insuficiente, pois a postagem de hoje, amanhã estará oculta no fim da barra de rolagem.
Pela
miscelânea de protestantes, as manifestações não tinham um foco específico, nem
líderes (ao menos conhecidos); e os partidos políticos em sua maioria foram
banidos das passeatas. Impensável anos atrás ver o povo contra o partido que
ora detém a Presidência da República, uma vez que esse chegou ao poder com o
apoio das massas nas ruas: será que a prática atual não se coaduna mais com o
discurso do passado?
Por outro
lado, as visíveis conquistas sociais dos últimos anos refletem nos protestos:
não era uma massa faminta pedindo pão e trabalho, mas pessoas dos mais diversos
níveis sociais em busca de reformas políticas, o que demonstra um relativo
equilíbrio econômico.
Com o
recuo dos municípios quanto aos aumentos das passagens e a descoordenada
proposta presidencial de um plebiscito, ficou claro que o povo ainda possui o
desejo de exigir mudanças, porém sem o foco e a persistência do movimento
estudantil que enfrentou o regime militar. Tanto é que logo a “primavera”
brasileira caiu no esquecimento; afinal, ganhamos a Copa das Confederações e a
Paraíba se encantou com a volta olímpica de Hulk envolto na bandeira do “sublime
torrão”.
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