quinta-feira, 6 de outubro de 2022

TOLKIEN, SOBRE ÁRVORES


 

 

Por J. R. R. Tolkien
  

Há certas coisas e temas, é claro, que me comovem especialmente. As inter-relações entre o “nobre” e o “simples” (ou comum, vulgar), por exemplo. O enobrecimento do ignóbil considero especialmente comovente. Sou (obviamente) muito apaixonado pelas plantas e, acima de tudo, pelas árvores, e sempre fui; e considero os maus-tratos humanos para com elas tão difíceis de se tolerar quanto alguns consideram o maltrato de animais.

                                                                                                           Carta 165.

 

Em todas as minhas obras, tomo o lado das árvores contra todos seus inimigos. Lothlórien é bela porque lá as árvores eram amadas; nos outros lugares as florestas são representadas como que despertando para a consciência delas mesmas. A Floresta Velha era hostil a criaturas de duas pernas por causa de sua lembrança de muitos ferimentos. A Floresta de Fangorn era antiga e bela mas, na época da história, tensa de hostilidade porque estava ameaçada por um inimigo amante das máquinas. A Floresta das Trevas tinha caído no domínio de um Poder que odiava todos os seres vivos, mas foi restaurada à beleza e tornou-se a Grande Floresta Verde antes do final da história.

                                                                                                           Carta 339.

 

Sou de fato um Hobbit (em tudo, exceto no tamanho). Gosto de jardins, de árvores e de terras aráveis não-mecanizadas; fumo um cachimbo e gosto de uma boa comida simples (não-refrigerada), mas detesto a culinária francesa; gosto de, e ainda ouso vestir nestes dias sem brilho, coletes ornamentais.

                                                                                                           Carta 213.

 

Cada árvore possui seu inimigo, poucas possuem um defensor. (Com muita freqüência o ódio é irracional, um medo de qualquer coisa grande e viva e não facilmente domada ou destruída, embora esse ódio possa revestir-se de termos pseudo-racionais.)

                                                                                                           Carta 241.

 
 
REFERÊNCIA
CARPENTER, Humphrey. As Cartas de J. R. R. Tolkien. Gabriel Oliva Brum (trad.). Curitiba: Arte e Letra, 2006.

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