Por
Carlos André Cavalcanti
Ao ponto que avança a opção de milhões de
cristãos por movimentos e igrejas calcados na chamada “teologia da
prosperidade”, as narrativas profundas da religião vão sendo pulverizadas e até
esquecidas. Não é uma exclusividade do cristianismo ser uma religião muito
ligada aos poderes do mundo e aos ricos. Contudo, condicionar a salvação pela
capacidade de consumo e ostentação do indivíduo, é algo perigosamente “novo”.
EU
SOU EMPRESA?
A rigor, numa sociedade que tem o displante de
proliferar a noção de que todos os trabalhadores devem ser empresários de si
mesmos, não estranha que uma religião importante adote e esta ideia
propaganista. Propaganda e religião não deviam se misturar. O problema está na
oposição que o fenómeno religioso faz a várias noções ultra neoliberais.
A
CRUZ E O CIFRÃO
A fé empresariada não deixa de ser fé no
coração e na alma de milhões de seguidores. Contudo, para os membros do clero
envolvidos nestes negócios, é preciso
uma disciplina espiritual severa para não se corromper. Não é isto, porém, que
as notícias a respeito nos levam a crer na maioria dos casos. A empresa
religiosa esvazia ou diminui muito a espiritualidade... O dinheiro é uma
energia que pode ser boa, mas quando se origina de uma cobrança no mínimo
afetada e estranha de improváveis dízimos, não parece que terá bom destino.
PARCAS
VITÓRIAS
Da Justiça, nos chegam resultados processuais
que trazem esperança de que um ordenamento maior para a conduta das
instituições religiosas empresariadas com a “teologia da prosperidade” possa,
pelo menos, ser objeto de punições que o Poder Judiciário corroborar. Por outro
lado, permanece a questão dos impostos: por que estas empresas bilionárias não
pagam impostos? Está na hora de superarmos a noção tola de que toda atividade
religiosa é inocente e sem segundos interesses!
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