sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

E POR QUE NÃO...?

 


Citado por Georges da Silva e Rita Homenko

 

– Nagasena, aquele que não vai renascer está sujeito às sensações dolorosas?

– Algumas. Outras, não.

– Quais?

– Pode ter sofrimentos físicos. Mentais, não.

– Por quê?

– Não desapareceu a causa. A causa dos sofrimentos físicos não desapareceu, mas extinguiu-se a causa dos sofrimentos mentais. O Bem-Aventurado disse: “Ele só pode ter uma espécie de sensação, a física, não a sensação mental.”

– Se ele sofre, por que não realiza logo a sua extinção pela morte?

Maharaja, o Arahant está livre de apego e de aversão. Os sábios não querem o fruto verde, colhem-no quando está maduro. Sariputra disse: “Não desejo a morte. Não desejo a vida. Aguardo minha hora como o servidor espera o seu salário.” (Milinda Panha II, 20).

 

REFERÊNCIA:
Sensação do Arahant. In: SILVA, Georges da; HOMENKO, Rita. Budismo: psicologia do autoconhecimento (o caminho da correta compreensão). São Paulo: Pensamento, 1982. p. 67.

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

AS DISPUTAS - 3

 
 

A PUREZA – SUTHATTHAKA SUTTA

 

“Vejo um homem puro e perfeito, sua pureza é, sem dúvida, fruto das idéias filosóficas que possui”. Quem assim raciocina pensa que essas idéias representam o que há de melhor e acredita que se possa inferir o conhecimento pelas qualidades manifestadas pelos que o possuem.

Se alguém pudesse tornar-se puro simplesmente mudando de conceitos, e se pudesse libertar-se da tristeza e da aflição apenas pelo conhecimento, isto significaria, então, que alguma outra coisa, além da Nobre Senda de Buda, teria o poder de purificar o homem e pôr termo ao seu infortúnio. Não é isto, porém, o que os próprios conceitos estão a demonstrar.

Nenhum brâmane autêntico acredita que possa ser purificado por outra pessoa, mostrando-se, por isso mesmo, indiferente ao que vê e ao que ouve, à virtude convencional, às vitórias pessoais, indiferente ainda aos dogmas pessoais e a tudo, enfim, que se convencionou chamar bom e mau. Ele se mostra igualmente livre tanto da ambição de vitórias, quanto da vitória já alcançada.

O homem, diante de uma coisa, logo em seguida se apega a outra, mas, a despeito das numerosas mudanças que realize, não consegue encontrar paz. Ele não é melhor que um macaco que vive a saltar de galho em galho.

São os sentidos que levam o homem a escravizar-se a uma organização. O sábio, porém, independendo dos sentidos, por já conhecer os ensinamentos – dhama – , nunca mais há de se tornar escravo de organização alguma.

Quando o homem já não mais depende do que vê e do que ouve e passa a confiar integral e exclusivamente em sua intuição, suas novas opiniões já não mais se modificarão; nada o impelirá a mudar.

Ele não estabelece leis, nem faz regras, como também não se apresenta como modelo de algum ideal, pois é completamente desapegado de tudo.

Ele não se apega mais a coisa alguma do mundo.

O brâmane liberto já transcendeu as paixões e não se deixa mais afetar por elas. Para ele, não há mais norma, nem lei, nem coisa alguma existe que ele possa chamar de norma, e nada ainda que possa chamar lei.

  

REFERÊNCIA: 
BUDA. Dhammapada – caminho da lei; Atthaka – o livro das oitavas. Doutrina budista ortodoxa em versos. Tradução, adaptação, prefácio e notas do Dr. Georges da Silva. 7. ed. São Paulo: Pensamento, 2004. p. 69-70.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

OS MALES DA TRANSPARÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, SOB A ÓTICA DE BYUNG-CHUL HAN

 

 

Por Allyson Pereira de Almeida e João Florindo Batista Segundo


Resumo

 

Este artigo discute a atual hiperexposição dos brasileiros nas redes sociais, buscando analisar os seus efeitos decorrentes. Para tanto, analisa tal conjuntura sob o enfoque teórico do filósofo teuto-coreano Byung-Chul Han em discussão com outras fontes bibliográficas sobre o tema a fim de se estabelecer um diálogo crítico e analítico, tendo em vista o intuito desta pesquisa. A hipótese é que, ressalvadas as características culturais próprias do Brasil, seu povo já vem sofrendo dos mesmos efeitos prejudiciais da transparência que, há décadas, acomete a Europa e a América do Norte. Como resultado, espera-se comprovar o impacto danoso dessas ferramentas em diversos aspectos de nossas vidas cotidianas e, sob o enfoque da Filosofia, propor estratégias para uma convivência saudável com o mundo virtual que, como sabemos, constitui nosso mundo contemporâneo. Outrossim, almeja-se contribuir para o debate em Filosofia da relação pessoa-mundo virtual a nível nacional, a qual também é um novo objeto de estudo de outros ramos do saber.

 

REFERÊNCIA:
ALMEIDA, Allyson Pereira de; BATISTA SEGUNDO, João Florindo. Os males da transparência na sociedade brasileira Contemporânea, sob a ótica de Byung-Chul Han. Problemata: International Journal of Philosohpy. v. 15. n. 3. 2024. p. 74-92. DOI: https://doi.org/10.7443/problemata.v15i3.70860

  

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