quinta-feira, 21 de setembro de 2023

TABELA DE PROPOSTA DE REFORMULAÇÃO DOS REGIMES DE IMAGENS DE GILBERT DURAND

 

Por João Florindo Batista Segundo

Com base na proposta da Profª. Maria Thereza de Queiroz Guimarães Strôngoli


MACROIMAGENS

(as faces do tempo)

 

Símbolos teriomórficos

(animalidade angustiante).

 

Fervilhamento: agitação, larvas.

Movimento: rapidez, força.

Mordicância: devorar.

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Símbolos nictomórficos

(escuridão).

 

Noite repleta de trevas

Água estagnada e escura.

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Símbolos catamórficos

(imagens que aludem à queda ou ao pecado).

 

Epifanias do medo, queda como punição, vertigem, sexualização da queda, arquétipo da carne, eufemismo da carne (ventre digestivo e ventre sexual).

O intestino, o esgoto, o labirinto, o inferno intestinal.

Isomorfismo dos símbolos da morte e do tempo devastador.

 

 

REGIME DIURNO

 

Valor: razão.

Símbolos:

Ascensionais (elevação).

Verticalidade: ascensão.

Asa: angelismo.

Soberania: rei, pai, chefe, potência.

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 Espetaculares (purificação, distinção).

 

Luz e Sol: pureza celeste.

Olho-verbo: luz, visão.

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Dieréticos

As armas do herói

As armas espirituais (batismos e purificações).

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Modalidade: heroica/polêmica.

Gesto: ascensional e agressivo para enfrentar o perigo da morte sem recuar.

Tendência afetiva para a imagem e a função do Pai.

REGIME CREPUSCULAR

 

Valor: ora razão, ora emoção.

Símbolos:

Cíclicos

Ciclo lunar, estações do ano e períodos históricos, coincidentia oppositorum.

O caracol, a espiral.

O andrógino.

Drama agrolunar: símbolo ofídico, ouruboros, trocar de pelo, transformação, Kundalinî, serpente fálica.

Progressão: árvore, a cruz e o fogo, o fogo e a fertilidade, o fogo e a sexualidade, complexo de Jessé.

Tecnologia (objetos representativos do tempo): fuso, roca, tecido, corrente, trama.

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Rítmicos

Música, dança e dramatizações.

Fiandeira, isqueiro, a vasilha (baratte).

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Modalidade: sintética/sistêmica.

Gesto: organizado para transformar o medo em silêncio e a morte em renascimento.

Tendência afetiva para a imagem e a função ora do Pai, ora da Mãe.

REGIME NOTURNO

 

Valor: emoção.

Símbolos:

De inversão

Eufemismo e antífrase (queda/descida, abismo/ continente, noite escura, noite iluminada): figuras femininas, profundezas aquática e telúrica, riqueza, fecundidade.

Inversão e dupla negação: eufemização do ventre sexual e do ventre digestivo.

Encaixamento-redobramento: complexo de Jonas e ogro contra Jonas.

Mater (grandes mães), matéria (o vaso e o estômago).

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De intimidade

O túmulo e o repouso (eufemização da morte, antífrase da morte).

Moradia e taça.

Alimento/substância, mel, leite, transubstanciação.

O bosque sagrado, a mandala, a ubiquidade do centro, o recinto

sagrado (quadrado e circular), a crisálida.

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Modalidade: mística/eufemística.

Gesto: assimilador e conciliador, para criar harmonia e barrar o medo da morte.

Tendência afetiva para a imagem da Mãe.

Fonte: BADIA, Denis Domeneghetti. Imaginário e Ação Cultural. Londrina: UEL, 1999. p. 83-94. STRÔNGOLI, Maria Thereza de Queiroz Guimarães. Encontros com Gilbert Durand: cartas, depoimentos e reflexões sobre o imaginário. In: PITTA, Danielle Perin Rocha. Ritmos do imaginário. Recife: UFPE, 2005. p. 169-170. DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 443.



REFERÊNCIA:

SEGUNDO, João Florindo Batista. O trajeto antropológico da imagética pictórica de Jacob Boehme: do Olho das Maravilhas à Imagem Figurativa. 2022. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões – Universidade Federal da Paraíba - UFPB, 2022. p. 37.

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