Por Papa
Bento XVI
O
progresso técnico, nomeadamente no campo dos transportes e das comunicações,
tornou a vida do homem mais confortável, mas também mais agitada, às vezes até
desordenada. As cidades são quase sempre ruidosas: nelas raramente há silêncio,
porque um barulho de fundo permanece sempre, nalgumas áreas até de noite. Além
disso, nas últimas décadas o desenvolvimento dos mass media difundiu e
amplificou um fenómeno que já se perfilava nos anos 60: a virtualidade, que
corre o risco de dominar a realidade. Cada vez mais, mesmo sem se dar conta, as
pessoas vivem imersas numa dimensão virtual, por causa de mensagens
audiovisuais que acompanham a sua vida, desde a manhã até à noite. Os mais
jovens, que já nasceram nesta condição, parecem desejar encher com músicas e
imagens cada momento vazio, como se tivessem medo de sentir, precisamente, este
vazio. Trata-se de uma tendência que sempre existiu, especialmente entre os
jovens e nos contextos urbanos mais desenvolvidos, mas hoje ela alcançou um
nível tal, que se chega a falar de mutação antropológica. Algumas pessoas já
não são capazes de permanecer por muito tempo em silêncio e solidão.