terça-feira, 28 de maio de 2013

QUEM FALA MUITO ATRAPALHA





Por Laércio Bezerra Galindo

Este assunto é uma unanimidade em todas as Oficinas:

- Quem fala muito, atrapalha a reunião!

Mas por que isto acontece?

Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.

A vaidade é facilmente notada quando o locutor coloca os verbos na primeira pessoa, suas manifestações parecem testemunhos, ele julga que em todos os assuntos da Loja os Irmãos devem escutar sua opinião e tem a capacidade de ocupar mais tempo do que o ritualizado.

A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as autoridades, visitantes e ainda dá as conclusões sobre a Sessão (funções do Orador).

Também sempre se manifestam sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o Venerável indicar); após a leitura do Balaústre pede a palavra, saúda nominalmente todos os presentes e questiona o Secretário sobre qualquer questiúncula que deveria fazê-lo após a Sessão, às vezes por questões mínimas.

Nós devemos entender que qualquer reunião que ultrapassa duas horas é cansativa e se torna improdutiva; temos Irmãos que trabalharam o dia inteiro e desejam à noite encontrar com o grupo para serenar os ânimos e harmonizar-se com o Criador.

Vivemos num tempo onde o perigo é uma constante e abrirmos a porta de nosso lar após as 23h00 é um risco para toda a família. Observem que quando o "Irmão falador" pede a palavra, toda a Oficina "trava", e assim há uma quebra na Egrégora da Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão que pouco se manifesta pede a palavra, todos e se voltam para ele com atenção e RESPEITO. Devemos nos conscientizar que se queremos contribuir na formação dos Irmãos, devemos fazê-lo pelo EXEMPLO e não pela palavra! A verborreia é uma deficiência, um vício que avilta o homem!

Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender e não para ensinar, então o silêncio torna-se uma prece; nas Sessões Magnas (compreensivelmente mais longas) e sempre com a presença de visitantes, deixemos que o Orador nos apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer à toda Oficina que somos o nominado e estamos de P.’. e à Ord.’.

Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que têm necessidade de lustro na vaidade.

Se o Irmão quiser ocupar mais de 3 minutos (tempo mais que salutar) ele pode agendar com o Secretário sua participação no Quarto de Hora de Estudo ou na Ordem do Dia. No período destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular, devemos priorizar trazendo notícias dos Irmãos ausentes e louvarmos os feitos da Ordem. O Livro da Lei nos ensina: "Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas na virtude." (1 Coríntios 4,20).

Lembrem-se que todos nós independente do Grau ou de Cargos, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.

Publicado pelo Ir.'. Guaraci José Terleck

Para que o mal triunfe, basta que os bons cruzem os braços na omissão, deixando de lutar pelo Justo e Perfeito!!!

Enviado por email, pelo Ir.'. Laércio Bezerra Galindo-MI-GOPE-GOB A.'.R.'.L.'.S.'. Amparo da Virtude 0276. Or.'. de Pesqueira - PE. REAA - Reuniões: 4ªs Feiras - 20.00 horas.


FONTE: Nova Era - Boletim Informativo da A.'.R.'.L.'.S.'. “Stella Matutina” nº 658 - Ano 2 - Número 023 - Maio 2013, p. 19.

sábado, 11 de maio de 2013

O ENCICLPEDISTA VOLTAIRE



Voltaire com 28 anos, por Nicolas de Largillière.



Por E. Figueiredo


Enciclopédia é o conhecimento universalizado. É uma obra, geralmente, em forma de dicionário, que trata de todos os assuntos de ciência, arte ou, se especializada, de todos os assuntos de determinado setor científico ou artístico. Na enciclopédia se expõe, metodicamente, o conjunto dos conhecimentos universais ou específicos de um campo do saber, agrupados em temas ou dispostos em ordem alfabética.




A famosa Enciclopédia Francesa do Século XVIII (que é considerada a primeira) iniciou-se em 1751, quando saíram a lume seus dois primeiros volumes, e foi ultimada em 1780, perfazendo 35 volumes. Foi um quadro geral dos esforços do intelecto humano em todos os gêneros e em todos os séculos. O enciclopedismo veio combater as ideias pagãs do direito divino dos reis, que justificavam o absolutismo dos tronos; em consequência disso surgiu a Revolução Francesa, rasgo grandioso de heroísmo humano. O modo como a Enciclopédia e os Iluministas desenvolveram as ideias às quais a Revolução Francesa dada consequência prática, configurou a passagem da postura filosófica à postura política, patenteando a negação do direito divino da Igreja ao monopólio da verdade, e, consequentemente, o direito divino dos governantes ao monopólio do poder. Os primeiros volumes foram proibidos, como ofensivos ao rei e à religião; os jesuítas tentaram continuar a obra, porém não conseguiram, retornando aos enciclopedistas.

A publicação permitiu que as novas ideias difundissem‑se, não só na Europa, mas em toda a América, cuja influência, também, se exerceu no Brasil, e, a Inconfidência Mineira (1789) é um grande exemplo. É tida como obra capital do Iluminismo do Século das Luzes, como ficou conhecido na História o Século XVIII, radiosa época em que o dogma religioso inquestionável foi eclipsado pela crença na razão e na perfectibilidade humanas.

Diderot foi o idealizador da Enciclopédia (Encyclopédie ou Dictionnaire Raísonné des Sciences, des Arts et des Métiers), que reuniu 150 colaboradores, que passaram a ser chamados de"enciclopedistas", dentre eles D'Alembert, Rousseau, Montesquieu, Turgot e Voltaire. É de Voltaire que vamos falar.

Poeta, dramaturgo, historiador, epistológrafo e prosador francês, Voltaire cultivou todos os gêneros: a tragédia, a história, o conto, a crítica, a epopeia e sobretudo a filosofia. A sua influência literária e social foi enorme tornando‑o escritor francês por excelência, claro, límpido, preciso, espirituoso e elegante. Sua obras tornaram‑se clássicas, como Brutus, Epístola a Urânio, História de Carlos XII, O Templo do Gosto, Cartas Filosóficas e outras. Mas é Cândido, publicada em 1758, sua obra mais famosa, um conto filosófico onde atacou as opiniões otimistas de sua época, que consideravam o homem como uma criatura que havia alcançado a felicidade e a liberdade. Não obstante, o maior meio de propagação das ideias de Voltaire foi sua extensa correspondência: mais de dez mil cartas, que são, até hoje, leitura fascinante, que, infelizmente, nunca foi inteiramente ou corretamente editada.

A vida de Voltaire é a história dos avanços que as artes devem ao gênio, de poder exercer sobre as opiniões de seu Século, da longa guerra contra os preconceitos, declarada já em sua juventude e mantida até seus últimos momentos.

Voltaire nasceu em Paris a 21 de Novembro de 1694, filho de François Arouet, um parisiense notário abastado, e de uma dama de nobre estirpe, Marie Marguerite Daumart. Fez seus primeiros estudos com os jesuítas no Colégio de Clermont, onde se revelou um aluno brilhante, porém, levando a seguir uma juventude dissoluta. Iniciou o curso de direito, mas não terminou. Frequentou a Societé du Temple, de libertinos e livres pensadores. Voltaire, cujo verdadeiro nome era François‑Marie Arouet, foi uma das figuras mais evidentes das letras francesas no Século XVIII, e que tomou parte preponderante no enciclopedismo.
Em virtude do seu temperamento e ideias revolucionárias, em 16 de Abril de 1717, foi preso na Bastilha pela autoria suposta de um panfleto contra Luís XIV. Na prisão, aproveita o tempo para escrever a sua primeira tragédia, O Édipo, cujo sucesso, abre‑lhe a entrada aos meios intelectuais, compôs uma grande parte de um poema épico (Henriada), de que é herói Henrique IV, rei de França, e mudou, por algum motivo ignorado, o nome para "Voltaire" (provavelmente anagrama de Arouet leu jeune, segundo Thomas CarIyIe (1795‑1881). Parece, entretanto, que o nome existiu na família de sua mãe.

Foi Voltaire quem introduziu na França a mecânica de Isaac Newton (1642‑1727) e a psicologia de John Locke (1632‑1704), dando começo à Era da Luz. Na França do Século XVIII, onde os intelectuais se achavam em rebelião contra um despotismo antiquado, corrupto e impotente, a Inglaterra era considerada como a pátria da liberdade, sendo que eles se achavam predispostos a favor do filósofo inglês Locke, face às suas doutrinas políticas. Na verdade, a filosofia, no Século XVIII, estava dominada pelos empiristas britânicos, dos quais Locke, Berkeley e Hume podem ser considerados os principais representantes.

Às vésperas da Revolução Francesa, a influência de Locke, na França, foi reforçada pela de David Hume (1711‑1776), um grande filósofo escocês, que vivera algum tempo na França e conhecia, pessoalmente, muitos de seus principais sábios e eruditos. Mas, o principal transmissor da influência inglesa à França, é creditado a Voltaire. E é de Voltaire o maior passo na conquista das liberdades individuais, que lutou contra toda limitação à liberdade de pensamento, reconhecendo a todos o direito de manifestar suas ideias.

Espirituoso, dotado de invejável facilidade de escrever, e além disso, excepcionalmente culto, foi Voltaire o autor mais lido e festejado do seu tempo. Escarneceu com fervor a teoria do "Direito Divino", e, como considerasse a Igreja Católica um dos sustentáculos do regime vigente, atacou‑a com audaciosa e desabrida irreverência.

A repressão que Voltaire mais odiava era a da tirania organizada pela religião. Explodia a sua indignação contra a "monstruosa crueldade da Igreja", que torturava e queimava homens bons, honestos e inteligentes, por terem ousado duvidar dos seus dogmas. Combateu, implacavelmente, esse sistema de ortodoxia privilegiada e perseguição, adotando como lema ‑ contra a Igreja Católica ‑ "Écrasez L'infâme!" (Esmagai a infame!). "L"infâme" era a ortodoxia privilegiada e perseguidora, e foi contra ela a grande e verdadeiramente heroica luta de Voltaire.

Obrigado a deixar a França, asilou‑se em Londres, onde entrou em contato com teorias de vários filósofos de vanguarda da Inglaterra, principalmente Locke.

Retoma à França empenhando‑se na divulgação das idéias dos filósofos ingleses. Graças a seu estilo eminentemente vivo e atraente e à sua ironia, conseguiu criar, em inúmeros espíritos, um sentimento de profundo desprezo pelas instituições e crenças até então dominantes, tendo sido o mais violento destruidor da estrutura tradicional da Europa.

Quisessem‑no ou não os governantes, Voltaire, representava o espírito francês no que tinha de mais vivo e de mais ousado. Vinte e cinco anos antes da Tomada da Bastilha, Voltaire foi o profeta de uma revolução inevitável'. As mudanças vieram com algumas vias imprevistas da Revolução, que, infelizmente, ao radicalizar‑se, afastou‑se da moderação voltairiana. Teria, certamente, condenado as violências, adotadas pelo movimento, cujo preparo contribuiu como ninguém. Como Rousseau, Diderot e Montesquieu, ele trouxe a palavra revolução para a filosofia política. Foi admitido na Academia Francesa em 1746.

Por demonstrar suas virtudes cardeais (Sabedoria, Coragem, Justiça e Temperança), Voltaire foi convidado a ingressar na Maçonaria, e, sua passagem pela Sublime Ordem é tida como inusitada. Muitos contestam, quanto à validade da sua iniciação, face ao seu espírito, sistematicamente, céptico e da sua irreligiosidade arraigada. Odiava a Igreja Católica e todas as formas de intolerância. Não foi ateu, como muitos pensam, mas um deísta, embora alegando o argumento de que Deus, se não existisse, deveria ser inventado para refrear os mais instintos das massas do povo.

Já há algum tempo se esperava o seu ingresso na Arte Real, pois era em Lojas de Franco‑Maçonaria onde as distinções de classes não importavam e a ideologia do Iluminismo era propagada com um desinteressado denodo. Os Maçons, que condenavam todo e qualquer dogmatismo eclesiástico, não obstante aceitar o Grande Arquiteto do Universo, encontravam franca correspondência nos filósofos. A doutrina moral dos Maçons estava completamente de acordo com os princípios das Luzes. A Liberdade, a Igualdade e em seguida a Fraternidade de todos os homens, slogans criados por Antoine‑François Momoro (1756‑1794), que os escrevia nos edifícios públicos, (mas que alguns creditam ao filósofo Louis‑Claude Saint Martins 1743‑1803), eram o brado no interior dos Templos. No devido tempo se tomaram os slogans da Revolução Francesa.

A iniciação de Voltaire prendeu, por muito tempo, as atenções de todo o universo maçônico.


Primeiro encontro de Voltaire com Frederico, o Grande
(Harper’s New Monthly Maganize, n.º XL, 1870).



No dia da sua iniciação, Voltaire beirava os 84 anos. Na cerimônia estavam presentes representantes da Imperatriz Catarina, da Rússia, e do Rei Frederico II, Imperador da Prússia. Havia embaixadores de vários países, como Inglaterra, Itália, e o famoso Benjamim Franklin representando o Novo Mundo, que acompanhou Court de Gebelin, o proponente do candidato para a Loja Neuf Soeurs (Nove Irmãs), ao Oriente de Paris.

A Loja Neuf Soeurs, fundada em 9 de Julho de 1976, era célebre porque quase todos os grandes escritores do Século XVIII fizeram parte dela, como Denis Diderot (1713‑1784) e Jean Le Rond D'Alembert. O ritual ocupava um lugar preponderante nas cerimônias, que eram longas, de uma sábia cronologia, lentas, entrecortadas de homilias morais com laivos de filosofia. Falava‑se de tudo e as suas sessões se prolongavam até tarde da noite.

Era 7 de Abril de 1778. O Templo estava completamente tomado, com vários Irmãos de grande destaque nas ciências, letras, e na política, dentre os quais os príncipes Emmanel Salus e Camille Rohan, o sábio abade Tingue e o doutor Guillotin. O Venerável Mestre era o grande astrônomo Joseph Jerôme Lefrançois de Lalande (1732‑1807). Nessa memorável noite, e com o mais seleto auditório de todos quantos até ali se haviam reunido numa Loja Maçônica de França, Voltaire, pelo braço dos seus proponentes, deu entrada no recinto sob uma chuva de frenéticos aplausos. Sentou‑se numa grande cadeira de espaldar colocada no centro do Templo. Não lhe colocaram vendas nos olhos e nem, tampouco, o submeteram às provas físicas, que a cerimônia exigia. Foi levado em consideração a sua idade provecta de oitenta e quatro anos, apesar do candidato estar em pleno uso de todas as suas faculdades e, ainda, ágil em seus movimentos. A fama de Voltaire contribuiu para isso, e, todo o corpo Maçônico presente se encheu de orgulho.

O próprio Lalande recebeu Voltaire, que, muito emocionado, dissertou sobre a grande honra que estava tendo ao recebê‑lo naquele Augusto Cenáculo, proferindo palavras sacramentais que consagravam o candidato não apenas como um Aprendiz da Arte Real, mas um verdadeiro Mestre na plenitude de todos os direitos Maçônicos, como já o era em todos os ramos do saber humano. Em seguida os embaixadores da Imperatriz Catarina e do Rei Frederico 11 fizeram suas manifestações de júbilo.

O abade Cordier de Saint‑Firmin fez um discurso brilhante: "Queridíssimo Irmão," - diz ele a Voltaire ‑ "éreis Maçom antes mesmo de receberdes a característica, e, haveis preenchido os deveres antes de contrairdes sua obrigação entre nossas mãos!"

Seguiram‑se as de Laplace, Lamarck, e, por último, a de Diderot que falou em nome do espírito moderno da França e que era, afinal, o espírito da própria Enciclopédia.

Quando Voltaire se posicionou para usar da palavra fez‑se silêncio absoluto! Falou de improviso durante duas horas. A torrente das suas palavras, vezes irônicas, outras proféticas, regurgitava como lavas de um vulcão visto de longe, mas sentido de perto pelo calor que transmitia e se desenvolvia na assistência, alertando as consciências e pondo as almas ao rubro. O discurso de Voltaire foi encarado como o mais completo laboratório de ideias inovadoras, e, como a Enciclopédia, minara a rocha do despotismo figurada pelo absolutismo do trono e pela tirania da Igreja. As frases mais candentes eram como setas ervadas que dando volta ao Templo saiam depois em busca dos grandes alvos. A cerimônia se transformou numa brilhante festa Maçônica, onde Voltaire, numa assombrosa velocidade, respondeu à todas as perguntas que lhe foram dirigidas, empolgando todos os presentes.

A iniciação de Voltaire foi o morrão impiedoso que provocou a maior explosão da História da Humanidade.

O segredo da iniciação acabou transpirando e o trono estremecera! Luiz XVI sentira que a presença dos representantes de Catarina e Frederico 11 fora um sintoma arrasador.

Mas, quis o Grande Arquiteto do Universo, que cinquenta e quatro dias da sua Iniciação, Voltaire morresse. O clero romano, através do cura de sua paróquia, recusou‑lhe sepultura cristã; o governo proibiu a imprensa de publicar artigos sobre sua personalidade; os teatros foram proibidos de representar suas obras; e, a Academia não lhe concedeu as merecidas honras. Somente a Loja Neuf Soeurs, transtornada com a intransigência eclesiástica, celebrou uma manifestação pública em que lhe foram prestadas todas as honras fúnebres. Para prevenir qualquer ação da Igreja, seu corpo foi embalsamado e transferido, secretamente, para a abadia de Scellières, na Champanhe. Em 1791 suas cinzas foram transferidas, solenemente, para o Panteão.

Voltaire, a quem podia faltar um sistema de ideias ou uma doutrina política, mas não faltava o senso de justiça, bateu‑se contra vários abusos judiciais que ficaram famosos. Não exerceu, somente, uma espécie de soberania literária, mas reinou, também, sobre a opinião pública de maneira quase absoluta, sendo procurado por todos os que sofriam com a intolerância, o fanatismo e as injustiças sociais. Aliás, acrescente‑se, sua obra, em certo sentido, é menos importante literária ou ideologicamente do que do ponto de vista histórico; por ter escrito o que escreveu no momento em que o escreveu, por ter tido as suas ideias na época em que as teve, é que Voltaire, constitui um dos cimos do pensamento humano e uma das glórias mais indiscutíveis na história da inteligência.

Como filósofo, foi o porta‑voz dos Iluministas, em tomo dos quais se congregaram os adversários do Romantismo, e, como tal, se estendeu até o povo, porém, foi mais admirado do que conhecido. Acima de tudo, entretanto, ele foi um escritor, isto é, um homem cuja biografia é a história dos seus livros, e que fez da palavra escrita o instrumento por excelência da reforma social. Sua personalidade e talento como escritor deram‑lhe uma influência penetrante em seu tempo, frequentemente chamado "época de Voltaire".

Voltaire foi o soberano intelectual do seu século e é uma das maiores personalidades da Humanidade! No dia em que nos esquecermos de honrar Voltaire, não seremos mais dignos da liberdade...

E Voltaire foi um Maçom!


REFERÊNCIAS:

Alencar Renato ‑ Enciclopédia Histórica do Mundo Maçônico.
Boucher, Jules ‑ A Simbólica Maçônica.
Durant Will ‑ A História da Filosofia.
Hobsbawm, Eric J. ‑ A Era das Revoluções ‑ 1789‑1848.
Jacq, Christian ‑ A Franco‑Maçonaria. 
Lima, Adelino Figueiredo ‑ Nos Bastidores do Mistério.
Maurois, André ‑ O Pensamento Vivo de Voltaire. 
Mellor, AJec ‑ Dicionário da Franco‑Maçonaria. 
Russel, Bertrand ‑ Filosofia Moderna. 
Tourret, Fernand ‑ Chaves da Franco‑Maçonaria. 
A Revolução Francesa ‑ Edição lstoé Senhor. 
Dicionário Enciclopédico Brasileiro ‑ Editora Globo. 
Enciclopédia Barsa. 
Grande Enciclopédia Larousse Cultural ‑ Nova Cultural. 
Revista ASTRÉA nº 03 ‑ Março de 1927.


REFERÊNCIA:

FIGUEIREDO, E. O Enciclopedista Voltaire. In Engenho & Arte, n. 7, primavera 2000. Rio de Janeiro: Infinity Editorial e Promocional, 2000, p. 75 - 78.

sábado, 4 de maio de 2013

A ORDEM MAÇÔNICA DE ATHELSTAN




Seu ritual foi baseado na pesquisa de muitos documentos históricos antigos, e na descoberta de antigos rituais da Ordem. Eventualmente, um projeto do ritual foi produzido baseado na vida e simbolismo do rei Athelstan, o neto do rei Alfred, e o primeiro rei de Inglaterra a ser referido como "O rei de todos os Inglêses". A Grande Corte da Ordem de Athelstan havia sido concebida, se ainda não propriamente nascida.

Enquanto o grupo explorava a ideia de criar esta Ordem, foi estimulada a imaginação de maçons tanto antigos quanto novos. Eventualmente ocorreu uma ampliação, na medida em que um boato rapidamente cresceu como "boca a boca" e agora havia se tornado um veículo para muitos maçons eruditos e de ideias e afins se unirem e compartilharem a sua bagagem individual.

Então, o que é a Ordem de Athelstan? A Ordem tornou-se muitas coisas diferentes para muitas pessoas diferentes. Para muitos, ela é histórica e educacional, para outros é rica em simbolismo e um veículo para manter viva uma grande quantia de velhos rituais, para outros é um ambiente onde bons amigos se encontram para compartilhar conhecimento, ideias, a amizade e boa companhia.

No lado prático, é o que gostamos de chamar de um grau "funcional", em outras palavras, ela tem o objetivo de acomodar estilos de vida modernos das pessoas envolvidas, com um baixo custo.

Ela é uma Ordem Maçônica, e, portanto, os candidatos devem membros Regulares da Ordem, bem como serem Companheiros de um Capítulo do Arco Real, em relacionamento pleno com com a Grande Loja Unida da Inglaterra (estes são os requisitos de qualificação). Se um potencial candidato detém essas qualificações necessárias, ele pode ser convidado a nosso Comitê Festivo e ele será muito bem recebido por todos. A intenção é permitir que os irmãos participem do jantar, depois da reunião, como uma forma de apresentá-los à Ordem, sem revelar por ora o ritual e funcionamento da Ordem.

Normalmente, são encorajadas um máximo de três reuniões por ano, duas de trabalho e uma terceira de instalação. Nessa reunião, o cerimonial é de cerca de 40 minutos no total, permitindo uma preleção ou palestra de 20 minutos. Isto é incentivado por meio de um Certificado Anual Provincial e uma apresentação à Grande Corte para o melhor dos melhores trabalhos. Um certo número de outros incentivos foram e continuarão sendo apresentados, como um meio de manter os irmãos interessados.

Ela é como outras cerimônias maçônicas que usam lenda e alegoria para contar uma história e retratar boa conduta ética e comportamento. Na Ordem usamos a lenda da Assembléia de Althelstan em York de 926 como a molduta e ambiente para o nosso trabalho. Nosso objetivo é reavivar a Corte de 926, que foi realizada em York para educar e elevar a qualidade de alvenaria na Inglaterra do século 10 e, ao fazer isso, explorar o desenvolvimento da Ordem ao longo dos séculos, a fim de estimular novos estudos e pesquisas. Como tal, as nossas reuniões são realizadas em uma “Corte’ e nossos candidatos são "Instruídos" como admissão na Ordem.

A Ordem Maçônica de Athelstan retrata a história de um Mestre Maçom chamado a York em 926 para receber as “Old Charges”. Ela segue através de uma série de rituais maravilhosos para explicar muito do Simbolismo antigo que ainda vemos em algumas lojas muito antigas, e culmina com um discurso histórico nos levando através do desenvolvimento das várias Grande Lojas, termina em 1813 com a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra.

Seu Ritual é original... No nível mais básico, é simples, por conta da comunhão que advém de sermos também da Ordem e Maçons do Arco Real, e particularmente este último. Nós estamos bem cientes que o ritual o Arco Real enfatiza a “centralidade do Ser Supremo, no qual todos os maçons têm professado sua crença, em cada aspecto da vida do homem, sem transgredir o terreno já reservado para a Religião”. Importante: ele “leva seus membros a refletirem sobre a existência de Deus, e seu relacionamento para com Ele, independentemente de pertencer a algum sistema de crença religiosa em particular”. Assim, um tal fator unificador já existe, e se torna o pano de fundo para o Ritual da Ordem de Athelstan, bem como sua característica geral.

O conselho privativo de um Eminente Prior lida com a antiga cerimônia da passagem dos véus, e a explicação cabalística dos quatro estandartes do Arco Real. O conselho privativo de um Venerável Mestre ou Grão-Mestre de Maçons Especulativos é baseado na traição de Athelstan pelo príncipe Edwin e o Vigésimo Grau do Rito Antigo e Aceito.

A Ordem do Manto Escarlate é um apêndice à Ordem Maçônica de Athelstan e tem seus próprios Estatutos. Ela foi criada desde o início como uma Ordem em separado voltada a agraciar membros destacados por serviços meritórios que já pertençam à Ordem de Athelstan.

Cavaleiros são instalados ou promovidos em uma cerimônia comemorativa da armadura do próprio Athelstan pelo rei Alfred, o Grande, em torno do ano 898 (a primeira armadura registrada de um cavaleiro na Inglaterra). É dito que Athelstan, ao ser nomeado cavaleiro, lhe teve dado um "manto escarlate e uma espada com um punho de ouro e um manto escarlate adornado com jóias”. Membros envergam as iniciais de Cavaleiro do Manto Escarlate (CMS), Cavaleiro Comandante do Manto Escarlate (CCMS) ou Grã-Cruz do Manto Escarlate (GCMS) após o seu nome e, naturalmente, só podem usar esta distinção no contexto da Ordem Maçônica de Athelstan.

A Ordem é administrada por um Grande Sumo-Chanceler após a sua nomeação pelo Venerabilíssimo Grão-Mestre. Um pequeno número de Grande-Chanceleres são também designados para auxiliar o Grande Sumo-Chanceler. Armaduras ocorrem normalmente no dia da a Assembleia Anual da Ordem Maçônica de Athelstan, sempre precedendo-a, em Outubro/Novembro.

Muito em breve a ordem estará sendo fundada aqui em nosso Pais... E formaremos 4 cortes: uma em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e em Brasília. As demais que já estamos providenciando serão fundadas por essas quatro.

Fraternalmente,
Wagner Veneziani Costa


Tumba do Rei Athelstan (895-939), situada na Abadia de Malmesbury, em Wiltshire.




Encontro anual da Província de Sussex de 2012



A VIDA MÍSTICA




Por Socorro Oliveira - Mestre Artesã
Loja Rosacruz Recife - AMORC


A vida mística não é, de forma nenhuma, superficial, fruto de ilusões ou da imaginação, ou apenas uma maneira de gratificar o ego com suas inúmeras armadilhas. Sobre isto, para reflexão de todos, transcrevemos, abaixo, um trecho do livro "Misticismo - A Suprema Experiência, de autoria do Frater Cecil A. Poole que, por muitos anos, ocupou a função de Supremo Secretário, juntamente com o Frater Ralph M. Lewis, como Imperator. Anexo a esta comunicação, está uma foto do antigo Supremo Conselho; Frater Cecil é o segundo, da esquerda para a direita. Apenas para o conhecimento de todos: o único membro ainda vivo, remanescente desse quadro de Diretores é o Frater Burnam Schaa, o primeiro à esquerda.

"Inúmeros daqueles que foram considerados místicos desistiram de uma vida que lhes parecia demasiado óbvia. Isso foi especialmente verdadeiro no caso de Buda, e até certo ponto, ao que indica, no de Jesus ou de Maomé. Estes indivíduos não se ocuparam de seus desejos pessoais ou vontades no mundo físico; devotaram-se à propagação da mensagem que haviam desenvolvido em consonância com o resultado de sua experiência interior.

“Os místicos trazem ao mundo da experiência comum os ideais que lhes pertenciam no mundo do Eu Interior. Devotam-se a uma vida que exprime a força do poder que existe além de suas habilidades e características físicas e que os tornam capazes de dedicar-se à ideia extremamente importante para eles, desistindo de todos os valores materiais que lhes tenham sido oferecidos. Nesse traço de devoção podemos também identificar muitas outras características da vida mística. Embora seja impossível examiná-las e identificá-las a todas de uma só vez, nós as analisamos como parte de um grande zelo ou determinação que domina a vida inteira.

“Aliado à devoção, encontramos o elemento do sacrifício. Todos os grandes místicos, os mestres que lograram ensinar aos homens como viver, aceitaram a exigência do sacrifício. O sacrifício apresentou-se no caminho de todos aqueles que conseguiram apresentar à espécie humana a sombra da cruz. No que se refere à sua existência mundana, a vida dos místicos muitas vezes terminou pela crucificação, seja no sentido literal, seja no figurado.

“Neles, notamos uma devoção ao ideal que não pertence ao mundo material. Vemos o Amor a um princípio, tão arraigado, que os desconfortos físicos são insuficientes para destruir o amor aos ideais que, não sendo materiais, contêm a chave de uma existência integral. Para esses indivíduos a vida não é apenas a existência física, mas um dom que lhes permite desenvolver a mente e os pensamentos, levando a alma a crescer e integrar-se à Mente Cósmica e à Alma Universal, da qual originariamente faziam parte. Uma vida dessa natureza exemplifica a conquista plena da Consciência Cósmica. Devoção, sacrifício e amor parecem ser qualidades triangulares e as características sobre as quais se construíram os ensinamentos desses mestres.

“Entretanto, eles não viviam em um mundo imaginário, como alguns hoje poderiam pensar. Contemplemos, pois, a existência mundana e efetiva dessas pessoas. Vemos que, apesar de todo o desenvolvimento das características místicas, esses homens, ainda assim, eram seres humanos e racionais. É lícito supor que se encontrássemos hoje um místico o consideraríamos uma pessoa perfeitamente normal. É até mesmo possível que em várias ocasiões, durante nossas vidas, tenhamos encontrado místicos que vivem hoje entre nós, tendo atingido grande compreensão e domínio; mas aqueles que mais se aproximaram da vida de um verdadeiro místico são os que não tentam fazer com que seus companheiros homens conheçam as qualidades ou qualidades superiores do seu desenvolvimento. 

“Certas forças e poderes tornaram-se parte da existência desses indivíduos. Elas não lhes foram dadas como dons, mas são o resultado do esforço, através do conhecimento e da aplicação do seu conhecimento às leis do universo e da natureza. Estas forças tem que ser corretamente orientadas, como o foram no passado por outros místicos, assinalando o caminho para a possível obtenção de um padrão de vida que os reunirá à fonte da qual saíram."

(Misticismo a Suprema Experiência – Cecil A. Poole, F.R.C., p. 49)