A PUREZA – SUTHATTHAKA
SUTTA
“Vejo
um homem puro e perfeito, sua pureza é, sem dúvida, fruto das idéias
filosóficas que possui”. Quem assim raciocina pensa que essas idéias
representam o que há de melhor e acredita que se possa inferir o conhecimento
pelas qualidades manifestadas pelos que o possuem.
Se
alguém pudesse tornar-se puro simplesmente mudando de conceitos, e se pudesse
libertar-se da tristeza e da aflição apenas pelo conhecimento, isto
significaria, então, que alguma outra coisa, além da Nobre Senda de Buda, teria
o poder de purificar o homem e pôr termo ao seu infortúnio. Não é isto, porém,
o que os próprios conceitos estão a demonstrar.
Nenhum
brâmane autêntico acredita que possa ser purificado por outra pessoa,
mostrando-se, por isso mesmo, indiferente ao que vê e ao que ouve, à virtude
convencional, às vitórias pessoais, indiferente ainda aos dogmas pessoais e a
tudo, enfim, que se convencionou chamar bom e mau. Ele se mostra igualmente
livre tanto da ambição de vitórias, quanto da vitória já alcançada.
O
homem, diante de uma coisa, logo em seguida se apega a outra, mas, a despeito
das numerosas mudanças que realize, não consegue encontrar paz. Ele não é
melhor que um macaco que vive a saltar de galho em galho.
São
os sentidos que levam o homem a escravizar-se a uma organização. O sábio,
porém, independendo dos sentidos, por já conhecer os ensinamentos – dhama
– , nunca mais há de se tornar escravo de organização alguma.
Quando
o homem já não mais depende do que vê e do que ouve e passa a confiar integral
e exclusivamente em sua intuição, suas novas opiniões já não mais se
modificarão; nada o impelirá a mudar.
Ele
não estabelece leis, nem faz regras, como também não se apresenta como modelo
de algum ideal, pois é completamente desapegado de tudo.
Ele
não se apega mais a coisa alguma do mundo.
O
brâmane liberto já transcendeu as paixões e não se deixa mais afetar por elas.
Para ele, não há mais norma, nem lei, nem coisa alguma existe que ele possa
chamar de norma, e nada ainda que possa chamar lei.
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